11 Janeiro 2019
O Batista não permite que as pessoas o confundam com o Messias. Conhece os seus limites e reconhece-os. Há alguém mais forte e decisivo que ele. O único a quem o povo tem de receber. O motivo é claro. O Batista oferece-lhes um batismo de água. Somente Jesus, o Messias, os «batizará com o Espírito Santo e com fogo».
A leitura que a Igreja propõe para este Domingo do Batismo do Senhor é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 3,15-16.21-22. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Na opinião de muitos observadores, o maior problema da Igreja hoje é a «mediocridade espiritual». A Igreja não possui o vigor espiritual de que precisa para enfrentar os desafios do momento presente. Está se tornando cada vez mais óbvio. Precisamos ser batizados por Jesus com seu fogo e o seu Espírito.
Em muitos cristãos, cresce o medo a tudo o que possa levar-nos a uma renovação. Insiste-se muito na continuidade para conservar o passado, mas não nos preocupamos em escutar as chamadas do Espírito para preparar o futuro. Pouco a pouco, estamos ficando cegos para ler os «sinais dos tempos».
Dá-se a primazia a certezas e crenças para fortalecer a fé e conseguir uma maior coesão eclesial face à sociedade moderna, mas, com frequência, não se cultiva a adesão viva a Jesus. Esquecemos que ele é mais forte que todos nós? A doutrina religiosa, quase sempre exposta com categorias pré-modernas, não toca os corações nem converte as nossas vidas.
Abandonada ao alento renovador do Concílio, foi-se apagando a alegria em setores importantes do povo cristão, para dar lugar à resignação. De forma calada mas palpável vai crescendo o descontentamento e a separação entre a instituição eclesial e não poucos cristãos.
É urgente criar o mais rápido possível um clima mais amigável e cordial. Não é qualquer um que pode despertar no povo simples a ilusão perdida. Necessitamos de voltar às raízes da nossa fé. Colocar-nos em contato com o Evangelho. Alimentar-nos das palavras de Jesus que são «espírito e vida».
Dentro de uns anos, as nossas comunidades cristãs serão muito pequenas. Em muitas paróquias já não haverá presbíteros permanentemente. Que importante é cuidar desde agora de um núcleo de crentes em redor do Evangelho. Eles manterão o Espírito de Jesus vivo entre nós. Tudo será mais humilde, mas também mais evangélico.
A nós é-nos pedido para iniciar já essa reação. O melhor que podemos deixar como herança às futuras gerações é um amor novo a Jesus e uma fé mais focada na sua pessoa e no seu projeto. O resto é mais secundário. Se viverem no Espírito de Jesus, encontrarão novos caminhos.
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