23 Junho 2017
Naquele tempo, disse Jesus a seus apóstolos: «Não tenham medo deles, pois não há nada de escondido que não venha a ser revelado, e não existe nada de oculto que não venha a ser conhecido. O que digo a vocês na escuridão, repitam à luz do dia, e o que vocês escutam em segredo, proclamem sobre os telhados.
Não tenham medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Pelo contrário, tenham medo daquele que pode arruinar a alma e o corpo no inferno! Não se vendem dois pardais por alguns trocados? No entanto, nenhum deles cai no chão sem o consentimento do Pai de vocês. Quanto a vocês, até os cabelos da cabeça estão todos contados.
Não tenham medo! Vocês valem mais do que muitos pardais. Portanto, todo aquele que der testemunho de mim diante dos homens, também eu darei testemunho dele diante do meu Pai que está no céu. Aquele, porém, que me renegar diante dos homens, eu também o renegarei diante do meu Pai que está no céu».
Leitura do Evangelho segundo Mateus capítulo 10, 26-33. (Correspondente ao 12º Domingo do Tempo Comum, ciclo A do Ano Litúrgico).
O comentário é de Ana Maria Casarotti, Missionária de Cristo Ressuscitado.
A verdade liberta
No texto evangélico que a Igreja oferece para meditar neste 12° domingo do Tempo Comum, aparece uma expressão que se repete várias vezes: não tenham medo!
Situado no contexto da missão, Jesus prediz aos discípulos o que lhes acontecerá como missionários da Boa Nova do Reino. Não ter medo do quê? Por que os coloca de sobreaviso neste aspecto? A quem Jesus se refere quando diz: “não tenham medo deles”?
Lembremos que o grupo majoritário da comunidade a quem é dirigido o Evangelho de Mateus é de origem judaica. Por isso, em várias circunstâncias, apresenta-se Jesus como aquele que não somente conhece a Lei, mas que traz a perfeição da Lei. Isto incomoda os judeus, os quais se presumem como os conhecedores dessa perfeição.
As prioridades de Jesus desestabilizam sua segurança nessa Lei adequada aos seus benefícios, principalmente dos dirigentes que a tenham acomodado no seu próprio privilégio e proveito.
As imagens que aparecem no texto ajudam a entender melhor as palavras de Jesus: “não há nada de escondido que não venha a ser revelado, e não existe nada de oculto que não venha a ser conhecido”.
Aqueles e aquelas que se comprometem com a missão de Jesus devem ser livres para dizer aquilo que é necessário, no momento e no lugar oportuno. O medo do sofrimento, de ser rejeitado, excluído, muitas vezes paralisa e traz ocultação e até silêncio diante de situações que deveriam ser denunciadas.
Jesus deixa claro que nada ficará escondido. A luz é para iluminar, e não para permanecer oculta. Assim explica-se no capítulo terceiro do evangelho de João: “Quem pratica o mal, tem ódio da luz, e não se aproxima da luz, para que suas ações não sejam desmascaradas. Mas, quem age conforme a verdade, se aproxima da luz, para que suas ações sejam vistas” (3,20-21).
Um discípulo-missionário não pode ter medo das adversidades ou dificuldades que podem aparecer ao longo da sua vida. A verdade da Boa Notícia do Reino deve ser anunciada, proclamada com liberdade. Como disse Jesus dirigindo-se aos judeus que acreditaram nele: “a verdade libertará vocês” (João 8,33).
Lembremo-nos dos milhões de cristãos – estima-se que sejam 200 milhões ao redor do mundo – que enfrentam a ameaça da perseguição religiosa.
“Quantas pessoas são perseguidas por causa de sua fé, obrigadas a abandonar suas casas, seus locais de culto, suas terras, seus afetos!”, disse Francisco no vídeo das intenções mensais de oração de março 2017.
“Elas são perseguidas e mortas por serem cristãs”, continua o papa no vídeo O Vídeo do Papa, que mostra três pessoas, de diferentes denominações cristãs: uma católica, uma protestante e uma cristã ortodoxa. “Aqueles que perseguem cristãos não fazem distinção entre as comunidades religiosas”.
Estas pessoas levam até o fim as palavras de Jesus e, apesar das trágicas situações que estão vivendo, não renunciam a sua fé e preferem dar sua vida como testemunho cristão.
Cada um e cada uma podem perguntar-se: quais são os medos que têm neste momento? Há algum grupo de pessoas, realidade sociocultural ou religiosa que nos paralisa?
Somos convidados a entregar esses medos que geram falta de confiança e de esperança. Só assim experimentaremos a liberdade dos filhos de Deus e seremos verdadeiramente discípulos e missionários.
Abramos as portas do nosso coração e de nossa vida ao Senhor e a sua Luz. Que nada fique escondido nem oculto, e seremos verdadeiramente livres.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
A verdade liberta - Instituto Humanitas Unisinos - IHU