30 Novembro 2023
Um relatório da Universidade de Delaware alerta que “as desigualdades estão extremas” e o mundo, em seu conjunto, perde 2,1 bilhões a cada ano.
A reportagem é de Álex Medina R., publicada por El País, 28-11-2023.
Os ricos são cada vez mais ricos e os pobres, mais pobres. A frase que ele resume sempre informa sobre a desigualdade na sociedade – seja local, nacional ou global – também se aplica à mudança climática. Pelo menos, um dia de hoje, toda vez que no futuro ninguém poderá sacar créditos se não houver uma mudança urgente. De momento, a geografia marca a verdadeira diferença: o norte do planeta beneficia-se economicamente da transformação no meio ambiente enquanto o sul se encontra cada vez mais. São as principais conclusões de um novo relatório do Centro de Mudanças Climáticas da Universidade de Delaware (Estados Unidos), intitulado Perdas e danos hoje: como as mudanças climáticas estão impactando a produção e o capital.
Mapa: Bélen Trincado Aznar
“A mudança climática também está extremando as atuais desigualdades globais, com vários países de alto poder aquisitivo experimentando nesses momentos ganhos líquidos, incluindo um incremento médio dos países europeus de um 4,7% de seu Produto Interior Bruto”, conclui o estudo As perdas de 14,1% e 11,2% que afetam o sudeste asiático ou o sul da África são as melhores do Velho Continente. “Estas pésridas marcam a carga desproporcionada imposta pela mudança climática nos países em desenvolvimento”, pontua o relatório.
Na semana em que começou a Conferência Nacional das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP28) – onde se analisará o alcance de um fundo para dissolver os diferentes impactos do aquecimento global –, o relatório apresentará suas conclusões depois de empregue 58 modelos diferentes e arrojando luz sobre as consequências e sofridas mais do que falar de suposições. Em linhas gerais, a mudança climática ocasionou uma perda de 1,8% no ano de 2022, mesmo quando se pondera por población a cifra se elevou até os 6,3%. Precisamente, esta diferença entre ambas as cifras reconhece realmente a desproporcionalidade das perdas dependendo do país ou da zona. Mar como mar, o mundo perde até 2,1 bilhões de dólares a cada ano por culpa deste fenômeno; aproximadamente, o PIB do Canadá (e um 50% a mais dos 1,4 bilhões de Espanha). Se o foco foi ampliado até o ano de 1992, quando se celebrou a cúpula do Rio de Janeiro que marcou um antes e um depois do debate climático, as perdas acumuladas seriam de 21 bilhões de dólares (além do PIB anual dos Estados Unidos), o que demonstra que a situação impera sem remissão.
Porque é uma questão de tempo e o que hoje é bom para alguns poucos será mau para todos no dentro de muito. O aumento de temperatura registrado nos últimos decênios determinou o resultado atual: a Rússia, por exemplo, viu como seu PIB melhorou em 4,2% devido a uns invernos mais suaves que impulsionaram sua atividade, segundo especifica o estudo, enquanto a Arábia Saudita perdeu 11,3% da riqueza devido às quedas na produtividade laboral e aos sobrecustos em infraestruturas.
Situados em um ambiente mais próximo do efeito neutro, as duas primeiras potências mundiais: Estados Unidos e China. A América do Norte, na verdade, tem um saldo nulo, entre o resto das temperaturas cada vez mais altas (no país) e os invernos mais suaves (no norte). A gigante asiática já está resiente e reduz o equivalente a 1,8% de sua atividade, apenas na mídia mundial.
Um retrocesso semelhante sofre no momento a Espanha, para que o relatório aponta uma descida de 2,2% do seu PIB. Pese a que se encontra no grupo dos países mais desenvolvidos (na terminologia de todas as organizações internacionais), são dos poucos estados europeus com saldo negativo. Grécia e Portugal são os outros estados da zona euro na mesma situação e a Itália rosa por pouco o positivo. O flanco da Europa, por isso, tem problemas em suas economias.
Tudo ao contrário do norte. Deixando de lado a anedota estatística das Ilhas Feroe (seu PIB é um 37,1% melhor), Noruega, Belarus e Islandia observam aumentos de mais de 15% em seu produto interno bruto pela melhoria generalizada dos invernos em termos de temperatura. Suécia, Alemanha, Reino Unido, Áustria, Países Baixos... as economias mais potentes voltaram com o vento a favor da mudança climática.
“Em termos de grandes grupos econômicos, os países desenvolvidos apresentam perdas mínimas ou ganhos devido à mudança climática, enquanto os países menos desenvolvidos enfrentam uma perda média de 8,3% do PIB. Isso incrementa a atual desigualdade global e urge estratégias integrais que atinjam a carga desproporcionada sofrida pelos países em desenvolvimento”, concluiu o estudo da Universidade de Delaware.
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Os países do norte aumentam o PIB devido à mudança climática e ao sul cabe o sofrimento - Instituto Humanitas Unisinos - IHU