26 Novembro 2011
Milhares de trabalhadores entraram em greve nos últimos dias em fábricas do sul da China por aumentos salariais e melhores condições de trabalho, segundo informaram as respectivas organizações não governamentais de defesa dos direitos dos trabalhadores situadas fora da China continental.
A reportagem é de José Reinoso e está publicada no jornal espanhol El País, 25-11-2011. A tradução é do Cepat.
Cerca de 1.000 trabalhadores da empresa taiwanesa Jingyuan Computer, que fabrica componentes para a Apple, LG e IBM em Shenzhen (província sulista de Guangdong), decidiram parar esta semana, depois que a direção exigiu que fizessem horas extras das 18h até meia noite, segundo informou a China Labor Watch. A organização, com sede em Nova York, garante que centenas de policiais e antidistúrbios foram mobilizados na terça-feira, quando os trabalhadores bloquearam uma estrada como manifestação contra as longas jornadas de trabalho. Os trabalhadores afirmam que já trabalhavam habitualmente entre 100 e 120 horas suplementares ao mês, e que sofreram um alto número de acidentes de trabalho, demissões em massa de trabalhadores maiores e abusos verbais por parte dos encarregados, segundo a mesma fonte. A greve acabou depois que a direção prometeu reduzir o número de horas extras.
Na semana passada, cerca de 7.000 trabalhadores da fábrica também taiwanesa de calçados Yue Cheng, em Dongguan (província de Guangdong), entraram em greve contra os cortes salariais e a demissão, no mês passado, de 18 encarregados, segundo informou a China Labour Bulletin, organização com sede em Hong Kong. A companhia, que fornece seus produtos para marcas como New Balance, Adidas e Nike, disse que foram demitidos devido à diminuição dos pedidos, mas um dos encarregados garantiu que a razão real é que a empresa prevê deslocar a produção para a província de Jiangxi para compensar os crescentes custos trabalhistas na região do delta do rio Perla.
Cerca de 200 trabalhadores da empresa de lingeries de Hong Kong, a Top Form, também em Shenzhen, pararam entre os dias 16 e 22 de novembro em protesto contra os baixos salários e os objetivos "inalcançáveis" de produção, segundo a China Labor Watch.
A onda de greves, em um país em que os sindicatos independentes são proibidos, se dá no momento em que muitas empresas da industrializada província de Guangdong têm que enfrentar uma diminuição da demanda global de seus produtos e a crescente competição das províncias do centro e do oeste do país, que estão se desenvolvendo rapidamente e empregam mão de obra local que antes costumava emigrar. Segundo alguns analistas, trata-se da maior série de protestos de trabalhadores que se produz na China desde aquelas registradas no ano passado em companhias fornecedoras de componentes para as empresas automobilísticas japonesas.
O crescimento econômico chinês, embora continue sendo muito forte, deu sinais de cansaço nos últimos meses. O PIB aumentou 9,1% no terceiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, frente ao aumento de 9,5% no segundo trimestre.
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China. As maiores mobilizações de trabalhadores do último ano - Instituto Humanitas Unisinos - IHU