05 Fevereiro 2008
Hoje, 6 de fevereiro, são comemorados os 440 anos do nascimento de Antônio Vieira (1608-1697). A revista IHU On-Line 244, intitulada Antônio Vieira: imperador da língua portuguesa, de 19-11-2007, fez uma homenagem ao jesuíta, debatendo sua obra com diversos especialistas. O poeta Claudio Daniel, por sua vez, nesta entrevista concedida por e-mail à IHU On-Line, realiza uma análise sobre a importância de Vieira para a literatura moderna e para o barroco contemporâneo.
Claudio destaca um elemento por vezes esquecido, atualmente: a literariedade de Vieira, que “construiu seus textos com recursos da arquitetura poética barroca, como a metáfora, a alegoria, a analogia, o paradoxo, o paralelismo, entre outros, além das relações intertextuais que estabeleceu com os textos bíblicos e de autores clássicos greco-latinos”. Claudio destaca ainda que Vieira realizou uma “literatura sofisticada, que não pode ser reduzida ao aspecto referencial, sem dúvida importante, dentro de sua estratégia missionária, mas que não é o único que pode ser apreciado pelo leitor moderno”. De passagem, avalia que “a exclusão do barroco de nossa literatura, realizada por Antonio Candido em sua Formação da Literatura Brasileira, é injustificável”, chamando atenção para sua influência na obra de Haroldo de Campos. E também fala da importância do barroco hoje, comentando sobre a antologia que produziu, Jardim de camaleões: a poesia neobarroca na América Latina (São Paulo: Iluminuras, 2004), com muitos poetas do assim chamado neobarroco, como Victor Sosa, Severo Sarduy e Coral Bracho.
Claudio Daniel é formado em Jornalismo, pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Libero, e mestrando em Literatura Portuguesa, pela Universidade de São Paulo (USP). É autor de Sutra (1992), Yumê (1999) e A sombra do leopardo (2001), reunidos em Figuras metálicas (São Paulo: Perspectiva, 2005), que traz sua obra escrita entre 1983 e 2003. Também publicou a prosa experimental Romanceiro de Dona Virgo (Rio de Janeiro: Lamparina, 2004) e traduziu poetas como Victor Sosa, em Sunyata & outros poemas (São Paulo: Lumme Editor, 2005), e José Kozer, em Íbis amarelo sobre fundo negro (Curitiba: Travessa dos Editores, 2006).
Confira e entrevista.
IHU On-Line - Há uma tendência, por parte de alguns estudiosos, em tentar enxergar Vieira separado da literatura. Ou seja, antes de tudo, para alguns, ele foi um padre jesuíta que escreveu sermões especificamente religiosos, como se esses fossem afastados dos ganhos lingüísticos e literários. Como percebe essa separação?
Claudio Daniel - Vieira (1) escreveu cartas e sermões de caráter moral e teológico. Porém, ele construiu seus textos com recursos da arquitetura poética barroca, como a metáfora, a alegoria, a analogia, o paradoxo, o paralelismo, entre outros, além das relações intertextuais que estabeleceu com os textos bíblicos e de autores clássicos greco-latinos. É uma literatura sofisticada, que não pode ser reduzida ao aspecto referencial, sem dúvida importante, dentro de sua estratégia missionária, mas que não é o único que pode ser apreciado pelo leitor moderno. Exilar Vieira da literatura de língua portuguesa apenas por causa do caráter religioso de seus escritos me parece tão absurdo quanto excluir John Donne (2) da literatura de língua inglesa ou Sóror Juana Inés de la Cruz (3) da literatura de língua espanhola. Por outro lado, a obra de Vieira não se resume a questões éticas e espirituais; ele foi também um pensador político, como podemos verificar lendo sua História do futuro, ou o “Sermão do Bom Ladrão”, e abordou até a metalinguagem, no “Sermão da Sexagésima”. É um dos autores mais densos e complexos de nossa literatura, que merece contínua releitura e reflexão.
IHU On-Line - Quais são os sermões aos quais você sempre volta? Eles ainda constituem uma peça fundamental para entender o barroco brasileiro, assim como, por exemplo, os poemas de Gregório de Mattos (4)?
Claudio Daniel - Gosto de ler a História do futuro, as cartas e vários sermões, como o “Sermão de Santo Antônio”, um dos mais alegóricos, e que permite comparações com a poesia mística de Sóror Maria do Céu e com a pintura de Josefa d’Óbidos (5), pela representação simbólica que faz dos vícios e virtudes, relacionando-os com diferentes espécies de peixes e com as atitudes egoístas de membros de sua própria paróquia. Esse simbolismo, de humor corrosivo, permite inclusive outra aproximação, com o escritor inglês Jonathan Swift (6), e mesmo com George Orwell (7) (todos os três utilizaram formas alegóricas como instrumentos para a sátira política). Vieira é mais moderno do que se imagina, assim como Gregório de Mattos, que fez um retrato da vida colonial brasileira que permanece tristemente atual, por exemplo quando ele toca na corrupção de funcionários públicos. A exclusão do barroco de nossa literatura, realizada por Antonio Candido (8) em sua Formação da Literatura Brasileira, é injustificável; podemos verificar a brasilidade de Gregório, por exemplo, não apenas em seus temas, mas até na sua linguagem, que inclui termos de origem indígena e africana, que aliás não se encontram em Góngora (9) ou Quevedo (10), autores que ele foi acusado de imitar. Podemos notar, sim, um diálogo criativo de Gregório com os mestres do Século de Ouro espanhol, que merece análise a partir dos conceitos de intertextualidade de Julia Kristeva (11), mas falar em imitação é uma miopia que oblitera a contribuição original e específica do poeta baiano. Esta acusação simplista é outra tentativa de negar a riqueza do barroco brasileiro, um dos pontos altos de nossa cultura. Haroldo de Campos realizou um trabalho importante para o resgate dessa tradição, que ainda precisa ser plenamente recuperada, inclusive com a reedição crítica das obras de autores quase esquecidos do período, como Botelho de Oliveira (12).
IHU On-Line - De que modo analisa a decisão de Vieira de se afastar da visão gongórica do barroco?
Claudio Daniel - No “Sermão da sexagésima”, Vieira escreveu uma autêntica “arte de pregar”, quase um manifesto estético, polemizando com os oradores dominicanos, seus rivais, que praticavam um cultismo exacerbado, em detrimento de um sentido espiritual mais profundo. Conforme Antonio Candido, o cultismo “repousa sobretudo no som e na forma, tendendo para uma verdadeira exaltação sensorial, enquanto favorece a fantasia na busca de imagens e sensações que ultrapassam as sugestões da realidade”. Vieira era partidário de outra tendência do barroco, o conceptismo, que, nas palavras de Candido, “apóia-se no significado da palavra, tendendo para o abusivo jogo de vocábulos e de raciocínio, para as agudezas ou sutilezas de pensamento, com transições bruscas ou associações inesperadas, além de seu misticismo ideológico”. Essa divisão entre as duas facetas do barroco nem sempre é estanque; ao contrário, é uma fronteira porosa, que permite intersecções. Em várias passagens dos sermões de Vieira, podemos encontrar também recursos cultistas, mas sempre com um propósito religioso ou moral; o que ele condenava em seus adversários era a retórica artificial e oca.
IHU On-Line - Aceita a observação de Haroldo de Campos (13), para quem Vieira era um "syntaxier", como Mallarmé? Faria aproximações entre o barroco de Vieira, mais prolixo, e o de Haroldo, mais sintético, mas com um trabalho experimental com a sintaxe?
Claudio Daniel - A sintaxe de Vieira nem sempre é labiríntica ou obscura como a de Mallarmé; muitas vezes é clara e direta, já que ele escreveu textos para atingirem um público, com objetivo de proselitismo religioso. O jesuíta não buscava uma linguagem pura próxima da abstração. No entanto, a construção estrutural de seus sermões, a maneira como ele faz o encadeamento discursivo, pode autorizar um paralelo com o autor francês, com parêntesis e ressalvas. O diálogo de Haroldo de Campos com Vieira vem desde a década de 1950; a própria expressão “xadrez de estrelas”, que nomeia a antologia poética de Haroldo publicada em 1976, foi retirada de um sermão do jesuíta (14). Seria interessante um estudo comparativo entre a produção mais barroquizante — e logo, menos sintética — do poeta paulista (o Auto do possesso e Galáxias) e as construções sonoras e imagéticas do jesuíta.
IHU On-Line - Muitos textos fundamentais de Haroldo de Campos estabelecem um contato entre barroco e poesia concreta. Existiria um ponto de aproximação sobretudo na questão do luxo/lixo da linguagem, para utilizar uma expressar do poema de Augusto de Campos?
Claudio Daniel - O barroco é uma arte de mesclas, de miscigenação, de quebra de fronteiras entre códigos e repertórios culturais: não por acaso, na arquitetura das igrejas barrocas no Nordeste brasileiro, por exemplo, você encontra estátuas de anjos com feições africanas. Há uma quebra de hierarquias entre o popular e o erudito, o sublime e o terrível, para a conquista dos sentidos do espectador: o barroco utiliza todos os recursos disponíveis de som e imagem para ameaçar e seduzir. A própria missa barroca nada mais é do que a “obra de arte total” que une a arquitetura, as artes visuais, a recitação e o canto. A poesia concreta também realizou a quebra de fronteiras entre as diversas artes, e ainda entre a cultura de alto repertório e a cultura de massa, como em seu diálogo com a música popular, a publicidade e agora com os recursos eletrônicos. Neste sentido, podemos identificar pontos de convergência entre o barroco e a poesia concreta. Não por acaso, Augusto de Campos traduziu dois importantes poetas barrocos, o inglês John Donne e o alemão Quirinus Kuhlmann (15).
IHU On-Line - O seu trabalho poético tem influência do barroco e você já traduziu muitos poetas do neobarroco. Quais os trabalhos que mais têm seu interesse? Há uma influência de Vieira ainda no barroco contemporâneo?
Claudio Daniel - No livro Romanceiro de Dona Virgo, que publiquei em 2004, há um conto chamado "Agnus Dei", que é um diálogo intertextual com Gregório e Vieira, citados nas epígrafes e também no interior do texto, na forma de alusões, citações e paródia. O conto é ambientado num mosteiro beneditino no sul da Bahia, na época do regime militar, e faz um cruzamento temático entre a questão política, o misticismo e a sexualidade. De todos os meus escritos, creio que este é o que conversa de modo mais explícito com a estética barroca (presente, em maior ou menor grau, em meus poemas, sobretudo naqueles incluídos no livro Yumê, de 1999). Atualmente, tenho lido muito os ensaios de Ana Hatherly (16), como “O ladrão cristalino” e “A experiência do prodígio”, em que faz estudos comparativos entre a poesia e a pintura do barroco português. Também leio, com certa freqüência, a edição crítica dos poemas de Gregório de Mattos, em dois volumes, organizada por James Amado, e o Primero Sueño, de Sóror Juana Inés de la Cruz. Não sou um especialista, mas um apaixonado pelo barroco, que me encanta com seus labirintos sintáticos e semânticos. Já o neobarroco (ou neobarroso, como dizia Nestor Perlongher) não é uma retomada epigonal da arte do Século de Ouro, com a sua métrica e a sua metafísica, impregnada pelo espírito da Contra-Reforma.
Conforme diz Roberto Echavarren (17), “a poesia barroca e a neobarroca não partilham necessariamente os mesmos procedimentos, ainda que certos traços possam ser considerados, por seus efeitos, equivalentes. O que partilham é uma tendência ao conceito singular, não geral, a admissão da dúvida e de uma necessidade de ir além das adequações preconcebidas entre a linguagem do poema e as expectativas supostas do leitor, o desdobrar de experiências além de qualquer limite”. Podemos identificar pontos convergentes como a ênfase na imagem, na metáfora; a construção labiríntica da sintaxe; a riqueza semântica; o conflito entre o significante e o significado; o uso de recursos como a anáfora e a hipérbole; porém, estamos diante de uma escritura ainda mais movediça, lodosa, que não propõe uma poética, mas uma pluralidade de poéticas, deslizando “de um estilo a outro sem tornar-se prisioneiros de uma posição ou procedimento”, no dizer do poeta uruguaio.
Notas:
(1) Antônio Vieira foi um religioso, escritor e orador português da Companhia de Jesus. Um dos mais influentes personagens do século XVII em termos de política, destacou-se como missionário em terras brasileiras. Nesta qualidade, defendeu infatigavelmente os direitos humanos dos povos indígenas combatendo a sua exploração e escravização. Era por eles chamado de "Paiaçu" (Grande Padre/Pai, em tupi). Defendeu também os judeus, a abolição da distinção entre cristãos-novos (judeus convertidos, perseguidos à época pela Inquisição) e cristãos-velhos (os católicos tradicionais), e a abolição da escravatura. Criticou ainda severamente os sacerdotes da sua época e a própria Inquisição. Na literatura, seus sermões possuem considerável importância no barroco brasileiro e as universidades freqüentemente exigem sua leitura. Segundo Massaud Moisés (In: A literatura portuguesa. 28. ed. São Paulo: Cultrix, 1995, p. 75), Vieira “é mais alta personalidade, humana e cultural, dessa época (o Barroco), à qual sua estatura invulgar deu nível e serviu de símbolo perfeito. Nele, se encontram reunidas, em estranho compósito, as linhas de força que norteiam o complexo quadro do Barroco Português”.
(2) John Donne foi um poeta inglês e clérigo anglicano.
(3) Sóror Juana Inés de la Cruz ou, simplesmente, Sóror Juana, foi uma religiosa católica, poetisa e dramaturga nova-espanhola (pelo que se a considere mexicana, também se pode tomá-la como espanhola), nascida em data incerta (estima-se que foi entre 1648 e 1651), em San Miguel Nepantla, perto de Amecameca e falecida na Cidade do México em 1695. Foi a última dos grandes escritores do Século de Ouro.
(4) Gregório de Mattos e Guerra, alcunhado de Boca do Inferno ou Boca de Brasa, foi um advogado e poeta brasileiro da época colonial. É considerado o maior poeta barroco do Brasil e um dos maiores poetas de Portugal.
(5) Josefa d’Óbidos foi uma pintora nascida na Espanha que viveu e produziu em Portugal. Era filha de Baltazar Gomes Figueira, pintor português natural de Óbidos, com obra em Évora, que fora trabalhar em Sevilha, onde veio a desposar D. Catarina de Ayala Camacho Cabrera Romero, natural da Andaluzia.
(6) Jonathan Swift foi um escritor irlandês.
(7) George Orwell, pseudónimo de Eric Arthur Blair, (Bengala, 25 de Junho de 1903 — Londres, 21 de Janeiro de 1950) foi um escritor britânico, mais conhecido pelas suas duas obras maiores, A revolução dos bichos e 1984. Poucas pessoas, mesmo entre as que lhe eram próximas, conheciam o seu verdadeiro nome, de tal forma o pseudónimo se tornou a sua segunda natureza. A adopção deste "nom de plume" correspondeu a uma profunda alteração na vida e nos ideais do homem - de uma figura do sistema no Império Britânico, ele se tornará num rebelde, constantemente crítico. Morreu de tuberculose, na miséria.
(8) Antonio Candido nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu desde a primeira infância em Minas Gerais. Entrou em 1939 para a Faculdade de Direito e para a de Filosofia (Seção de Ciências Sociais), na qual recebeu no começo de 1942 os graus de bacharel e licenciado. De 1958 a 1960 foi professor de literatura brasileira na Faculdade de Filosofia de Assis. Aposentando-se em 1978, continuou a trabalhar em nível de pós-graduação como orientador de teses. Fora da vida acadêmica, foi crítico da revista Clima (1941-4) e dos jornais Folha da Manhã (1943-5) e Diário de São Paulo (1945-7). Na vida política, participou de 1943 a 1945 na luta contra a ditadura do Estado Novo no grupo clandestino Frente de Resistência. Atualmente, é vice-presidente da TV do Trabalhador e membro do Conselho editorial da revista Teoria e Prática.
(9) Carlos de Sigüenza y Góngora foi um dos primeiros grandes intelectuais nascidos no vice-reino de Nova Espanha. Polímata e escritor, galgou na colônia vários cargos políticos e acadêmicos.
(10) Francisco Gómez de Quevedo y Santibáñez Villegas foi um escritor do século de ouro espanhol.
(11) Julia Kristeva é uma psicanalista búlgara, professora de Lingüística na Universidade de Paris e autora de mais de trinta livros consagrados. Aluna de Roland Barthes, é uma das mais respeitadas intelectuais da atualidade. Seus pensamentos envolvem teoria literária, semiologia, filosofia e psicologia. Escreveu também quatro romances. Entre suas obras, estão As novas doenças da alma (Rio de Janeiro: Rocco), Estrangeiros para nós mesmos (Rio de Janeiro: Rocco) e O velho e os lobos (Rio de Janeiro: Rocco). O jornal francês Le Monde publicou um artigo de Roger-Pol Droit sobre Kristeva, em 18 de novembro de 2005, que a IHU On-Line na edição 166, de 28 de novembro de 2005, republicou sob o título "Eu vivo com esse desejo de sair de mim".
(12) Manuel Botelho de Oliveira foi um advogado, político e um poeta barroco brasileiro. Foi o primeiro autor nascido no Brasil a ter um livro publicado. Manuel Botelho de Oliveira conviveu com Gregório de Mattos e versou sobre os temas correntes da poesia de seu tempo.
(13) Haroldo de Campos foi um poeta, tradutor e ensaísta brasileira, autor de obras como Xadrez de estrelas, Crisantempo e Metalinguagem & outras metas.
(14) Em Depoimentos de oficina (São Paulo: Marco, 2003, p. 25-26), Haroldo de Campos escreve: “Um verdadeiro manifesto da estética neobarroca que na época começava a ganhar corpo em minha poesia é ‘Teoria e prática do poema’ (1952), que glosa uma citação do padre Antônio Vieira, do célebre Sermão da sexagésima (1655). (O trecho do poema é o seguinte: “O Poema propõe-se: sistema / de premissas rancorosas / evolução de figuras contra o vento / xadrez de estrelas. Salamandra de incêndios / que provoca, ileso dura, / Sol posto em seu centro”)”. Haroldo prossegue: “‘Não fez Deus o céu como xadrez de estrelas’ – afirmava Vieira e recomendava aos pregadores: ‘Aprendamos do céu o estilo da disposição e também o das palavras’. No entanto, o seu sermão está estruturado como um engenho de enxadrista, como notou com muita sagacidade o crítico português António José Saraiva. Como no caso do artifício retórico chamado litotes, Vieira afirmava uma coisa e fazia outra. A poesia, mundo autônomo organizado pela razão permeada de emoção, pende em equilíbrio instável sobre o abismo do azar, por um ato de luciferina (de Lusbel) arrogância; a poesia pode ser descrita como um virtual xadrez sensível, de estrelas”. Haroldo de Campos se contrapôs a Antonio Candido, que exclui o Barroco de sua Formação da Literatura Brasileira, em O seqüestro do Barroco na Formação da Literatura Brasileira: o caso Gregório de Mattos (2. ed. Salvador: Fundação Casa de Jorge Amado, 1989), comentando que Vieira e Mattos eram conhecidos não por livros, mas pelo público, ao escutá-los, e por isso fizeram parte também do cenário literário brasileiro inicial.
(15) Quirinus Kuhlmann foi um poeta alemão barroco, traduzido no Brasil por Augusto de Campos em Poesia da recusa.
(16) Ana Hatherly é uma poeta, ensaísta, investigadora, tradutora, professora universitária e artista plástica portuguesa. Membro destacado do grupo da Poesia Experimental Portuguesa nos anos 60 e 70, tem uma extensa bibliografia poética e ensaística. Dedicou-se também à investigação e divulgação da literatura portuguesa do período barroco tendo fundado as revistas Claro-Escuro e Incidências.
(17) Roberto Echavarren é um poeta uruguaio, estudioso do neobarroco.
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Antônio Vieira: um dos autores mais densos e complexos da literatura brasileira. Entrevista especial com Claudio Daniel - Instituto Humanitas Unisinos - IHU