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‘Da leveza’

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17 Setembro 2016

"O universo consumista tende a se mostrar como um universo esvaziado de toda gravidade ideológica, de toda dimensão de sentido. O leve, quer seja compreendido no sentido próprio ou no sentido figurado, tornou-se um dos grandes espelhos em que nossa época se reflete", escreve  Gilles Lipovetsky, filósofo e sociólogo, em artigo publicado por Nexo, 14-09-2016.

Eis o artigo.

Nunca vivemos em um mundo material tão leve, fluido e móvel. Nunca a leveza criou tantas expectativas, desejos e obsessões. Nunca ela incentivou tanto o comprar e o vender. Nunca o que Nietzsche escreveu soou tão justo aos nossos ouvidos: “É bom o que é leve; tudo o que é divino se move com pés delicados.”

O leve preenche cada vez mais nosso mundo material e cultural; invadiu nossas práticas comuns e remodelou nosso imaginário. Antes admirado apenas no campo da arte, tornou-se um valor, um ideal, um imperativo nas mais variadas esferas: objetos, corpo, esporte, alimentação, arquitetura, design. Em toda parte se afirma, no coração da era hipermoderna, o culto polimorfo da leveza. Seu campo era circunscrito e periférico: não vemos mais seus limites, pois ele se imiscui em todos os aspectos de nossa vida social e individual, nas “coisas” e nos seres, nos sonhos e nos corpos.

Durante muito tempo, na esfera tecnoeconômica, a prioridade foi dada aos equipamentos pesados. Agora é dada ao ultraleve, à miniaturização, à desmaterialização. O pesado evocava respeito, seriedade e riqueza; o leve, a quinquilharia, a ausência de valor. Este universo não é mais o nosso. Vivemos uma imensa revolução do mundo material, na qual as tecnologias e os mercados remetem muito mais às lógicas do leve do que às do pesado. E esta dinâmica se complementa de uma revolução simbólica, na medida em que o leve, por tanto tempo inferiorizado e desprezado, foi adquirindo um valor positivo. A leveza não está mais associada à falta, mas à mobilidade, ao virtual, ao respeito ao meio ambiente. Este é o tempo da revanche do leve – um leve admirado, desejado, que captura sonhos, mensageiro de enormes prome ssas e também de terríveis ameaças.

A leveza como mundo e como cultura

A leveza não se limita mais a uma agradável fantasia poética. Ela remete ao nosso cotidiano tecnológico, a um universo que se tornou transitório e nômade. “Small is better”: nosso cosmo técnico irresistivelmente miniaturiza-se, torna-se mais leve, desmaterializa-se. Ouvimos qualquer música do mundo em aparelhos leves como o ar. Vemos filmes em tablets com telas sensíveis ao toque que cabem no bolso. Microeletrônica, microrrobótica, microcirurgia, nanotecnologia, o infinitamente pequeno se impõe como a nova fronteira da inovação e do progresso. De agora em diante, a leveza está menos no estilo que nos novos materiais, nas redes digitais, na extrema miniaturização. Passamos da leveza imaginária à leveza do mundo.

A miniaturização e a conquista do minúsculo estão comprometidas em uma corrida hiperbólica. A época vê o nascimento da “engenharia liliputiana”, que manipula os átomos como bem quiser, transforma as propriedades da matéria, cria novos materiais, manipula os genes, funde a matéria viva e a matéria inerte em escala nanométrica. A revolução da leveza não vem do imaginário ficcional: ao investir na esfera submicroscópica, ela inventa um mundo que afeta todos os setores da vida. Uma nova era da leveza começa, e ela coincide com seu momento “high-tech”.

Ao mesmo tempo, para responder aos desafios do esgotamento dos recursos fósseis, do peso da pegada de carbono do aquecimento climático, afirma-se a exigência de uma mudança energética, de uma nova revolução industrial baseada não mais no petróleo e no nuclear, mas nas energias renováveis. Energia eólica, solar, geotérmica, marinha: somos testemunhas da expansão das energias alternativas e do início de uma “economia leve” que, ao mobilizar menos matérias-primas e não se basear mais na exploração intensiva dos recursos naturais, reduz seu impacto sobre o meio ambiente. Esse trabalho representado pela transição energética pode ser qualificado de “hercúleo”. Ele não deixa de ser necessário para preservar o futuro das próximas gerações e para constituir uma civilização do leve-sustentável.

O desejo de leveza se expressa nos campos mais diversos: moda, design, decoração, arquitetura. Da mesma forma, a relação com o corpo vê irromper as paixões pelo aéreo e pela “linha”. Nos ares planam os parapentes e as asas-delta; sobre as ondas, as pistas de neve e o asfalto evoluem corpos aéreos que se entregam aos esportes de deslizamento. E quem, hoje em dia, não sonha em manter o corpo eternamente jovem e esbelto? Os livros de dieta proliferam, os produtos “light” podem ser encontrados nas prateleiras de todos os supermercados, a lipoaspiração torna-se uma prática de massa, as academias de ginástica florescem, as top models apresentam um visual “anoréxico”, as imagens do corpo liso e longilíneo invadem revistas e telas. Nessa cultura, que se tornou lipofóbica, “nada é tão bom quanto a magreza”, declara o ícone da moda, Kate Moss.

A ligação com o imediato, o superficial e o leve não se reduz mais a uma atitude individual em relação à vida ou aos outros.

Ela agora se impõe como modo de funcionamento econômico e de cultura global. Com o capitalismo de hiperconsumo, setores inteiros da vida econômica se veem reestruturados pela lógica frívola da eterna mudança, da inconstância e da sedução. Um funcionamento análogo ao sistema da moda organiza o capitalismo hipermoderno nos mesmos moldes do capitalismo da sedução. “Gadgets’, propagandas divertidas, reality shows e games, música popular e de programas de auditório, espetáculos e animações contínuas: a oposição entre o econômico e o frívolo se embaralhou; nosso princípio de realidade se confunde agora com o princípio de superficialidade. Uni verso da necessidade e universo fútil se entrelaçam, se cruzam, se hibridam: a lógica da leveza não é mais o “outro” da realidade econômica; ela é seu coração.

Vivemos a era do triunfo da leveza tanto no sentido próprio como no figurado do termo. É uma cultura cotidiana de leveza midiática que nos governa, uma vez que o universo do consumo não para de exaltar os referenciais hedonistas e lúdicos. Por meio dos objetos, do lazer, da televisão, da publicidade, difunde-se um clima de diversão permanente e de incentivo para que se “aproveitem” os prazeres imediatos e fáceis. Ao substituir a repressão pela sedução, o dever intransigente pelo hedonismo, a solenidade pelo humor, o universo consumista tende a se mostrar como um universo esvaziado de toda gravidade ideológica, de toda dimensão de sentido. O leve, quer seja compreendido no sentido próprio ou no sentido figurado, tornou-se um dos grandes espelhos em que nossa época se reflete.

Na era hipermoderna, a vida dos indivíduos é marcada pela instabilidade, pois está entregue à mudança perpétua, ao efêmero, ao “mudancismo”.

Não faz muito tempo, as classes populares e as classes superiores se diferenciavam pelos estilos de vida baseados em importantes oposições: o pesado e o “grosseiro” para as classes populares; o leve, o fino e o que tem estilo para as classes superiores. Saímos desse universo de “habitus” díspares, pois, com o desmoronamento das culturas de classe, o pesado e o abundante são desqualificados em todos os grupos; cada um se mostra agora ávido por leveza em matéria de alimentação, aparência pessoal, mobilidade, comunicação e estilo de vida. Todos os grupos sociais integraram em seu imaginário e em várias de suas práticas o valor da leveza. As efetivas maneiras de viver dos diferentes grupos que formam a sociedade não são evidentemente similares, longe disso. Contudo, essas diferenças reais se exibem tendo como fundo uma cult ura que celebra, de cima para baixo da sociedade, o esbelto, a moda, o lazer, a mobilidade, o virtual. O mundo social está clivado, mas as normas da leveza triunfam em todos os níveis.

A utopia da leveza

As transformações da vida coletiva e individual ilustram de outra maneira a tendência ao leve. Em ruptura com a primeira modernidade – rígida, moralista, convencional –, afirma-se uma segunda modernidade de tipo “líquido” (Zygmunt Bauman) e flexível. Na era hipermoderna, a vida dos indivíduos é marcada pela instabilidade, pois está entregue à mudança perpétua, ao efêmero, ao “mudancismo”. As pesadas imposições coletivas deram lugar ao self-service generalizado, à volatilidade das relações e dos engajamentos. Essa é a dinâmica social da hipermodernidade que institui o reino de um individualismo de tipo nômade e zapeador. A individualização extrema da relação com o mundo constitui a principal dinâmica social situada no coração da revolução do leve. A vida sexual é livre, a família e a religião desinstitucionalizadas; os costumes e os indivíduos querem ser cool. Livres nas esferas religiosa, familiar e ideológica, os indivíduos “desligados”, soltos, desapegados funcionam como átomos em estado de flutuação social. Não sem efeitos paradoxais.

Nesse contexto, não esperamos mais uma “terra que mana leite e mel”, não sonhamos mais nem com revolução nem com libertação: sonhamos com leveza. Uns trilham o caminho consumista do “sempre mais” para esquecer ou aliviar seu presente. Outros opõem a leveza “verdadeira” a essa leveza mercantil declarada “falsa” e alienante. Nesse caso, “mudar de vida” significa se livrar dos fardos excessivos que pesam sobre nossas existências, combater a leveza opressiva do consumismo por meio das tecnologias da leveza interior. Esse é o momento do “detox”, mas também da meditação, da ioga, das técnicas de relaxamento, “feng shui”, do bem-estar, em suma, de tudo aquilo que permite “sentir-se bem com o corpo e a cabeça”. Inúmeros são os livros que ambicionam fornecer as chaves para a libertação dos pesos do materialismo avassalador.

Incontáveis são os artigos de revistas que exaltam a simplicidade, a frugalidade, a ideia de destralhar a vida: menos coisas para uma vida interior mais rica, mais equilibrada, mais elevada. Às utopias do desejo, sucederam as expectativas de leveza do corpo e do espírito, de uma vida cotidiana menos estressante, de um presente menos pesado de carregar: viver melhor não se separa mais da leveza de ser. Bem-vindos à era das utopias do menos, das utopias “light”

Da leveza

Gilles Lipovetsky
Apresentação de Juremir Machado da Silva
Tradução de Idalina Lopes
Editora Amarilys
304 páginas
Lançamento previsto para setembro

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