18 Setembro 2017
Depois de uma constante diminuição por mais de uma década, a fome no mundo está novamente aumentando. A afirmação é do novo relatório anual da ONU sobre a segurança alimentar e nutrição mundiais, especificando que, no ano passado, ela atingiu 815 milhões de pessoas, 11% da população mundial. Entre as causas, estão sobretudo as guerras e as mudanças climáticas.
A reportagem foi publicada por L’Osservatore Romano, 17-09-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Além disso, muitas formas de desnutrição ameaçam a saúde de milhões de pessoas em todo o mundo. O aumento – 38 milhões de pessoas a mais do que em 2015 – se deveu em grande parte à proliferação de conflitos violentos, mas também às consequências ligadas ao clima, como a seca.
Cerca de 155 milhões de crianças menores de cinco anos – destaca o documento The State of Food Security and Nutrition in the World 2017 – são subdesenvolvidas (muito baixas para a sua idade), enquanto 52 milhões sofrem de descompensação crônica (o peso não é adequado em comparação com a altura).
Essas tendências são uma consequência não só dos conflitos e das mudanças climáticas, mas também das grandes mudanças nos hábitos alimentares e das desacelerações econômicas.
“A fome – observou a Oxfam – não é fruto da falta de comida: produzimos o suficiente para alimentar o mundo. Devemos encontrar soluções reais e definitivas para as causas estruturais da insegurança alimentar. Isso significa pressionar pela resolução pacífica dos conflitos, reduzir drasticamente as emissões de dióxido de carbono e ajudar as comunidades a se adaptarem a um clima em mudança. Também significa investir nas mulheres, que, mais do que os homens, correm o risco de cair nas garras da fome.”
O relatório é a primeira avaliação global da ONU sobre a segurança alimentar e sobre a nutrição, divulgada depois da adoção da Agenda de Desenvolvimento Sustentável de 2030, que visa a acabar com a fome e com todas as formas de desnutrição até 2030 como prioridade política em nível internacional.
“Durante a última década, os conflitos aumentaram dramaticamente e se tornaram mais complexos e de difícil resolução”, declararam, no prefácio comum ao relatório, os responsáveis pelas agências da ONU que o redigiram: a Organização para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Ifad), a Agência para a Infância (UNICEF), o Programa Mundial de Alimentos (PAM) e a Organização Mundial da Saúde (OMS).
“Este é um sinal de alerta que não podemos nos dar ao luxo de ignorar: não acabaremos com a fome e com todas as formas de desnutrição até 2030 se não enfrentarmos todos os fatores que prejudicam a segurança alimentar e a nutrição”, afirmaram os especialistas.
“Para esse fim – acrescentaram – assegurar sociedades pacíficas e inclusivas é uma condição necessária.”
No início deste ano e durante vários meses, a fome atingiu algumas áreas do Sudão do Sul, e existe o risco concreto de que ela possa voltar a atingir o país e outras regiões que são palco do conflito, especialmente no nordeste da Nigéria, na Somália e no Iêmen.
Mesmo áreas não afetadas pelas guerras, mas atingidas por secas ou por inundações ligadas em parte ao fenômeno meteorológico conhecido como El Niño, assim como pela desaceleração econômica global, viram a deterioração da segurança alimentar e da nutrição.
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Mais famintos no mundo. Guerras e mudanças climáticas estão entre as causas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU