11 Mai 2018
Então Jesus disse-lhes: «Vão pelo mundo inteiro e anunciem a Boa Notícia para toda a humanidade. Quem acreditar e for batizado, será salvo. Quem não acreditar, será condenado. Os sinais que acompanharão aqueles que acreditarem são estes: expulsarão demônios em meu nome, falarão novas línguas; se pegarem cobras ou beberem algum veneno, não sofrerão nenhum mal; quando colocarem as mãos sobre os doentes, estes ficarão curados.» Depois de falar com os discípulos, o Senhor Jesus foi levado ao céu, e sentou-se à direita de Deus. Os discípulos então saíram e pregaram por toda a parte. O Senhor os ajudava e, por meio dos sinais que os acompanhavam, provava que o ensinamento deles era verdadeiro.
Leitura do Evangelho de Marcos 16, 15-20 (Corresponde ao Domingo da Ascensão, do ciclo B do Ano Litúrgico).
O comentário é de Ana Maria Casarotti, Missionária de Cristo Ressuscitado.
Neste domingo a Igreja celebra a Festa da Ascensão de Jesus Cristo. Corresponde aos quarenta dias depois da Páscoa que se celebra este Acontecimento narrado por Lucas nos dois livros dirigidos a Teófilo. Na sua origem grega a palavra Teófilo significa amizade, o amigo do Senhor. Por isso nele cada um e cada uma de nós, considerados seus amigos, estamos representados.
É preciso lembrar que a cronologia é só um meio pedagógico para situar os diversos momentos do mistério de Cristo. Como disse Raymond Gravel é um tempo que “podemos qualificar de tempo teológico de transformação e conversão, para enfatizar simplesmente que os discípulos de Jesus precisaram de tempo para tomar consciência de que Jesus morto, não somente partiu (Ascensão), mas que também está vivo e presente de outra maneira (Páscoa) na sua Igreja”. (Disponível em: Ascensão do Senhor: como dizer a Páscoa de outra maneira?)
A Igreja segue a mesma atitude pedagógica e, por isso, separa em diferentes datas para celebrar o Mistério Pascal: paixão, morte e ressurreição de Jesus. Apresenta a contínua presença de Jesus que está com eles e os acompanha continuamente. Uma presença necessária para as comunidades do primeiro século que sofriam diferentes dificuldades, seja pelas perseguições, seja também pela necessidade de acompanhar e fortalecer essas novas comunidades.
Na Festa que se celebra hoje, a Ascensão de Jesus aos Céus, a Liturgia oferece esta perícope que inicia com um envio de Jesus a seus discípulos e discípulas ao mundo inteiro para proclamar o Evangelho: «Vão pelo mundo inteiro e anunciem a Boa Notícia para toda a humanidade. Quem acreditar e for batizado, será salvo. Quem não acreditar, será condenado.
Por isso a tarefa fundamental que Ele nos confia é fazer “discípulos seus” todos os povos. Para isso é preciso viver como Jesus viveu anunciando e levando adiante sua Boa Nova. “Ir pelo mundo inteiro” nos conduz a não deixar nenhuma realidade fora da nossa margem de ação. Nada nem ninguém podem ser discriminados ou considerados não dignos para receber a mensagem de Jesus.
Ter os sentimentos e os pensamentos de Jesus, que ama todas as pessoas, que escolhe especialmente os mais carentes, os mais pobres, aquele “Viver como Jesus viveu”: procurar a liberdade dos escravos modernos. Pessoas da nossa sociedade que não têm nem identidade, os imigrantes que chegam a nossas terras procurando conseguir comida, saúde, educação e trabalho para que seus filhos e filhas possam viver um pouco melhor. Contribuir na construção de um mundo mais humano, onde a distribuição dos bens seja mais justa e mais fraterna.
Como insiste o Papa Francisco “na necessidade de favorecer, de todos os modos, a cultura do encontro, multiplicando as
oportunidades de intercâmbio cultural, documentando e difundindo as boas práticas de integração e desenvolvendo programas voltados a preparar as comunidades locais para os processos de integração”. Papa: Enfrentar atual crise migratória implica «acolher, proteger, promover e integrar»
A Festa que hoje celebramos não nos pode encontrar “olhando o Céu”. Jesus nos convida a sair dessa atitude e participar do seu contínuo movimento. Somos introduzidos nele pela força do Espírito que nos leva a confiar na presença de Jesus no meio de nós e responder a seu chamado nas diferentes situações que se nos apresentem. Às vezes tantas informações negativas geram desânimo e nos levam a pensar que já nada é possível, ou ainda pior: pensar numa mudança é somente um bonito sonho.
Não somos cristãos ou cristãs olhando para o céu, paralisados, sem fazer nada ou considerando que nossa resposta é somente desejar estar com Jesus individualmente, sem nos preocupar com o próximo. Pelo contrário, deixemos que o Espírito nos ensine a escutar a Palavra de Jesus, que nos disse: vão pelo mundo inteiro! Todo mundo tem direito a conhecer e viver a plenitude da Vida que Jesus nos traz, sua liberdade, sua Boa Nova.
Inseridos na sua dinâmica, que é permanecer em contínuo movimento como Ele até na cruz, somos chamados a deixar que Sua Presença nos anime e acompanhe sempre. Ele quer atuar através de nós!
Somos capazes de renunciar aos nossos projetos ou desejos pelo bem dos nossos irmãos e irmãs?
Nesta semana nos preparamos para receber a força do seu Espírito em Pentecostes. Abramos nosso coração e nossa mente para que suas palavras entrem no nosso interior e sua Vida e impulso nos animem.
Ninguém foi ontem,
nem vai hoje,
nem irá amanhã
a Deus
por este mesmo caminho
que eu vou.
Para cada homem e cada mulher,
guarda um raio novo de luz, o Sol;
e um caminho virgem, Deus.
(León Felipe)
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