24 Janeiro 2024
A “Carta do Papa Francisco aos jovens” que apresenta a nova edição do “Youcat. Catecismo da Igreja católica para os jovens”.
A carta é de Papa Francisco, publicada por La Stampa, direcionada aos jovens, 22-01-2024. A tradução é de Luisa Rabolini.
Caros jovens, o amor é a primeira razão da existência da Igreja. Estou falando, principalmente, de amor de ternura e de misericórdia que Deus Pai sente para cada ser humano e que Jesus Filho nos revelou com a sua vida, a sua morte e a sua ressurreição. É por causa de tanto amor que nos tornamos cristãos e é precisamente este amor que sempre experimentamos com a nossa participação na vida da comunidade, especialmente aos domingos, graças à ação de Espírito Santo. Mas também gostaria de falar do amor que, como crentes, sentimos por Jesus, Ele é o centro do nosso coração. Como, de fato, não sentir sentimentos de verdadeiro afeto por aquele que nos tornou participantes de um amor - aquele do Pai - do qual é impossível imaginar um maior? O crente está, portanto, sempre apaixonado por Jesus. Assim se entende a razão pela qual a forma própria para tornar-se cristão é a de um encontro. Bento XVI dizia isso muito bem quando, no início da sua primeira Encíclica “Deus caritas est" escreveu: “Ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo". Ser cristão é, portanto, ao mesmo tempo, um encontro com Jesus e um apaixonar-se por Jesus.
Mas, caros jovens, que tipo de amor seria “aquele que não sentisse a necessidade de falar da pessoa amada, de a apresentar, de a tornar conhecida?” ("Evangelii gaudium", 264). E é assim que nós já adultos na fé não podemos deixar de falar de Jesus, não podemos deixar de apresentá-lo e não nos empenhar para que seja conhecido por quem ainda não teve a possibilidade ou recebeu apenas uma primeira notícia.
Essa é, na verdade, a doce alegria da evangelização: a alegria de levar ao mundo inteiro a próprio amor por Jesus.
Pois bem, esse belo livro que vocês agora têm nas mãos nasce justamente desse amor: o amor por Jesus que nós, crentes, carregamos dentro de nós. “Youcat”, de fato, é o catecismo da Igreja católica pensado para jovens como vocês. Baseia-se no Grande Catecismo da Igreja católica, mas apresenta-se com um estilo e um ritmo que – tenho certeza – farão vocês aproveitar a experiência da vida cristã exatamente como uma extraordinária e fascinante aventura de encontro e conhecimento de Jesus, das coisas que ele disse, dos gestos que realizou, da sua missão na terra e finalmente, da grandeza do seu amor por nós, seres humanos, que o levou à morte na cruz e ao evento glorioso de sua ressurreição. Portanto, convido vocês a ler esse livro com confiança. Aliás, ousaria dizer: amar esse livro, porque é fruto do amor. Vocês descobrirão que ele não tem outra intenção senão despertar ou redespertar em vocês um grande amor por Jesus. Esse é o seu único propósito.
O Papa Bento XVI no prefácio da edição de estreia, apresentando por sua vez este catecismo, utilizou palavras fortes e significativas, que é bom lembrar: “Esse livro é cativante porque nos fala do nosso próprio destino e, portanto, diz respeito de perto a cada um de nós. Por isso, exorto-vos: estudai o catecismo! Estes são os meus votos de coração. Este subsídio ao catecismo não vos adula; não oferece fáceis soluções; exige uma nova vida da vossa parte; apresenta-vos a mensagem do Evangelho como a ‘pérola de grande valor’ (Mt 13,46) pela qual é preciso dar tudo. Portanto, peço-vos: estudai o catecismo com paixão e perseverança! Sacrificai o vosso tempo por ele! Estudai-o no silêncio do vosso quarto, lede-o em dois, se sois amigos, formai grupos e redes de estudo, trocai ideias na internet. Permanecei de qualquer modo em diálogo sobre a vossa fé!”
Sim, vamos estudar este catecismo. Vamos dar-lhe a oportunidade de nos aproximar de Jesus, do seu plano vida, da sua mensagem de amor, da revelação que fez do rosto de Deus e do rosto do homem. Como já tive oportunidade de ressaltar na Exortação Apostólica pós-sinodal "Christus vivit", para jovens como vocês nada pode ser mais adequado para esta época da vida que estão atravessando do que a proximidade com o mistério de Jesus: “Não é de longe nem de fora que Jesus vos ilumina, a vós jovens, mas a partir da própria juventude que partilha convosco" (31).
E na verdade, caros amigos, todos precisamos de Jesus, precisamos conhecer bem o que ele nos revelou, entrar em contato com Ele, nunca perder a conexão com Jesus, para não perder a ligação com a nossa história pessoal e com a história de toda humanidade. E qual é o segredo para nunca perder a conexão com Jesus? O segredo – como algum tempo atrás recordei aos jovens do Chile – foi revelado por Santo Alberto Hurtado, santo daquele país. Naquela ocasião, eu disse: “Hurtado tinha uma regra de ouro para acender o seu coração com um fogo capaz de manter viva a alegria. Sim, Jesus é aquele fogo que incendeia a quem dele se aproxima. E a senha do Hurtado para se reconectar, para manter o sinal era muito simples... Com certeza nenhum de vocês trouxe o celular... vejamos... gostaria que vocês anotassem nos seus celulares. Se quiserem eu posso ditar. Hurtado se questionava – e esta é a senha –: ‘O que faria Cristo em meu lugar?’. Quem puder, a escreva. ‘O que Cristo faria em meu lugar?’. O que Cristo faria em minha casa, na escola, na universidade, na rua, em casa, com os amigos, no trabalho, na frente de quem pratica bullying dizia: ‘O que Cristo faria em meu lugar?’. Quando vocês saem para dançar, praticar esportes ou ir ao estádio: ‘O que Cristo faria em meu lugar?’. Essa é a senha. Essa é a carga da bateria para acender os nossos corações, acender a fé e a centelha nos nossos olhos. Que isso não desapareça! Isso é ser protagonistas da história. Olhos cintilantes porque descobrimos que Jesus é a fonte de vida e alegria".
“O que Cristo faria em meu lugar?”. Aqui está a senha para uma vida verdadeiramente “viva” e alegre: olhar e julgar o que acontece conosco e as decisões que somos chamados a tomar com os mesmos olhos, com os mesmos sentimentos, com a mesma postura que Jesus encarnou. Para isso, nada como o estudo deste catecismo, juntamente com a leitura assídua das páginas do Evangelho e uma prática diária da oração, pode ser mais proveitoso para nós. Ler o Evangelho, rezar com assiduidade e estudar este catecismo com entusiasmo nos ajudam a “transferir” para os nossos corações e para a nossa mente os olhos de Jesus, os sentimentos de Jesus, as atitudes de Jesus, tornando-nos cada vez mais capazes não só de responder à pergunta “O que Cristo faria em meu lugar?”, mas de decidir e de agir de acordo com aquela resposta. É um pouco semelhante ao que acontece quando “baixamos” um programa no computador ou no celular. Assim que a operação for concluída, basta ativar o ícone correspondente e estamos prontos para o que se deseja fazer.
Eu recomendo este catecismo para vocês. Trata-se de um instrumento eficaz para atingir, afinal, o coração da nossa experiência de fé e nos deixarmos iluminar por ela. Estou falando sobre a novidade cada vez surpreendente do Cristo ressuscitado, que nos alcança, além do tempo e do espaço, e nos mergulha sempre no amor do Pai e do Espírito. Por favor, nunca se esqueçam: “Cristo vive. Ele é a nossa esperança e a mais linda juventude deste mundo. Tudo que Ele toca se torna jovem, se tona novo, se enche de vida" ("Christus vivit", 1).
Essa juventude de vida, essa novidade de vida, essa plenitude de vida é o que desejo para vocês, caros jovens amigos. E não se esqueçam de orar por mim. Como eu oro por vocês.
Eu abençoo a todos vocês.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Francisco aos jovens: “No meu catecismo encontrarão a senha para descobrir a alegria” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU