08 Agosto 2023
Assegurando aos padres de Roma sua gratidão e suas orações, o Papa Francisco pediu que eles usassem parte de seu descanso de verão para refletir sobre formas de fortalecer a unidade da Igreja e promover uma maior colaboração com os leigos.
A reportagem é de Cindy Wooden, publicada por Catholic News Service, 07-08-2023. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
“Penso em vocês neste momento em que, junto com as atividades de verão [na Europa], pode haver também um pouco de repouso depois dos esforços pastorais dos últimos meses”, escreveu o papa na carta datada de “Lisboa, 5 de agosto”, indicando que foi assinada enquanto ele estava em Portugal para a Jornada Mundial da Juventude. O Vaticano a publicou dois dias depois.
Como bispo de Roma, Francisco usou a expressão “nossa” ao se referir na carta à Igreja local e aos ministérios e responsabilidades dos padres da diocese, assegurando-lhes que está ciente de suas “alegrias e sofrimentos, projetos e fadigas, amarguras e consolações pastorais”.
“Sobretudo”, disse, ele quis que os padres soubessem que “compartilho com vocês o desejo de comunhão, afetiva e efetiva, enquanto ofereço a minha oração cotidiana, para que esta nossa mãe Igreja de Roma, chamada a presidir na caridade, cultive o precioso dom da comunhão acima de tudo em si mesma, fazendo-o germinar nas diversas realidades e sensibilidades que a compõem”.
“Que a Igreja de Roma seja exemplo de compaixão e de esperança para todos”, continuou, “com os seus pastores sempre e sempre prontos e disponíveis para conceder o perdão de Deus, como canais de misericórdia que saciam a aridez do ser humano de hoje.”
Não importa as limitações de seus ministros ou o aparente insucesso de seus projetos, disse o papa, eles devem se lembrar, como escreveu o jesuíta francês Henri de Lubac, que nenhum erro ou mesmo infidelidade por parte dos ministros pode impedir a Igreja de ser a Igreja de Deus.
“Irmãos, essa é a esperança que sustenta os nossos passos, alivia os nossos fardos, dá novo impulso ao nosso ministério”, disse o papa. “Arregacemos as mangas e dobremos os joelhos (vocês que podem!)”, acrescentou o papa, que não pode se ajoelhar devido a um problema contínuo no joelho.
Dizendo que sabe que menciona isto com frequência, Francisco repetiu seu apelo para que os padres tenham cuidado com o “mundanismo espiritual” e o clericalismo.
“O mundanismo espiritual, de fato, é perigoso porque é um modo de vida que reduz a espiritualidade à aparência” e “leva-nos a ser ‘comerciantes do espírito’, homens revestidos de formas sagradas que, na realidade, continuam pensando e agindo segundo as modas do mundo”, disse ele.
Muitas vezes, afirmou, quando um padre é excessivamente rígido sobre o que ele acha que é a doutrina ou a liturgia apropriada, ele está buscando sua própria glória e poder, não os do Senhor.
O clericalismo é uma manifestação de mundanismo espiritual, disse Francisco.
“Como idoso e de coração”, escreveu ele, “quero lhes dizer que me preocupa quando voltamos a cair nas formas do clericalismo; quando, talvez sem nos darmos conta, damos às pessoas a impressão de que somos superiores, privilegiados, colocados “no alto” e, portanto, separados do restante do Povo santo de Deus.”
O antídoto contra o mundanismo espiritual e o clericalismo, disse o papa, é manter o olhar fixo no Crucificado, sabendo que Jesus morreu pelos pecados de todos – incluindo os dos padres – e que ministrar em seu nome significa esvaziar-se assim como ele.
“Rezemos uns pelos outros ao Espírito”, disse Francisco aos padres da diocese. “Peçamos-lhe que nos ajude a não cair, tanto na vida pessoal quanto na ação pastoral, naquela aparência religiosa cheia de tantas coisas, mas vazia de Deus, para não sermos funcionários do sagrado, mas apaixonados anunciadores do Evangelho, não ‘clérigos de Estado’, mas pastores do povo.”
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“Como idoso e de coração”, Papa Francisco compartilha reflexão com padres de Roma - Instituto Humanitas Unisinos - IHU