14 Novembro 2014
É uma construção faraônica, maior que o Palácio de Buckingham, mais amplo que o Kremlin, com o mesmo desenho oval que a Casa Branca. Se chama na verdade, Casa Branca. Ak Saray, como Ak Party, o partido branco (limpo) da companhia islâmico conservadora do presidente Tayyip Erdogan. E o Papa Francisco, em 28 de novembro, poderá ser a primeira personalidade a atravessar o novo Palácio presidencial turco, que há duas semanas substituiu a residência histórica de Ataturk, Chankaya, o Quirinale de Ankara.
A reportagem é de Marco Ansaldo, publicada pelo jornal La Repubblica, 12--11-2014. A tradução é de Ivan Pedro Lazzarotto.
Faltando 15 dias da delicada viagem de Jorge Mário Bergoglio para a Turquia, nasce o primeiro caso, que já está causando embaraço no Vaticano. A Casa Branca turca, de fato, encontra-se em meio a uma tempestade depois de o ministro da economia, Mehmet Simsek, ter entregue ao Parlamento as cifras: aproximadamente 400 milhões de euros, quase 200.000 m², 1.000 quartos. Na Turquia muitos insurgiram porque o edifício foi construído em uma reserva natural, graças a uma medida datada de 2012 violando uma sentença precedente, segundo a qual o projeto contrariava as normas urbanísticas e ambientais.
Ontem, a Ordem dos arquitetos da Turquia, enviou uma carta-apelo para o Papa, alegando uma série de documentos, pedindo que ele boicotasse a cerimônia para “não legitimar a construção, ilícita na base do direito internacional”. Explica à República o editor e blogger Yavuz Baydar: “Para muitos turcos aquele edifício é um símbolo da mais pura ganância, clientelismo e a fama do poder absoluto. Mesmo muitos devotos sunitas estão manifestando o seu desagrado. Metade do eleitorado o considera ilegal. O Papa, que entende os valores da humildade, austeridade e igualdade como promotores dos valores franciscanos, está por visitar este País, que está desnorteado e confuso. Será interessante ver se irá se decidir por visitar, ao menos, o novo ‘Palácio’”.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Apelo ao Papa: “Não visite o Palácio de Erdogan” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU