04 Julho 2024
As duas maiores denominações cristãs da Alemanha – a Igreja Católica e a Igreja Evangélica – perderam, em 2023, quase 1 milhão de membros; no lado católico menos que no ano anterior, mas ainda assim preocupante, e número recorde na grei evangélica.
A reportagem é de Edelberto Behs.
Em 31 de dezembro de 2023, a Igreja Evangélica na Alemanha (EKD) contava com 18,6 milhões de fiéis, 593 mil, ou 3,1% a menos do que em 2022, uma perda sem precedentes. O declínio deve-se ao abandono de fiéis e a morte de membros.
O abandono de membros está relacionado, em boa parte, ao pagamento do imposto eclesiástico. Quem se desfilia está isento do imposto que sustenta as igrejas e o clero. No lado evangélico, as receitas provenientes do imposto caíram 5,3% em 2023, ficando em 5,91 milhões de euros (cerca de 36 milhões de reais).
O número de batismos e reingressos na igreja no ano que passou, informa o Evangelische Pressedienst (EPD), não conseguiu reverter a tendência de queda: 140 mil foram batizados e 20 mil pessoas ingressaram em comunidades.
Já na Igreja Católica a queda de fiéis foi menor: 402,6 mil pessoas deixaram a igreja em 2023, um número inferior ao registrado em 2022, quando as deserções e mortes de fiéis somaram 522,8 mil pessoas; 5,68 mil pessoas foram batizadas ou ingressaram na igreja católica no ano passado, somando, no total, 20,3 milhões de membros.
“Os números são alarmantes. Eles mostram que a igreja está numa crise abrangente”, disse o presidente da Conferência Nacional, o bispo Georg Bätzing, de Limburg. “Reformas sozinhas não vão resolver a crise da igreja, mas a crise vai piorar sem reformas”, vaticinou o bispo, segundo o National Catholic Reporter.
Tanto na Igreja Católica quanto na EKD, um motivo de deserções são os escândalos sexuais envolvendo clérigos e funcionários. Na grei evangélica, pesquisadores denunciaram 9,3 mil casos de violência sexual. Relatório encomendado pela Igreja Católica alemã em 2018, revelou que 3,67 mil crianças foram vítimas de abuso sexual por mais de 1 mil membros do clero, desde 1946.