17 Agosto 2023
A investigação da motivação intrínseca dos consumidores para uma decisão de compra responsável é um instrumento relevante para aumentar as medidas estratégicas do consumo ético (BERKI-KISS; MENRAD, 2022).
O artigo é de José Austerliano Rodrigues, publicado por Ecodebate, 16-08-2023.
José Austerliano Rodrigues é administrador, analista de Sustentabilidade em Marketing e professor em Gestão de Sustentabilidade em Marketing e de Empreendedorismo Sustentável, com doutorado em Sustentabilidade de Marketing pela UFRJ.
À medida que a vida na Terra experimenta cada vez mais a deterioração causada pelas medidas de produção perdulárias da humanidade e pelo tratamento insustentável dos recursos naturais, a demanda da sociedade por um sistema econômico mais sustentável cresce para superar os problemas ambientais e sociais existentes na Terra (OTTO et al., 2021).
Assim sendo, o conceito de bioeconomia circular representa um caminho promissor para enfrentar as ameaças sociais e ambientais existentes, introduzindo alternativas inovadoras de produção e consumo sustentáveis compatíveis com os recursos limitados do planeta.
Todavia, alguns dos principais aspectos visam otimizar a utilização da biomassa, melhorar os recursos e a ecoeficiência e reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, integrando resíduos e desperdícios na cadeia de valor (SCARLAT et al., 2015; CARUS; DAMMER, 2018; STEGMANN et al., 2020; OTTO et al., 2021).
Além de iniciativas políticas e interesses de empresas, Menrad et al. (2009) e comércio visando implementar uma bioeconomia circular, decisões de consumo responsável em nível individual influenciam substancialmente a produção, o consumo e o uso de produtos (PAUL; RANA, 2012; KALLHOFF, 2016; WILKE et al., 2021).
Assim, é de grande relevância analisar os fatores subjacentes que facilitam o consumo sustentável para o consumidor individual e examinar o que os motiva a escolher produtos sustentáveis em vez dos convencionais (OTTO et al., 2021).
Deste modo, o consumo ético é uma forma dos usuários privados se responsabilizarem e se engajarem mais na sustentabilidade, ela os capacita a enfrentar a ideia contraditória de um mercado em constante crescimento e os recursos limitados do planeta (CSIKSZENTMIHALYI, 2000).
Desta maneira, o termo define uma forma consciente de consumir e adquirir produtos que obedecem a determinadas questões éticas, como o apoio a salários justos, direitos e segurança do trabalhador, e contempla também a proteção do meio ambiente natural (DOANE, 2001; STARR, 2009).
Assim sendo, os consumidores éticos usam suas escolhas de consumo para expressar valores morais subjacentes (PELSMACKER et al., 2005b).
Assim, podem abster-se de comprar produtos de empresas social ou ambientalmente irresponsáveis ou se opor à exploração de produtores pobres por meio do boicote de bens correspondentes (STARR, 2009). Uma forma proeminente de praticar o consumo ético é adquirir produtos produzidos e comercializados em condições justas (NICHOLLS; OPAL, 2005).
Da mesma forma, os números de vendas do conhecido certificado Fairtrade (comércio justo) experimentaram um aumento constante em todo o mundo, bem como a proporção de consumidores alemães que consideram os padrões pró-ambientais e pró-sociais garantidos pelo selo Fairtrade na compra (TRANSFAIR eV, 2021).
Desto modo, a organização promove e apoia ativamente o consumo responsável e os esforços de produção para superar a pobreza nos países em desenvolvimento, apoiando assim os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ou seja, ODS 12 – Consumo e Produção Responsáveis) introduzidos pelas Nações Unidas em 2015 (Assembleia Geral da ONU, 2015) e também manifesta os benefícios do conceito de bioeconomia circular (SCARLAT et al., 2015; CARUS; DAMMER, 2018). Em 2020, a marca era conhecida por 90 % dos consumidores alemães.
Contudo, a Teoria do Comportamento Planejado (TPB) Ajzen (1985), é um dos quadros teóricos mais proeminentes aplicados para entender melhor as estruturas subjacentes do comportamento do consumidor ético. A intenção de consumo ético surge da consciência da responsabilidade individual perante a sociedade Pelsmacker et al. (2005a), que preconiza a investigação de características psicográficas adicionais relacionadas à autopercepção e envolvimento pessoal em questões sociais e ambientais.
Desta maneira, pesquisas futuras devem investigar países onde uma mentalidade sustentável no consumismo é menos estabelecida (BERKI-KISS; MENRAD, 2022).
Portanto, pesquisas futuras são encorajadas para comparar diferentes formas de implementação de manifestações emocionais e analisar sistematicamente sua influência no consumo ético.
Mesmo com as limitações da pesquisa e investigações do consumo ético, os resultados devem fornecer às empresas algumas recomendações gerais para melhorar as estratégias de sustentabilidade de marketing em prol do consumo ético (BERKI-KISS; MENRAD, 2022).
Em geral, a identificação de certas variáveis psicográficas que afetam significativamente a intenção de compra contribui para uma melhor compreensão do comportamento de consumo sustentável motivado pela ética (KOSSMANN; GÓMEZ-SUÁREZ, 2018).
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Consumo ético: fatores que influenciam a intenção do consumidor na compra de produtos 'fairtrade' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU