18 Outubro 2016
"Quem tem medo da renovação não acredita no Evangelho." Aos opositores de Francisco que identificam em Putin o defensor da cristandade, o arcebispo de Chieti-Vasto, Bruno Forte, aplica as categorias da "cegueira ideológica" e da "nostalgia instrumental".
A reportagem é de Giacomo Galeazzi, publicada no jornal La Stampa, 17-10-2016. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Na pesquisa publicada no último domingo pelo jornal La Stampa, é reconstruída a galáxia anti-Bergoglio, e o presidente da Comissão para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-Religioso da Conferência Episcopal Italiana identifica as "distorções teológicas" da dissidência ao pontífice da misericórdia.
Lefebvrianos, ultraconservadores que evocam cruzadas contra a invasão islâmica, inimigos do Concílio e adversários das aberturas pastorais do papa argentino em torno da comunhão aos divorciados recasados e do diálogo com o governo chinês. Você foi secretário especial no recente Sínodo dos bispos sobre a família: o que mantém unida uma oposição ao pontífice tão diversificada?
O interesse unificador é a manutenção do status quo. O Evangelho é liberdade, renovação, docilidade ao Espírito Santo. Não crer no Evangelho leva a confundir como perigoso subversivo aquele que prega a palavra de Jesus. O medo da renovação esconde o medo do Espírito Santo que guia a Igreja. Mas é um fenômeno que deve ser colocado nas suas dimensões reais. E a lição do Sínodo é útil precisamente a esse respeito.
Refere-se às resistências internas contra a hierarquia eclesiástica?
No início, parecia que a Igreja estava dividida, mas, no fim, houve uma grande maioria no Sínodo. A colegialidade episcopal repudiou as posições extremas de encerramento e de oposição a um debate livre.
O papa também é cobrado por causa da acolhida aos imigrantes?
Diante de uma mudança radical como o fenômeno migratório, uma coisa é uma atitude de compreensível preocupação; outra é a negação ideológica, preconceituosa e antievangélica de qualquer forma de acolhida. As migrações não são apenas uma questão de transferência de pessoas. É justo se perguntar sobre como garantir uma boa integração.
Por que Francisco provoca reações intensas de dissidência?
Contra o papa, coalizam-se fechamento cultural, nostalgias, natureza estática de atitudes ideológicas e políticas. Em vez de se abandonarem a Deus, alas minoritárias se encastelam. Mas é uma operação sem perspectivas.
Chama a sua atenção a exaltação do presidente russo, Vladimir Putin, por parte dos ultratradicionalistas que atacam o Papa Bergoglio?
Não. É a demonstração de que, quando prevalece a cegueira ideológica, tudo se torna instrumental e nos agarramos aos espelhos a fim de sustentar as próprias razões, até alcançar cenários impensáveis. Jesus estende os braços na cruz para abraçar todos. Por isso, rezemos para que os opositores do papa reencontrem serenidade e lucidez para discernir. Só assim eles verão como esse pontificado é um dom providencial.
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Os opositores de Francisco: nostálgicos e contrários à mudança. Entrevista com Bruno Forte - Instituto Humanitas Unisinos - IHU