21 Julho 2018
O Observatório das realidades e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos - ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, participou, nos dias 16 e 19 de julho, da Semana Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho - SIPAT da Unisinos. A participação aconteceu no campus de Porto Alegre e São Leopoldo.
Esta participação deve-se à história e às ações desenvolvidas pelo Observatório. Desde a sua criação, o ObservaSinos tem como foco a investigação e ação do mundo do trabalho e dos trabalhadores, que é também uma das cinco grandes áreas orientadoras do IHU. Desde o mês de maio, quando completou dez anos de existência, o Observatório está realizando uma série de ações para memorar o seu trabalho de sistematização, análise e publicização de dados sobre as realidades do Vale do Sinos.
Uma destas ações é o Especial do Trabalho Vale do Sinos. A série histórica do ObservaSinos está abordando grandes temas sobre o trabalho, inclusive os acidentes de trabalho, entre os anos de 2003 e 2016, período de grande movimentação e transição econômica, política e social no Brasil. Os dados do Especial são reunidos a partir da base de dados da Relação Anual de Informações Sociais - Rais e do Cadastro Geral dos Empregados e Desempregados - Caged, do Ministério do Trabalho.
Confira as principais informações apresentadas pelo ObservaSinos na SIPAT:
Uma das primeiras constatações do Especial do Trabalho no Vale do Sinos foi o aumento da participação das mulheres, que cresceu em mais de 40%, passando de 113.366 em 2003 para 159.544 em 2016. Em relação à geração, contatou-se que os jovens representavam 39,7% dos empregados em 2003, já em 2016 esse percentual passou para 30,4%. A participação daqueles que estão na faixa etária acima de 50 anos dobrou. Em 2003 era de 8,7%, passando a ser de 17,21% no ano de 2016.
Os dados da Rais mostraram que mais de 65% dos trabalhadores não haviam completado o ensino médio em 2003. Em 2016, a realidade mudou, já que mais de 61% tinham ensino médio completo, superior incompleto e superior completo. A participação de trabalhadores ganhando na base da pirâmide também aumentou. Aqueles que ganhavam entre 0,5 e 1,5 salários mínimos em 2003 representavam 12%, passando a representar 30% no ano de 2016.
Em meio à maior escolarização dos trabalhadores do Vale do Sinos, o número de estabelecimentos também aumentou, de 23.518 para 32.839, ou seja, uma variação de 39,6%. Os setores de comércio e serviços representavam 73% dos estabelecimentos em 2016, sendo que o primeiro aumentou em 37% entre 2003 e 2016 e o segundo, em 50,1% no mesmo período.
Em 2003, havia uma forte presença de ocupações relacionadas à produção de calçados. Em 2016, a profissão que teve mais trabalhadores foi a de vendedor do comércio varejista. A maioria das profissões que cresceram na região estão ligadas ao comércio e serviços, como armazenista, assistente administrativo e técnico de enfermagem. As profissões que perderam espaço estão ligadas à indústria de calçados, como preparador de calçados, acabador de calçados e trabalhador polivalente da confecção de calçados.
Em 2003 no Vale do Sinos, foram registrados 5.237 acidentes de trabalho, 18 em cada mil trabalhadores sofreram um acidente de trabalho no ano. Em 2016, a taxa de acidentes foi de 15 a cada mil trabalhadores, totalizando 5.346 acidentes de trabalho na região. Ou seja, foram em média 14 acidentes de trabalho por dia no ano de 2016.
Os dados mostram que 62,3% dos acidentes de trabalho da região foram registrados nos municípios de Novo Hamburgo, São Leopoldo e Canoas. Os três municípios totalizaram 55.198 acidentes no período de 13 anos. Os municípios com as maiores taxas de acidentes no ano de 2016 foram: Esteio, Sapucaia do Sul e Dois Irmãos. E os que tiveram as menores taxas de acidentes no ano de 2016 foram: Nova Hartz, Campo Bom e Sapiranga.
Os acidentes de trabalho foram, em sua maioria, decorrentes de três tipos de lesões: corte, laceração, ferida contusa e punctura (25%); fratura (21%), contusão e esmagamento (20%). As atividades de atendimento hospitalar foram as que tiveram maior ocorrência, (12,9%) e comércio varejista de mercadorias em geral teve 6,2% dos acidentes.
Na região, 91,8% dos estabelecimentos de trabalho possuem 19 empregados ou menos. Quando isso ocorre, a empresa não é obrigada a ter Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA, representação dos trabalhadores que tem o compromisso na prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho.
As próximas edições do Especial do Trabalho Vale do Sinos tematizarão trabalhadores com deficiência e cor/raça no mercado de trabalho.
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ObservaSinos apresenta dados sobre saúde do trabalhador na SIPAT da Unisinos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU