25 Junho 2015
O instrumento de trabalho para o Sínodo afirma um princípio que, para um cristão, deveria ser óbvio e basilar: o respeito a cada pessoa humana e o compromisso da Igreja para oferecer acompanhamento a todos, em vista da maior integração possível, na verdade e com caridade.
A opinião é de Dom Bruno Forte, arcebispo de Chieti-Vasto e secretário especial do Sínodo, em entrevista a Paolo Rodari, publicada no jornal La Repubblica, 24-06-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis a entrevista.
Fala-se de um Sínodo que se abre aos gays, casais de fato e divorciados em segunda união. É isso?
Tal leitura é falsificante: o Sínodo quer anunciar o valor e a beleza da família em um mundo que – apesar do desejo de família que se percebe particularmente entre os jovens – conhece uma crise generalizada dessa instituição. A família é entendida pelo texto de preparação ao Sínodo no seu significado de sociedade natural fundada sobre o matrimônio, que também é afirmado na Constituição italiana no artigo 29, e, portanto, como uma união estável e fecunda de um homem e de uma mulher.
Essa união, que no sacramento nupcial é consagrada e abençoada pelo Senhor, é preciosa como escola de humanidade, de socialidade, de experiência eclesial e de vida de fé. Sobre as situações que você menciona, o instrumento de trabalho para o Sínodo, recém-publicado, afirma um princípio que, para um cristão, deveria ser óbvio e basilar: o respeito a cada pessoa humana e o compromisso da Igreja para oferecer acompanhamento a todos, em vista da maior integração possível, na verdade e com caridade.
Você acredita que, em todo o caso, se possa chegar a conceder a comunhão aos divorciados em segunda união?
Parece-me que a pergunta assim feita corre o risco de se equivocar sobre as intenções do Sínodo: o desejo é de que essas pessoas sejam respeitadas e acompanhadas com o máximo cuidado e possam ser integradas mediante uma participação responsável e leal na vida da comunidade cristã, sem, no entanto, atacar a mensagem fundamental do valor da instituição familiar e da plena comunhão eclesial.
Qual é, a seu ver, o coração do documento, quais são os seus pontos mais importantes?
Evangelho da família, acompanhamento pastoral para todos e integração: estes me parecem ser os conceitos-chave, que não estão em contraposição entre si. Acima de tudo, predomina a intenção de expressar através do agir da Igreja o rosto da misericórdia com que Deus ama a todos, sem excluir ninguém.
Francisco já se pronunciou nesse trabalho ou não? Quais foram, se houve, as suas indicações?
O trabalho sinodal se move em plena sintonia com o papa, que, além de ter presidido a assembleia extraordinária do Sínodo de outubro passado, também presidiu os conselhos em que foi elaborado o documento preparatório, que é justamente o Instrumentum laboris.
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Sínodo: ''Para que ninguém se sinta excluído.'' Entrevista com Bruno Forte - Instituto Humanitas Unisinos - IHU