04 Junho 2024
A Declaração de Barmen, emitida pela Igreja Confessante da Alemanha, um apelo protestante de rejeição às políticas dos “cristãos alemães” que apoiavam o nacional-socialismo e suas políticas na vida da igreja, completou 90 anos no dia 31 de maio.
A reportagem é de Edelberto Behs.
“Não deixem se enganar pela conversa fiada, como se quiséssemos nos opor à unidade de nação alemã. Não deem ouvidos aos sedutores que pervertem as nossas intenções”, declararam representantes das igrejas Luteranas, Reformadas e Unida da Alemanha. “Se você achar que estamos falando contrário às Escrituras, então não nos escute”, alertaram.
“A Declaração de Barmen – afirmou o secretário geral do Conselho Mundial de Igrejas, Jerry Pillay – serviu de inspiração para os cristãos que enfrentaram a tirania (na época, em 1934, o nazismo), a injustiça e a discriminação da necessidade da igreja rejeitar as reivindicações de regimes opressivos e combater tendências heréticas dentro de suas próprias fileiras”.
Cristãos luteranos, unidos e reformados da Alemanha reuniram-se em sínodo, dias 29 a 31 de maio de 1934, em Barmen, um distrito da cidade de Wuppertal, na Renânia, quando emitiram um apelo aos protestantes para rejeitarem as políticas dos chamados “cristãos alemães” que apoiavam o nacional-socialismo.
A Declaração de Barmen destacou, no seu artigo primeiro, que “o fundamento inviolável da Igreja Evangélica de Jesus Cristo, tal como nos é atestado nas Sagradas Escrituras e trazido novamente à luz nas confissões da Reforma”. Por isso ela diz: “Rejeitamos a falsa doutrina, como se fosse permitido à Igreja abandonar a forma da sua mensagem e ordem ao seu próprio prazer ou a mudanças nas convicções ideológicas e políticas prevalecentes”.
Hoje, lembrou Pillay na mensagem dirigida à Igreja Evangélica da Alemanha, a Declaração “nos lembra o vínculo inextricável entre a busca pela unidade da Igreja e a necessidade de uma mensagem comum com base em nossa fé contra a tirania, a guerra e a injustiça”.
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