22 Novembro 2015
"Lutero é símbolo de uma reforma que deu certo. Esse espírito reformador deve ser revisitado para que haja evolução luterana, católica, de outras religiões e da filosofia", destaca o filósofo.
Imagem: pensamentollivre.files.wordpress.com |
Na entrevista, concedida por e-mail à IHU On-Line, ele mergulha no pensamento da Reforma Protestante e seus reflexos nos séculos XIX e XX sob os dois aspectos. Entretanto, deixa claro que a Reforma Luterana não foi algo que rompeu abruptamente com um modelo. “Lutero representa, no fundo, a reforma que deu ‘certo’”, pontua. “Penso que foram inúmeras as reformas que deram ‘errado’ e antecederam a Lutero. Ele recebeu um legado de séculos. Carrega consigo — com todos os méritos, é bom que se diga — séculos de pessoas que sempre quiseram reformar a sua Igreja. Essa é a grande atualidade da Reforma: sua presença na história e seu dinamismo”, completa.
Assim, hoje, na pós-modernidade, Marcio faz um convite para voltarmos o olhar não somente para Lutero e os rompimentos propostos pela Reforma, mas também para sua processualidade. É quando as perspectivas teológicas e filosóficas são atualizadas, numa espécie de evolução do pensamento, como se olhassem para as outras através de si e vice-versa, num primado de inter-religiosidade e multiplicidade filosófica. “Acho que o protestantismo pode ensinar o catolicismo a se reformar e, quem sabe, o protestantismo, depois de tantos séculos, volte a se reformar novamente olhando o catolicismo”, destaca. Para o professor, vivemos um momento especial para isso, em função da figura do Papa Francisco. Ele vê o pontífice como provocador, que põe as duas grandes vertentes cristãs num momento muito particular de diálogo. “Nosso colega de América do Sul faz, depois de alguns anos de inverno na cúpula da Igreja Católica, um belo discurso de recuperação dos valores evangélicos e dos valores do Concílio do Vaticano II”, conclui.
Marcio Gimenes de Paula possui graduação em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas – Unicamp e em Teologia pelo Seminário Teológico Presbiteriano Independente. É mestre e doutor em Filosofia pela Unicamp. Atua como professor do departamento de Filosofia da Universidade de Brasília. Também é membro colaborador e pesquisador do Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa (integrado em projeto de investigação sobre Filosofia da Ação e Valores e em projeto de tradução das obras de Kierkegaard), e membro da Sociedade Brasileira de Estudos de Kierkegaard - Sobreski, da Associação Brasileira de Filosofia da Religião.
Confira a entrevista.
IHU On-Line - Pensando na Reforma Protestante [1] e considerando ainda o século XIX, o que é o cristianismo alemão e quais são suas raízes fundamentais?
Foto: brasilia.academia.edu
Marcio Gimenes de Paula - O cristianismo é, na verdade, um conjunto complexo que, talvez, podemos dividir num período anterior e num período posterior ao evento da Reforma. Contudo, se o nosso horizonte conceitual é o século XIX, penso que uma abordagem significativa é aquela apresentada por Heine [2] na sua obra Contribuição à História da Religião e da Filosofia na Alemanha [3]. Ali, com maestria, o autor apresenta, notadamente para um público francês que não conhece bem a religião e a filosofia dos alemães, a peculiaridade do cristianismo (e da filosofia) produzida naquele país.
No entender dele, o cristianismo alemão, inclusive aquele que antecede Lutero [4], é fortemente marcado por uma herança espiritual, subjetiva, espelha as angústias do homem diante de Deus, a crise em estar nesse mundo cumprindo sua missão e sempre questionando se está fazendo isso de modo adequado ou não. Sempre há um problema ético, um grande dilema moral. No fundo, a grande herança do cristianismo alemão será sempre esta crise de consciência, que é, na verdade, de fundo agostiniano. Por isso, não fortuitamente, se fizermos uma pesquisa, veremos que Santo Agostinho [5] é talvez um autor muito citado tanto por Lutero como por Calvino [6]. Ainda mais forte do que isso: Feuerbach [7], crítico do cristianismo do século XIX, sempre cita Agostinho e suas interpretações. A mesma coisa é feita por Kierkegaard [8] que, mesmo não sendo alemão (e sim dinamarquês) opera dentro desse mesmo horizonte conceitual e, por isso, sua filosofia não deixa de espelhar certa tentativa de recuperar os valores agostinianos no século XIX.
IHU On-Line - O caracteriza o pensamento pós-hegeliano, sobretudo aquele de Feuerbach, Kierkegaard e Nietzsche [9]?
Marcio Gimenes de Paula - Saiu no Brasil, no final de 2014, uma excelente tradução de uma obra clássica para entendermos o problema dos pós-hegelianos e, em especial, desses três grandes autores. Refiro-me aqui a De Hegel a Nietzsche [10], de Karl Löwith [11]. Ali, com imensa propriedade, esse filósofo, que merece ser mais bem estudado no Brasil, avalia que o que caracteriza o pensamento pós-hegeliano são três características: a) são autores que partem do tema religioso ou do universo teológico, muitos deles, protestantes; b) são autores que transitam pela literatura; c) são autores que chegam até a política, isto é, tomam a política como um “céu” possível de ser alcançado pela ação dos homens.
Evidentemente, nem todos os autores tratados por Löwith completariam os três passos do mesmo modo ou, talvez, alguns, inclusive, deixaram o caminho um pouco incompleto. Enfim, penso que vale a pena pensar nos pós-hegelianos com o desafio proposto por Löwith.
“No fundo, a grande herança do cristianismo alemão será sempre esta crise de consciência, que é, na verdade, de fundo agostiniano” |
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IHU On-Line - Quais são as críticas fundamentais que esses filósofos endereçam ao cristianismo?
Marcio Gimenes de Paula - O pensamento de Feuerbach é marcado por uma forte ambiguidade. Ao mesmo tempo em que é uma recusa do cristianismo e uma denúncia da sua fraqueza, ele é, de igual modo, uma busca pelos seus valores mais autênticos. Isto é, ele é uma denúncia de que o cristianismo do século XIX, no fundo, deturpou muito dos valores originários da fé cristã.
Por isso, não fortuitamente, muitos teólogos, incluindo aqui Kierkegaard, serão leitores atentos de Feuerbach. Karl Barth [12], o célebre teólogo protestante, já no século XX escreverá um belo trabalho sobre Feuerbach e percebe no seu pensamento um importante aspecto de crítica ao cristianismo que ajudaria, no seu entender, os próprios cristãos a realizarem uma reforma no seu cristianismo deturpado.
Penso que vale muito a pena refletir sobre isso, isto é, ver Feuerbach não apenas como “inimigo” do cristianismo, mas pensá-lo no horizonte de uma crítica do cristianismo. Tal crítica será fundamental para inúmeras correntes teológicas do século XX, incluindo até mesmo a Teologia da Libertação [13] feita na América Latina.
Já o pensamento de Kierkegaard, esse autor por vezes tão enigmático que flerta com a literatura, com a psicologia, “meio filósofo” e “meio teólogo”, certamente merece um estudo aprofundado. Penso que uma pista significativa talvez possa ser encontrada num lindo texto escrito por Hannah Arendt [14] sobre Kierkegaard. Ali a filósofa diz que “ser radicalmente religioso em tal mundo significa estar sozinho não só no sentido em que a pessoa se posta diante de Deus, mas também no sentido de que ninguém mais se posta diante de Deus” [15]. No entender dela, Kierkegaard vive o desafio de ser religioso num mundo totalmente secularizado oriundo do Iluminismo.
Assim, penso que o grande desafio ao qual ele responde é que o cristianismo não é mais uma questão de “geografia”, onde todos nascemos (e morremos) cristãos por pertencermos a um país que é oficialmente cristão, mas antes aponta para o verdadeiro desafio de ser cristão num mundo onde não parece mais fazer sentido ser cristão. É, na verdade, uma posição de existência. Talvez, nesse sentido, se possa dizer que Kierkegaard é “existencialista”. Penso que isso vale mais do que um rótulo de um manual qualquer de filosofia.
Nietzsche
Por fim, a crítica nietzschiana, talvez a mais comentada do século XX, mas não sei se a mais bem conhecida, é outra crítica que não pode ser entendida, segundo penso, sem uma análise consistente da teologia. Afinal, Nietzsche flerta com temas teológicos. Com isso não quero dizer que ele era cristão ou coisa parecida, mas gostaria de chamar atenção para o fato de que toda sua crítica não é compreendida sem o cristianismo. Os nomes dos livros, o uso de referências bíblicas nas passagens, a afirmação de uma moral diferente daquela defendida pelo cristianismo. Para tudo isso ser feito, é preciso de muito cristianismo. Um bom exercício para perceber isso é, talvez, ler obras como o Anticristo [16] a partir de tais indagações.
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“O modo alemão de pensar a modernidade filosófica passa, sem sombra de dúvida, por Lutero” |
IHU On-Line - Qual é a peculiaridade da crítica destinada ao Protestantismo, em específico?
Marcio Gimenes de Paula - Curiosamente Feuerbach, mesmo com todas as críticas ao protestantismo que faz, enxerga a si mesmo como uma espécie de Lutero segundo, isto é, alguém que estava realizando na filosofia uma Reforma tal como Lutero havia feito na teologia. Para o pensador alemão, o protestantismo mostraria, com mais clareza que o catolicismo, um mundo onde as coisas já podem ser explicadas ao modo de uma teologia racional e, por isso, o próprio Deus poderia se tornar dispensável. Notemos que tal pista, guardadas as devidas distâncias, não deixa de dialogar com as teses de Max Weber [17].
Kierkegaard, vivendo num ambiente protestante dinamarquês, vê em Lutero um desafio, mas, ao mesmo tempo, vê na Igreja Luterana, ou ao menos numa fração dela, uma traição aos ideais mais nobres do cristianismo. Penso que, além da imensa obra kierkegaardiana que deve ser examinada para perceber a afinidade e a crítica a Lutero, há um exemplo cinematográfico para quem quer entender a crítica kierkegaardiana: o filme Luz de Inverno [18], do sueco Bergman [19]. Ali, na trama de um pastor desiludido com o seu tempo e cumprindo apenas os rituais da burocracia, nota-se muito da crítica kierkegaardiana. Vale a pena conferir.
Por fim, alguns estudiosos de Nietzsche nos dias de hoje chegam a dizer que muito da crítica de Nietzsche endereçada a São Paulo é, no fundo, uma crítica a Lutero. Assim, o pensador teria atribuído ao reformador tanto peso que, em virtude disso, teria tecido muitas de suas críticas à teologia paulina. Talvez a crítica mais vigorosa que podemos notar é aquela em que Nietzsche parece ir apontando aos poucos um caráter doentio no cristianismo paulino e luterano. Assim, ao mesmo tempo que afirma tal crítica, tenta exaltar, por exemplo, um cristianismo como aquele oriundo da Renascença católica, onde há mais vida, mais festa, mais apego aos valores daquilo que era humano, demasiadamente humano.
IHU On-Line - Em que sentido se pode falar na filosofia alemã como herdeira da reforma de Lutero?
Marcio Gimenes de Paula - Nietzsche diz, reafirmando uma posição de Heine [20], que Lutero teria sido o primeiro pensador dos alemães. Tal tese não é desprovida de sentido. O modo alemão de pensar a modernidade filosófica passa, sem sombra de dúvida, por Lutero. A ênfase na subjetividade, tomada por sua vez de uma ênfase luterana em Agostinho, será fundamental para muitos dos temas da filosofia alemã. Assim, se pensamos em autores como Kant [21], Hegel [22], Fichte [23], Schelling [24], por exemplo, não deixamos de ver a presença de Lutero e da sua teologia. Há quem diga, inclusive, que a ética e a moral de Kant, por exemplo, não podem ser compreendidas sem Lutero. Lembremos que uma das razões da rejeição de Schopenhauer à moral kantiana residia exatamente no fato de tomá-la como muito religiosa. Mais do que isso: ela soava como protestante.
IHU On-Line - Nesse sentido, que ressonâncias do protestantismo se apresentam na ética e na política do século XIX?
Marcio Gimenes de Paula - A ética e a política do século XIX, especialmente em contexto alemão, são impensáveis sem os ideais da Reforma Protestante. Há quem diga que o professor de ética que conhecemos atualmente é um sacerdote sem igreja e sem fé, mas com muitos preceitos morais. Isso parece apontar uma coisa muito importante: a ética e a política dos séculos XIX e XX são de matriz teológica. Acaba ultrapassando o teológico e tenta construir, com as próprias mãos, um céu possível e realizável pelos homens. Nesse sentido, a política seria a transfiguração de um sonho teológico. Tal tese é explorada com maestria por Karl Löwith na sua bela obra O Sentido da História . Ali percebemos, na história secularizada, todos os temas da tradição teológica.
“Lutero representa, no fundo, a reforma que deu ‘certo’” |
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IHU On-Line - Em outra entrevista concedida à IHU On-Line , você afirma que além de um monge ressentido, como Nietzsche classificava Lutero em O Anticristo, o reformador era “um tipo psicológico interessante”. Quais são os impactos dessa caracterização na divisão da história da cristandade ocidental e, também, na formação da filosofia alemã?
Marcio Gimenes de Paula - Nietzsche gostava de trabalhar com a ideia de tipos psicológicos. Para ele, tais figuras espelhavam, como poucas, uma época e seus ideais. Nesse sentido, Lutero seria um tipo psicológico, isto é, representava, com singular energia, um tipo particular de religião desenvolvida na Alemanha, representava um tipo de compromisso com Deus que, por sua vez, se desenvolveria em boa parte do Ocidente cristão dali em diante. Assim, o modo de fazer teologia passa a ser, especialmente em contexto alemão, o modo também de se fazer filosofia. Por isso, caberia talvez lembrar uma outra célebre sentença de Nietzsche no Anticristo. No seu entender, o sangue dos filósofos alemães está indissociavelmente unido ao sangue dos teólogos. Penso que essa é uma pista que merece maior cuidado e investigação.
IHU On-Line - Como é possível compreendermos o projeto de Nietzsche de atacar a modernidade em seu cerne e, portanto, atingir Lutero?
Márcio Gimenes de Paula - Essa me parece uma questão muito complexa. É certo que Nietzsche ataca a modernidade. Contudo, ele mesmo não deixa de fazer parte do seu projeto, isto é, ele é um filho da modernidade filosófica alemã, dessa modernidade típica que começa na Reforma e chega até os pós-hegelianos do século XIX. O que talvez seja importante pensar é qual cristianismo Nietzsche atinge com sua crítica a Lutero. Para isso, penso que nos ajuda uma reflexão feita por Cassirer [28] na sua obra Filosofia do Iluminismo [29]. Ali o pensador aponta uma diferença crucial entre a Renascença e a Reforma. Para Cassirer, a Reforma enfatiza, e tem como seu ponto de partida, o conceito de pecado e, portanto, molda toda a sua moral a partir disso. Já a Renascença, ainda que não abandone em momento algum o conceito de pecado, parece diminuir a sua força e, com alguma ênfase, parece produzir uma religião mais humanizada, ligada ao artístico, ao estético, ao mundo presente.
Tal tese é muito longa e certamente mereceria um maior cuidado. Assim, de muito simplório, podemos dizer aqui que Nietzsche abraça a Renascença, ficando mais próximo de um ideal renascentista, que, por sua vez, parecia mais grego. Assim, mais distante do pecado, parece atingir o coração da modernidade, visto que tudo o que vem depois do cristianismo é ainda baseado nesse ideal: democracia, política etc. Não é um assunto simples, mas é, sem dúvida, fascinante.
IHU On-Line - Ao completar 500 anos da Reforma Luterana, qual é a atualidade do debate crítico acerca do legado de Lutero?
Marcio Gimenes de Paula - Lutero representa, no fundo, a reforma que deu “certo”. O que isso quer dizer? Penso que foram inúmeras as reformas que deram “errado” e antecederam a Lutero. O que quer dizer reforma certa e reforma errada? Por exemplo, antes de Lutero não podemos nos esquecer de personagens como, por exemplo, João Huss [30], que ao tentar defender suas ideias reformadoras num Concílio é levado à morte. Assim, Lutero é mais do que apenas um homem. Ele recebeu um legado de séculos. Carrega consigo — com todos os méritos, é bom que se diga — séculos de pessoas que sempre quiseram reformar a sua Igreja. Essa é a grande atualidade da Reforma: sua presença na história e seu dinamismo. Assim, mais do que olhar para Lutero, vale olhar para seus antecedentes e para o que se afirma depois dele. É o primeiro cisma do Ocidente que consegue avançar. Isso não é pouca coisa. Heine dizia que a responsabilidade de Lutero é imensa e que Deus deve saber em que ombro havia confiado tão grande missão. Isso é um gracejo. Que vale para sorrir e para pensar.
“Nosso colega de América do Sul faz, depois de alguns anos de inverno na cúpula da Igreja Católica, um belo discurso de recuperação dos valores evangélicos e dos valores do Concílio do Vaticano II” |
IHU On-Line - Quais são os sinais de diálogo ecumênico que se apresentam, passados cinco séculos da Reforma?
Marcio Gimenes de Paula - Eu, do ponto de vista pessoal, vejo com muita alegria um Papa como o atual. Nosso colega de América do Sul faz, depois de alguns anos de inverno na cúpula da Igreja Católica, um belo discurso de recuperação dos valores evangélicos e dos valores do Concílio do Vaticano II [31]. O que isso quer dizer? Isso aponta claramente, segundo minha avaliação, para um paradigma ecumênico, amplo, aberto. Acho que vivemos, num mundo corroído de fundamentalismos, um tempo tão bonito quanto foi o pontificado de João XXIII [32]. Acho que o protestantismo pode ensinar o catolicismo a se reformar e, quem sabe, o protestantismo, depois de tantos séculos, volte a se reformar novamente olhando o catolicismo, pelo menos esse do Papa Francisco. A igreja é reformada exatamente por poder se reformar sempre.
IHU On-Line - Gostaria de acrescentar algum aspecto não questionado?
Marcio Gimenes de Paula - Queria lembrar aqui um caso curioso do século XX que foi magistralmente exposto por Hannah Arendt. Refiro-me aqui ao caso da banalidade do mal exposto na obra, que no fundo é uma reportagem, Eichmann em Jerusalém [33]. Ali, Eichmann, um criminoso nazista de Guerra, é capturado e levado a julgamento. Ao se apresentar no tribunal, o ex-oficial da polícia de Hitler [34], ao contrário de ser o monstro que todos esperavam ver, afirma três coisas: a) sou cumpridor do meu dever, ou seja, apenas fazia aquilo que me ordenavam os meus superiores; b) sou cristão e luterano; c) sou, do ponto de vista moral, um kantiano.
O que isso parece apontar? Aponta para uma ética produzida por um dado tipo de protestantismo, isto é, a ética do cumprimento do seu dever e, nesse sentido, Kant e os Evangelhos podem estar muito mais próximos do que se pode imaginar. Essa é uma possível interpretação. Contudo, no mesmo século XX, servindo o mesmo protestantismo, temos o exemplo tão notável de uma figura como a de Albert Schweitzer [35], médico, teólogo, músico. Um missionário apaixonado que, nas primeiras décadas do século XX, foi capaz de entender o quanto a colonização europeia foi atroz com a África e, despojando-se do seu próprio ambiente cultural, serve nas selvas africanas construindo hospitais e igrejas. Enfim, valeria pensar que o ser protestante pode ser muito diverso e, no século XX, ele assume inúmeras facetas. Ainda bem.
Por Márcia Junges e João Vitor Santos
*Entrevista publicada originalmente na Revista IHU On-Line, Edição 477, de 16-11-2015.
Notas:
[1] Reforma Protestante: movimento reformista cristão liderado por Martinho Lutero, autor das 95 teses pregadas na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, na Alemanha, em 31 de outubro de 1517, propondo uma reforma na doutrina do catolicismo romano. Lutero foi apoiado por vários religiosos e governantes europeus. Em resposta, a Igreja Católica Romana implementou a Contra-Reforma ou Reforma Católica, iniciada no Concílio de Trento. Em decorrência destes fatos, ocorreu a divisão da chamada Igreja do Ocidente entre os católicos romanos e os protestantes. (Nota da IHU On-Line)
[2] Heinrich Heine [Christian Johann Heinrich Heine] (1797-1856): poeta romântico alemão, conhecido como “o último dos românticos.” Boa parte de sua poesia lírica, especialmente a sua obra de juventude, foi musicada por vários compositores notáveis como Robert Schumann, Franz Schubert, Felix Mendelssohn, Brahms, Hugo Wolf, Richard Wagner e, já no século XX, por Hans Werner Henze e Lord Berners. (Nota da IHU On-Line)
[3] São Paulo: Iluminuras, 1991. (Nota da IHU On-Line)
