17 Outubro 2023
"Giannino Piana nos deixa um legado rico e válido, sustentado pela confiança no homem e no mundo", escreve Piergiorgio Menotti, em artigo publicado por Fine Settimana, 12-10-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
11 de outubro: neste momento doloroso, por ele mesmo anunciado aos amigos, com a dignidade que o distinguia, o pensamento vai para Giannino Piana, “Mestre” da vida hoje para o amanhã. Sentimos um sofrimento que vem da mensagem que ele nos transmitiu da cátedra acadêmica e divulgou ininterruptamente com um diálogo sem fronteiras.
Lembrá-lo não é apenas gratidão pela “presença” iluminadora e provocadora que foi sua história pessoal criticamente vivida, mas ainda mais por uma riqueza cultural que, como germe de vida, fecundou a nossa cotidianidade pessoal e comunitária em relação aos acontecimentos da atualidade social, política, cultural, científica e religiosa. Convivemos com uma “presença”, a sua, que a partir da pesquisa sistemática de uma ética para tempos incertos, promovida com autoridade nas salas universitárias de Sassari, Urbino e Turim, estendeu-se aos encontros de formação destinados a identificar os Caminhos de responsabilidade entre sociedade e política, e à colaboração com revistas de aprofundamento sobre o apelo existencial que as emergências do cenário mundial interpelam.
Cito dois títulos que podem ser lidos como exemplo de seu ensinamento voltado a transmitir a vivacidade da esperança para arrancar o homem, cada homem, de situações de marginalização: Morire oggi. Come custodire la vita? (Servitium, 232) Migrare da noi stessi. Crescere, cambiare, convertirsi (Servitium, 243).
Mestre, portanto, cuja docência ultrapassou os limites precários do tempo, os limites mutáveis da sociabilidade, as carências históricas da política, a radicalidade das ideologias, testemunhando também a mensagem evangélica que transcende o egoísmo generalizado e prevaricador.
Fazer uma escolha capaz de interpretar o sentido profundo da própria vocação, escrevia Piana no artigo da revista de pesquisa espiritual Servitium 232 é a solicitação sintética que hoje acolhemos para que sua “presença” magisterial não desapareça e seja sempre provocadora de um empenho que visa alcançar o bem comum na variabilidade citadina e na urgência ambiental.
A memória de Giannino Piana traduz-se hoje para nós na aceitação responsável de ter sido "alunos" de um "Mestre" que não forneceu noções enciclopédicas tranquilizadoras, mas indicou, percorrendo-os, os caminhos problemáticos da precariedade humana, para que possamos, por nossa vez praticá-los obedientes à consciência.
Ele nos deixa um legado rico e válido, sustentado pela confiança no homem e no mundo.