07 Junho 2024
A reportagem é publicada por Religión Digital, 06-06-2024.
A Igreja Católica ouviu "os gritos da terra" face às ameaças de que falam os povos indígenas da Amazônia há séculos e que "se tornaram realidade", disse à EFE o presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) e bispo de Puyo, no Equador, o espanhol Dom Rafael Cob.
"As pessoas que vivem na Amazônia foram prejudicadas justamente por essas ameaças que se tornaram realidade", explicou o religioso, que amanhã participará de um congresso no Vaticano sobre a Igreja naquela região que abrange nove países da América do Sul e que foi organizado para o décimo aniversário da REPAM.
As principais ameaças são o "desmatamento, o extrativismo ou a poluição" que afetam as populações nativas da região, onde nos últimos anos ocorreram dezenas de mortes de indígenas Yanomami da Amazônia brasileira, em decorrência de desnutrição, pneumonia ou diarreia.
Além disso, desde setembro passado, esta região sofre uma crise derivada da seca sem precedentes, agravada pelo crescimento do crime organizado na região e sua infiltração nos setores madeireiro e minerador, que afetaram em grande magnitude os povos originários da área.
Dom Rafael, bispo de uma região eminentemente amazônica, assegurou que "não há compromisso em nível internacional" para travar as alterações climáticas e que as Conferências do Clima (COP) "não têm sido tão eficazes como se esperava" para encontrar soluções.
"Enquanto não tivermos consciência de que todos temos que assumir responsabilidades, será difícil que a situação melhore" na Amazônia, disse. Nesse sentido, expressou a necessidade de "enfatizar a urgência em nível global" em relação às alterações climáticas, e criticou que "não existe nenhum vínculo de compromisso" entre os países.
Sobre a atuação da Igreja na região, cinco anos após o encerramento do Sínodo Amazônico, o bispo expressou que a instituição está enfatizando o aumento do número de vocações ao sacerdócio e destacou o papel das mulheres na atividade ministerial.
"Há uma comissão que está avançando no estudo do diaconato feminino", informou Dom Rafael, um dos pedidos que foi aprovado no documento final do Sínodo Amazônico, realizado em 2019.
Embora tenha explicado que nas áreas da Amazônia onde há escassez de sacerdotes já existam mulheres que realizam "um serviço que um diácono também pode fazer", como "oficiar casamentos" ou "batismos".
No congresso que se realiza amanhã sobre o caminho sinodal da Igreja na Amazônia, organizado pela REPAM e pela Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), agências de cooperação internacional, organizações pastorais e eclesiais e "todas as pessoas sensíveis à causa da Amazônia", de acordo com a organização.
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A Igreja escuta “os gritos da terra” diante das “ameaças” aos povos amazônicos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU