08 Março 2019
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Lc 4,1-13 que corresponde ao 1° Domingo de Quaresma, ciclo C, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
As primeiras gerações cristãs interessaram-se muito pelas provações que Jesus teve de superar para permanecer fiel a Deus e viver sempre colaborando no seu projeto de uma vida mais humana e digna para todos. A história das tentações de Jesus não é um episódio isolado, que ocorre num determinado momento e lugar. Lucas adverte-nos que, ao terminar estas tentações, “o diabo partiu até outra oportunidade”. As tentações voltarão à vida de Jesus e dos Seus seguidores.
Portanto, os evangelistas apresentam a história antes de narrar a atividade profética de Jesus. Seus seguidores deverão conhecer bem essas tentações desde o início, porque são as mesmas que terão que superar ao longo dos séculos se não quiserem desviar-se Dele.
Na primeira tentação, fala-se de pão. Jesus resiste a usar Deus para satisfazer sua própria fome: “nem só de pão vive o homem”. A primeira coisa para Jesus é procurar o reino de Deus e sua justiça: que haja pão para todos. É por isso que ele irá um dia, pedir a Deus, mas para alimentar uma multidão faminta.
Também hoje, a nossa tentação é pensar apenas no nosso pão e preocupar-nos exclusivamente com a nossa crise. Desviamo-nos de Jesus quando acreditamos que temos direito de ter tudo, e esquecemos o drama, os medos e os sofrimentos daqueles a quem falta quase tudo.
Na segunda tentação fala-se de poder e glória. Jesus renúncia a tudo isso. Não se prostrará diante do diabo que lhe oferece o império sobre todos os reinos do mundo. Jesus nunca procurará ser servido, mas servir.
Também hoje, desperta em alguns cristãos a tentação de manter, como seja, o poder que teve a Igreja em tempos passados. Nos desviamo de Jesus quando pressionamos as consciências tentando impor à força as nossas crenças. Abrimos o caminho para o reino de Deus quando trabalhamos por um mundo mais compassivo e solidário.
Na terceira tentação, pede-se a Jesus que desça ante o povo, de forma grandiosa, apoiado pelos anjos de Deus. Jesus não se deixará enganar. Mesmo que lhe peçam nunca fará um sinal espetacular do céu. Irá dedicar-se a fazer sinais de bondade para aliviar o sofrimento e as doenças das pessoas.
Desviamos de Jesus quando confundimos a nossa própria ostentação com a glória de Deus. A nossa exibição não revela a grandeza de Deus. Somente uma vida de humilde serviço aos necessitados manifesta e difunde seu amor.
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Não desviar-nos de Jesus - Instituto Humanitas Unisinos - IHU