17 Dezembro 2024
- Cottrell permitiu que o padre David Tudor continuasse na diocese, apesar de saber que este estava proibido pela Igreja de ficar a sós com menores e que havia indenizado uma vítima de abusos sexuais com uma quantia compensatória.
- Helen-Ann Hartley, bispa de Newcastle, pediu a renúncia do arcebispo: "Compromete completamente sua credibilidade o fato de não ter tomado medidas neste caso."
- O prelado assumirá temporariamente as funções de Welby até que a Igreja da Inglaterra escolha seu sucessor definitivo.
A reportagem é publicada por Religión Digital, 16-12-2024.
O arcebispo de York, Stephen Cottrell, enfrenta crescentes pressões no Reino Unido para renunciar ao seu cargo por sua gestão em torno de um caso de abuso sexual envolvendo um religioso, poucos dias antes de assumir temporariamente a liderança da Igreja da Inglaterra.
As pressões surgem após ter vindo à tona que Cottrell, bispo de Chelmsford, permitiu que o padre David Tudor continuasse na diocese, apesar de saber que este estava proibido pela Igreja de ficar a sós com menores e que havia indenizado uma vítima de abusos sexuais com uma quantia compensatória, segundo uma investigação realizada pela BBC.
De acordo com a BBC, Cottrell, que se tornou bispo de Chelmsford em 2010, soube em 2012 que Tudor pagou uma quantia de 10.000 libras (12.000 euros) a uma mulher que afirmou ter sido abusada sexualmente pelo religioso, às vezes de maneira muito violenta, desde os 11 anos, na década de 1970, quando Tudor estava se formando como ministro da Igreja.
Em declarações à referida emissora pública, um porta-voz de Cottrell afirmou que o religioso não tinha, na época, poder legal para demitir Tudor, que havia sido proibido de exercer suas funções apenas dois meses antes, após admitir acusações de abuso sexual contra duas meninas.
A reverenda Helen-Ann Hartley, bispa de Newcastle, disse à BBC que Cottrell poderia ter feito mais e deveria renunciar como arcebispo.
"Compromete completamente sua credibilidade o fato de não ter tomado medidas neste caso", opinou a reverenda à emissora.
As pressões para que Cottrell renuncie ocorrem quando faltam poucos dias para que ele assuma temporariamente o comando da Igreja da Inglaterra, após o arcebispo de Canterbury, Justin Welby, ter anunciado sua renúncia no último dia 12 de novembro, em meio a pressões dos bispos por não ter agido quando, em 2013, tomou conhecimento de um grave caso de abusos infantis dentro desta comunhão.
Leia mais
- Abuso na Igreja Anglicana: Justin Welby renuncia
- Justin Welby renuncia após admitir má gestão em escândalo de abuso infantil
- Bispa anglicana pede renúncia de Justin Welby, arcebispo de Canterbury
- Relacionamentos e inclusão: sacode a Igreja Anglicana
- Anglicanos rejeitam Justin Welby como chefe da igreja global em meio à raiva pelas bênçãos do mesmo sexo
- Papa Francisco e Justin Welby visitarão o Sudão do Sul em meio a tensões sobre os direitos LGBTQ+
- Justin Welby, arcebispo de Canterbury, faz visita à Ucrânia para demonstrar apoio no inverno
- Justin Welby diz que é “muito difícil” assegurar a unidade da Igreja Anglicana em relação à sexualidade
- Anglicanos: posições extremadas sobre bênção de casais do mesmo sexo
- Anglicanos e católicos: diferentes caminhos para a moralidade sexual
- Arcebispo de Cantuária condena apoio dos anglicanos de Uganda à “lei antigay”
- Líderes anglicanos se recusam a “abençoar” casais gays e cobram do arcebispo de Canterbury
- Acusada de inação em relação a abusos, Igreja Anglicana pede desculpas
- O homem que está tentando impedir o declínio da Igreja Anglicana
- Igreja Anglicana. Bispos em conflito sobre casamento de homossexuais
- Casamento homossexual novamente cria divisões na Igreja Anglicana. O primaz Justin Welby cede aos conservadores e aos liberais