“Como poderá a Mãe Terra cuidar de nós se não cuidarmos dela?” é a pergunta lançada no Guia de Celebração do Tempo da Criação 2024, que será lembrado de 1º de setembro a 4 de outubro próximos. A Criação, frisa o guia, “geme por causa do nosso egoísmo e das nossas ações insustentáveis que a prejudicam”.
A reportagem é de Edelberto Behs.
O Tempo da Criação é um convite para que os 2,2 bilhões de cristãos no mundo, de diferentes famílias confessionais, de católicos a luteranos, de metodistas a presbiterianos, de anglicanos a ortodoxos, se unam em oração e ação pela defesa do meio ambiente.
O tema deste ano reza “Esperar e agir com a Criação”, inspirado em Romanos 8,19-25. Ele enfatiza a interligação da esperança e a administração proativa da casa comum, o planeta Terra. Criação de Deus, lembra o guia, é cuidar dela, aprender com ela. O bem-estar da humanidade está interligado com o bem-estar da Terra.
A Criação, destaca o Guia, “não foi dada à humanidade para ser usada e abusada; pelo contrário, a humanidade foi criada para fazer parte da Criação. Mais do que uma casa comum, a Criação é também uma família cósmica que nos chama a agir com responsabilidade”.
Como se expressa o secretário geral do Conselho de Igrejas do Oriente Médio, professor Miches Abs, “não devemos decepcionar o Criador estragando a Sua Criação, Criação que Ele nos confiou desde o princípio dos tempos e continua nos protegendo de nós mesmos. Em algum lugar precisamos dar um BASTA aos danos que estamos infligindo propositalmente à Criação, cegos pela nossa ganância e desejo de lucro”.
O papa Franciso lembra, no Guia, que “ninguém pode ignorar que, nos últimos anos, temos assistido a fenômenos extremos, a períodos frequentes de calor anormal, seca e outros gemidos da Terra que são apenas algumas expressões palpáveis de uma doença silenciosa que nos afeta a todos”.
Sua Santidade Bartolomeu, da Igreja Ortodoxa, frisa que “estamos todos no mesmo barco. O cuidado da Criação é um mandato e uma responsabilidade coletiva”. O secretário geral do Conselho Mundial de Igrejas, pastor Jerry Pillay, lembra que “as mudanças climáticas e os desastres naturais já estão sobre nós. O planeta está em apuro e a ‘criação teme’, como nos lembra o apóstolo Paulo em Romanos 8. No meio disso tudo, somos chamados a ser administradores e cidadãos responsáveis para cuidarmos da Terra que pertence ao Senhor e sustentá-la”.
O líder da Escola Ortodoxa Grega de Teologia Santa Cruz, reverendo John Chryssagvis, destaca, no Guia, que “ouvir e responder ao grito da Criação não é mais um luxo”, mas essencial para a sustentabilidade do planeta e a prosperidade dos seres humanos.
No entanto, há esperança e expectativa de um futuro melhor. “Ter esperança, no contexto bíblico, não significa ficar parado e quieto, mas sim gemer, chorar e lutar ativamente por uma nova vida em meio às lutas. Assim como no parto, passamos por um período de dor intensa, mas uma nova vida está surgindo”.
Santo Agostinho dizia: “A esperança tem duas filhas lindas, a indignação e a coragem. A indignação nos ensina a não aceitar as coisas como são; a coragem a mudá-las”.
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