[4] Martinho Lutero (1483-1546): teólogo alemão, considerado o pai espiritual da Reforma Protestante. Foi o autor da primeira tradução da Bíblia para o alemão. Além da qualidade da tradução, foi amplamente divulgada em decorrência da sua difusão por meio da imprensa, desenvolvida por Gutemberg em 1453. Sobre Lutero, confira a edição 280 da IHU On-Line, de 03-11-2008, intitulada Reformador da Teologia, da igreja e criador da língua alemã. O material está disponível para download em http://bit.ly/ihuon280. (Nota da IHU On-Line)
[5] Santo Agostinho (Aurélio Agostinho, 354-430): bispo, escritor, teólogo, filósofo foi uma das figuras mais importantes no desenvolvimento do cristianismo no Ocidente. Ele foi influenciado pelo neoplatonismo de Plotino e criou os conceitos de pecado original e guerra justa. (Nota da IHU On-Line)
[6] João Calvino (1509-1564): teólogo cristão francês, teve uma influência muito grande durante a Reforma Protestante e que continua até hoje. Portanto, a forma de Protestantismo que ele ensinou e viveu é conhecida por alguns pelo nome Calvinismo, embora o próprio Calvino tivesse repudiado contundentemente este apelido. Esta variante do Protestantismo viria a ser bem-sucedida em países como a Suíça (país de origem), Países Baixos, África do Sul (entre os africânderes), Inglaterra, Escócia e Estados Unidos. Leia, também, a edição 316 da IHU On-Line intitulada Calvino - 1509-1564. Teólogo, reformador e humanista, disponível em http://bit.ly/1oBIrpn. (Nota da IHU On-Line)
[7] Ludwig Feuerbach (1804-1872): filósofo alemão, reconhecido pela influência que seu pensamento exerce sobre Karl Marx. Abandona os estudos de Teologia para tornar-se aluno de Hegel, durante dois anos, em Berlim. De acordo com sua filosofia, a religião é uma forma de alienação que projeta os conceitos do ideal humano em um ser supremo. É autor de A essência do cristianismo (2ª. ed. São Paulo: Papirus, 1997). (Nota da IHU On-Line)
[8] Soren Kierkegaard (1813-1855): filósofo existencialista dinamarquês. Alguns de seus livros foram publicados sob pseudônimos: Víctor Eremita, Johannes de Silentio, Constantín Constantius, Johannes Climacus, Vigilius Haufniensis, Nicolás Notabene, Hilarius Bogbinder, Frater Taciturnus e Anticlimacus. Filosoficamente, faz uma ponte entre a filosofia de Hegel e o que viria a ser posteriormente o existencialismo. Boa parte de sua obra dedica-se à discussão de questões religiosas como a naturaza da fé, a instituição da igreja cristã, a ética cristã e a teologia. Autor de O Conceito de Ironia (1841), Temor e Tremor (1843) e O Desespero Humano (1849). A respeito de Kierkegaard, confira a entrevista Paulo e Kierkegaard, realizada com Álvaro Valls, da Unisinos, na edição 175, de 10-04-2006, da IHU On-Line, disponível em http://bit.ly/ihuon175. A edição 314 da IHU On-Line, de 09-11-2009, tem como tema de capa A atualidade de Soren Kierkeggard, disponível em http://bit.ly/ihuon314. Leia, também, uma entrevista da edição 339 da IHU On-Line, de 16-08-2010, intitulada Kierkegaard e Dogville: a desumanização do humano, concedida pelo filósofo Fransmar Barreira Costa Lima, disponível em http://bit.ly/ihuon339. (Nota da IHU On-Line)
[9] Friedrich Nietzsche (1844-1900): filósofo alemão, conhecido por seus conceitos além-do-homem, transvaloração dos valores, niilismo, vontade de poder e eterno retorno. Entre suas obras figuram como as mais importantes Assim falou Zaratustra (9. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1998), O anticristo (Lisboa: Guimarães, 1916) e A genealogia da moral (5. ed. São Paulo: Centauro, 2004). Escreveu até 1888, quando foi acometido por um colapso nervoso que nunca o abandonou até o dia de sua morte. A Nietzsche foi dedicado o tema de capa da edição número 127 da IHU On-Line, de 13-12-2004, intitulado Nietzsche: filósofo do martelo e do crepúsculo, disponível para download em http://bit.ly/Hl7xwP. A edição 15 dos Cadernos IHU em formação é intitulada O pensamento de Friedrich Nietzsche, e pode ser acessada em http://bit.ly/HdcqOB. Confira, também, a entrevista concedida por Ernildo Stein à edição 328 da revista IHU On-Line, de 10-05-2010, disponível em http://bit.ly/162F4rH, intitulada O biologismo radical de Nietzsche não pode ser minimizado, na qual discute ideias de sua conferência A crítica de Heidegger ao biologismo de Nietzsche e a questão da biopolítica, parte integrante do Ciclo de Estudos Filosofias da diferença — Pré-evento do XI Simpósio Internacional IHU: O (des)governo biopolítico da vida humana. Na edição 330 da revista IHU On-Line, de 24-05-2010, leia a entrevista Nietzsche, o pensamento trágico e a afirmação da totalidade da existência, concedida pelo Prof. Dr. Oswaldo Giacoia e disponível para download em http://bit.ly/nqUxGO. Na edição 388, de 09-04-2012, leia a entrevista O amor fati como resposta à tirania do sentido, com Danilo Bilate, disponível em http://bit.ly/HzaJpJ. (Nota da IHU On-Line)
[10] São Paulo: Unesp, 2014. (Nota da IHU On-Line)
[11] Karl Löwith (1897-1973): foi um filósofo alemão, aluno de Martin Heidegger. Embora professasse a religião protestante, Löwith nasceu numa família de religião judaica. Estudou filosofia primeiramente com Husserl em Freiburg e, entre 1919 e 1928 com Heidegger. Em 1934 foi forçado a deixar a Alemanha devido às políticas antissemitas do governo nazi. Viveu primeiro na Itália e em 1936 embarcou em Nápoles para o Japão a convite do seu amigo Kuki Shuzo. Deu aulas na Universidade Imperial de Tohoku, no norte do Japão mas, em 1941, a proximidade deste país com as políticas do Eixo levou-o, pouco antes do ataque a Pearl Harbor, a mudar-se para os Estados Unidos. Entre 1941 e 1952 deu aulas no Hartford Theological Seminary e na New School for Social Research. Nesse ano regressou à Alemanha para dar aulas de filosofia em Heidelberg, onde faleceu. Sua obra mais famosa é Von Hegel zu Nietzsche (Stuttgart, Kohlhammer, 1958). (Nota da IHU On-Line)
[12] Karl Barth (1886-1968): teólogo cristão protestante, pastor da Igreja Reformada e um dos líderes da teologia dialética e dos pensamentos neo-ortodoxos. Lecionou teologia em Bonn, Alemanha, mas, em 1935, recusou-se a apoiar Adolf Hitler e teve que deixar o país, retornando à Basileia. Tornou-se um dos líderes da Igreja Confessante, grupo oposto ao Movimento Cristão Alemão. Foi o principal redator da Declaração Teológica de Barmen. (Nota da IHU On-Line)
[13] Teologia da Libertação: escola teológica desenvolvida depois do Concílio Vaticano II. Surge na América Latina, a partir da opção pelos pobres, e se espalha por todo o mundo. O teólogo peruano Gustavo Gutiérrez é um dos primeiros que propõe esta teologia. A teologia da libertação tem um impacto decisivo em muitos países do mundo. Sobre o tema confira a edição 214 da IHU On-Line, de 02-04-2007, intitulada Teologia da libertação, disponível para download em http://bit.ly/bsMG96.Leia, também, a edição 404 da revista IHU On-Line, de 05-10-2012, intitulada Congresso Continental de Teologia. Concílio Vaticano II e Teologia da Libertação em debate, disponível em http://bit.ly/SSYVTO. (Nota da IHU On-Line)
[14] Hannah Arendt (1906-1975): filósofa e socióloga alemã, de origem judaica. Foi influenciada por Husserl, Heidegger e Karl Jaspers. Em consequência das perseguições nazistas, em 1941, partiu para os Estados Unidos, onde escreveu grande parte das suas obras. Lecionou nas principais universidades desse país. Sua filosofia assenta numa crítica à sociedade de massas e à sua tendência para atomizar os indivíduos. Preconiza um regresso a uma concepção política separada da esfera econômica, tendo como modelo de inspiração a antiga cidade grega. A edição mais recente da IHU On-Line que abordou o trabalho da filósofa foi a 438, A Banalidade do Mal, de 24-03-2014, disponível em http://bit.ly/ihuon438. Sobre Arendt, confira ainda as edições 168 da IHU On-Line, de 12-12-2005, sob o título Hannah Arendt, Simone Weil e Edith Stein. Três mulheres que marcaram o século XX, disponível em http://bit.ly/ihuon168, e a edição 206, de 27-11-2006, intitulada O mundo moderno é o mundo sem política. Hannah Arendt 1906-1975, disponível em http://bit.ly/ihuon206. (Nota da IHU On-Line)
[15] ARENDT, H. Compreender – formação, exílio e totalitarismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2008, p. 76. (Nota do entrevistado)
[16] NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. Últimos opúsculos. Madrid: La España Moderna. (Nota da IHU On-Line)
[17] Max Weber (1864-1920): sociólogo alemão, considerado um dos fundadores da Sociologia. Ética protestante e o espírito do capitalismo (Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 2004) é uma das suas mais conhecidas e importantes obras. Cem anos depois, a IHU On-Line dedicou-lhe a sua 101ª edição, de 17-05-2004, intitulada Max Weber. A ética protestante e o espírito do capitalismo 100 anos depois, disponível para download em http://bit.ly/ihuon101. De Max Weber o IHU publicou Cadernos IHU em formação nº 3, 2005, chamado Max Weber – o espírito do capitalismo disponível em http://bit.ly/ihuem03. Em 10-11-2005, o professor Antônio Flávio Pierucci ministrou a conferência de encerramento do I Ciclo de Estudos Repensando os Clássicos da Economia, promovido pelo IHU, intitulada Relações e implicações da ética protestante para o capitalismo. (Nota da IHU On-Line)
[18] Luz de Inverno (1963). (Nota da IHU On-Line)
[19] Ernst Ingmar Bergman (1918-2007): dramaturgo e cineasta sueco. Estudou na Universidade de Estocolmo, onde se interessou por teatro e, mais tarde, por cinema. Iniciou a carreira em 1941, escrevendo a peça teatral "Morte de Kasper". Em 1944, desenvolveu o primeiro argumento para o filme "Hets". Realizou o primeiro filme em 1945, "Kris". Seus trabalhos lidam geralmente com questões existenciais, como a mortalidade, a solidão e a fé. Recentemente foi exibido novamente, no Brasil, o clássico Sétimo Selo. O sitio Instituto Humanitas Unisinos – IHU noticiou a exibição em artigo sob o título “Ingmar Bergman chega aos cinemas em cópia restaurada”, em 31-07-2015, disponível em http://bit.ly/1RYR4V8. (Nota da IHU On-Line)
[20] Heinrich Heine [Christian Johann Heinrich Heine] (1797-1856): poeta romântico alemão, conhecido como “o último dos românticos.” Boa parte de sua poesia lírica, especialmente a sua obra de juventude, foi musicada por vários compositores notáveis como Robert Schumann, Franz Schubert, Felix Mendelssohn, Brahms, Hugo Wolf, Richard Wagner e, já no século XX, por Hans Werner Henze e Lord Berners. (Nota da IHU On-Line)
[21] Immanuel Kant (1724-1804): filósofo prussiano, considerado como o último grande filósofo dos princípios da era moderna, representante do Iluminismo. Kant teve um grande impacto no romantismo alemão e nas filosofias idealistas do século XIX, as quais se tornaram um ponto de partida para Hegel. Kant estabeleceu uma distinção entre os fenômenos e a coisa-em-si (que chamou noumenon), isto é, entre o que nos aparece e o que existiria em si mesmo. A coisa-em-si não poderia, segundo Kant, ser objeto de conhecimento científico, como até então pretendera a metafísica clássica. A ciência se restringiria, assim, ao mundo dos fenômenos, e seria constituída pelas formas a priori da sensibilidade (espaço e tempo) e pelas categorias do entendimento. A IHU On-Line número 93, de 22-03-2004, dedicou sua matéria de capa à vida e à obra do pensador com o título Kant: razão, liberdade e ética, disponível para download em http://bit.ly/ihuon93. Também sobre Kant foi publicado o Cadernos IHU em formação número 2, intitulado Emmanuel Kant - Razão, liberdade, lógica e ética, que pode ser acessado em http://bit.ly/ihuem02. Confira, ainda, a edição 417 da revista IHU On-Line, de 06-05-2013, intitulada A autonomia do sujeito, hoje. Imperativos e desafios, disponível em http://bit.ly/ihuon417. (Nota da IHU On-Line)
[22] Friedrich Hegel (Georg Wilhelm Friedrich Hegel, 1770-1831): filósofo alemão idealista. Como Aristóteles e Santo Tomás de Aquino, tentou desenvolver um sistema filosófico no qual estivessem integradas todas as contribuições de seus principais predecessores. Sobre Hegel, confira no link http://bit.ly/ihuon217 a edição 217 da IHU On-Line, de 30-04-2007, intitulada Fenomenologia do espírito, de Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1807-2007), em comemoração aos 200 anos de lançamento dessa obra. Veja ainda a edição 261, de 09-06-2008, Carlos Roberto Velho Cirne-Lima. Um novo modo de ler Hegel, disponível em http://bit.ly/ihuon261, e Hegel. A tradução da história pela razão, edição 430, disponível em http://bit.ly/ihuon430. (Nota da IHU On-Line)
[23] Johann Gottlieb Fichte (1762-1814): filósofo alemão. Exerceu forte influência sobre os representantes do nacionalismo alemão, assim como sobre as teorias filosóficas de Schelling, Hegel e Schopenhauer. Fichte decidiu devotar sua vida à filosofia depois de ler as três Críticas de Immanuel Kant, publicadas em 1781, 1788 e 1790. Sua investigação obteve a aprovação de Kant, que pediu a seu próprio editor que publicasse o manuscrito. O livro surgiu em 1792, sem o nome e o prefácio do autor, e foi saudado amplamente como uma nova obra de Kant. Quando Kant esclareceu o equívoco, Fichte tornou-se famoso do dia para a noite e foi convidado a lecionar na Universidade de Jena. Fichte foi um conferencista popular, mas suas obras teóricas são difíceis. Acusado de ateísmo, perdeu o emprego e mudou-se para Berlim. Seus Discursos à nação alemã são sua obra mais conhecida. (Nota da IHU On-Line)
[24] Friedrich Schelling (Friedrich Wilhelm Joseph von Schelling, 1775-1854): filósofo alemão. Suas primeiras obras são geralmente vistas como um elo importante entre Kant e Fichte, de um lado, e Hegel, de outro. Essas obras são representativas do idealismo e do romantismo alemães. Criticou a filosofia de Hegel como "filosofia negativa". Schelling tentou desenvolver uma "filosofia positiva", que influenciou o existencialismo. Entrou para o seminário teológico de Tübingen aos 16 anos. (Nota da IHU On-Line)
[25] Arthur Schopenhauer (1788-1860): filósofo alemão. Sua obra principal é O mundo como vontade e representação, embora o seu livro Parerga e Paraliponema (1815) seja o mais conhecido. Friedrich Nietzsche foi grandemente influenciado por Schopenhauer, que introduziu o budismo e a filosofia indiana na metafísica alemã. Schopenhauer, entretanto, ficou conhecido por seu pessimismo. Ele entendia o budismo como uma confirmação dessa visão. (Nota da IHU On-Line)
[26] Rio de Janeiro: Edições 70, 1991. (Nota da IHU On-Line)
[27] A crítica de Kierkegaard ao cristianismo: uma experiência humanamente impossível?. Recista IHU On-Line, nº 418, de 13-05-2013, disponível em http://bit.ly/1Obq43N. (Nota da IHU On-Line)
[28] Ernst Cassirer (1874-1945): filósofo alemão de origem judaica que pertenceu a Escola de Marburg.Foi um dos mais importantes representantes da tradição neokantiana de Marburgo. Desenvolveu uma filosofia da Cultura como uma teoria dos símbolos, baseada na Fenomenologia do Conhecimento. (Nota da IHU On-Line)
[29] Campinas: UNICAMP, 1992. (Nota da IHU On-Line)
[30] John Huss (1369-1415): foi um pensador e reformador religioso. Ele iniciou um movimento religioso baseado nas ideias de John Wycliffe. Os seus seguidores ficaram conhecidos como os Hussitas. A Igreja Católica não perdoou tais rebeliões e ele foi excomungado em 1410. Condenado pelo Concílio de Constança, foi queimado vivo e morreu cantando um cântico [cântico de Davi, Jesus filho de Davi tem misericórdia de mim]. Um precursor do movimento protestante, a sua extensa obra escrita concedeu-lhe um importante papel na história literária checa. Também é responsável pela introdução do uso de acentos na língua checa por modo a fazer corresponder cada som a um símbolo único. Hoje em dia a sua estátua pode ser encontrada na praça central de Praga, a Praça da Cidade Velha, em checo Staroměstské náměstí. (Nota da IHU On-Line)
[31] Concílio Vaticano II: convocado no dia 11-11-1962 pelo Papa João XXIII. Ocorreram quatro sessões, uma em cada ano. Seu encerramento deu-se a 08-12-1965, pelo Papa Paulo VI. A revisão proposta por este Concílio estava centrada na visão da Igreja como uma congregação de fé, substituindo a concepção hierárquica do Concílio anterior, que declarara a infalibilidade papal. As transformações que introduziu foram no sentido da democratização dos ritos, como a missa rezada em vernáculo, aproximando a Igreja dos fiéis dos diferentes países. Este Concílio encontrou resistência dos setores conservadores da Igreja, defensores da hierarquia e do dogma estrito, e seus frutos foram, aos poucos, esvaziados, retornando a Igreja à estrutura rígida preconizada pelo Concílio Vaticano I. O Instituto Humanitas Unisinos - IHU produziu a edição 297, Karl Rahner e a ruptura do Vaticano II, de 15-6-2009, disponível em http://bit.ly/o2e8cX, bem como a edição 401, de 03-09-2012, intitulada Concílio Vaticano II. 50 anos depois, disponível em http://bit.ly/REokjn, e a edição 425, de 01-07-2013, intitulada O Concílio Vaticano II como evento dialógico. Um olhar a partir de Mikhail Bakhtin e seu Círculo, disponível em http://bit.ly/1cUUZfC. Em 2015, o IHU promoveu o colóquio O Concílio Vaticano II: 50 anos depois. A Igreja no contexto das transformações tecnocientíficas e socioculturais da contemporaneidade. As repercussões do evento podem ser conferidas na IHU On-Line, edição 466, de 01-06-2015, disponível em http://bit.ly/1IfYpJ2 e também em Notícias do Dia no sítio IHU. (Nota da IHU On-Line)
[32] Papa João XXIII (1881-1963): nascido Angelo Giuseppe Roncalli. Foi Papa de 28-10-1958 até a data da sua morte. Considerado um papa de transição, depois do longo pontificado de Pio XII, convocou o Concílio Vaticano II. Conhecido como o "Papa Bom", João XXIII foi canonizado em 2013 pelo Papa Francisco. (Nota da IHU On-Line)
[33] Eichmann em Jerusalém - Um relato sobre a banalidade do mal (Original em inglês: Eichmann in Jerusalem: A Report on the Banality of Evil): é um livro da filósofa alemã Hannah Arendt, sobre o julgamento de Adolf Eichmann, em Jerusalém, publicado em 1963. Arendt, judia alemã que havia fugido do regime nazista, cobriu o processo de Eichmann numa série de cinco artigos para a revista The New Yorker, os quais mais tarde dariam origem ao livro. (Nota da IHU On-Line)
[34] Adolf Hitler (1889-1945): ditador austríaco. O termo Führer foi o título adotado por Hitler para designar o chefe máximo do Reich e do Partido Nazista. O nome significa o chefe máximo de todas as organizações militares e políticas alemãs, e quer dizer “condutor”, “guia” ou “líder”. Suas teses racistas e antissemitas, bem como seus objetivos para a Alemanha, ficaram patentes no seu livro de 1924, Mein Kampf (Minha Luta). No período da ditadura de Hitler, os judeus e outros grupos minoritários considerados "indesejados", como ciganos e negros, foram perseguidos e exterminados no que se convencionou chamar de Holocausto. Cometeu o suicídio no seu Quartel-General (o Führerbunker) em Berlim, com o Exército Soviético a poucos quarteirões de distância. A edição 145 da IHU On-Line, de 13-06-2005, comentou na editoria Filme da Semana, o filme dirigido por Oliver Hirschbiegel, A Queda – as últimas horas de Hitler, disponível em http://bit.ly/ihuon145. A edição 265, intitulada Nazisimo: a legitimação da irracionalidade e da barbárie, de 21-07-2008, trata dos 75 anos de ascensão de Hitler ao poder, disponível em http://bit.ly/ihuon265. (Nota da IHU On-Line)
[35] Albert Schweitzer (1875-1965): teólogo, músico, filósofo e médico alsaciano. Formou-se em Teologia e Filosofia na Universidade de Strasbourg, onde atuou como docente. Recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1952. O sitio do Instituto Humanitas Unisinos – IHU publicou uma série de artigos sobre A. Schweitzer, entre os quais destacamos “Albert Schweitzer, um dos precursores do trabalho humanitário”, publicado em 15-08-2015, disponível em http://bit.ly/1Mx5nwd. Confira mais artigos em http://bit.ly/1STt0Ug. (Nota da IHU On-Line)
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A Reforma e o convite aos reparos. Entrevista especial com Marcio Gimenes de Paula - Instituto Humanitas Unisinos - IHU