02 Dezembro 2016
O desmatamento da Amazônia caminha em direção contrária aos compromissos assumidos pelo Brasil para redução das emissões que causam o aquecimento global. Dados divulgados pelo Instituto de Pesquisa Espacial (Inpe) apontam que a Amazônia perdeu 7.989 km2 de floresta no período de agosto de 2015 a julho de 2016. Um aumento de 29% em relação ao mesmo período de 2015, quando foram identificados 6. 207 km2. Organizações repercutiram os dados e cobraram medidas para impedir o crescimento da degradação florestal.
A reportagem é de Aldrey Riechel, publicada por Amazônia.org, 30-11-2016.
Para Mauro Armelin, diretor executivo da Amigos da Terra – Amazônia Brasileira, “os Estados precisam se conscientizar que o desmatamento é um problema que tem solução e precisam assumir os seus papéis nessa história”. Segundo ele ainda que o governo federal possa vir a alegar que o aumento do desmatamento é de responsabilidade de gestões anteriores, o mesmo não poderia ocorrer com os Estados, principais responsáveis pelas políticas de monitoramento.
“Grande parte da política de combate ao desmatamento é estadual, e não apenas a agenda negativa, a agenda positiva também. Os Estados não podem se furtar de assumirem o número como seus e, não só assumir o número, propor soluções”, afirma.
Na opinião do secretário-executivo do Observatório do Clima, Carlos Rittl “esta é a resposta do setor privado à fragilidade da meta assumida no Acordo de Paris, segundo a qual o país aceita conviver com o desmatamento ilegal na Amazônia até 2030”, afirma. Para ele “se o Brasil estiver comprometido com a estabilização do aquecimento global em 1,5ºC, como afirmou estar, precisará começar a discutir a sério o desmatamento zero na Amazônia e em todos os outros biomas.”
“Agora é lei. Não é mais o I do iNDC (Intended Nationally Determined Contribution)”, explica Armelin usando a própria sigla que representa as intenções de redução das emissões que os países apresentaram para a formulação do Acordo de Paris. O Brasil se comprometeu a cortar 37% de suas emissões até 2025 e 43% até 2030 em relação aos níveis de 2005 e para atingir a meta prometeu acabar com o desmatamento ilegal na Amazônia.
Tasso Azevedo, coordenador do Sistema de Estimativa de Emissão de Gases de Efeito Estufa do OC (SEEG) aponta que “o crescimento do desmatamento em 2016 deve representar um aumento de 130 milhões de toneladas de gás carbônico equivalente nas emissões brasileiras. Isso equivale a tudo que emitiu em 2015 o Estado de São Paulo, o mais populoso do Brasil, ou a duas vezes a emissão total de Portugal”.
Ainda que o Pará tenha sido o Estado que mais desmatou (3. 025 km²), foi o Amazonas que apresentou o maior índice de crescimento. No Estado o aumento foi de 54%, passando de 712 km² para 1099 km2. Acre e o próprio Pará também tiveram crescimentos significativos: 47% e 41%, respectivamente. Somente o Amapá e o Mato Grosso apresentaram redução.
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Aumento do desmatamento da Amazônia compromete meta brasileira de redução das emissões - Instituto Humanitas Unisinos - IHU