19 Abril 2023
Os bispos expressam a esperança de que a fé em Cristo possa “abrir o horizonte para vivermos os 50 dias da Páscoa, um tempo de plenitude no qual testemunhamos o amor de Jesus Cristo ressuscitado”.
A reportagem é de La Croix International, 18-03-2023. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Os bispos da Costa Rica estão pedindo a todas as pessoas de boa vontade que se assegurem de que a criminalidade e a violência desenfreados que penetram em todas as comunidades sejam rapidamente combatidos, tanto por ações concretas de reconciliação quanto pela oração.
“Nossa nação atravessa um dos momentos mais difíceis de sua história devido à quantidade de assassinatos que enlutam as nossas famílias, à violência que penetrou em todas as nossas comunidades e ao temor que se apoderou da sociedade”, disseram os bispos em sua mensagem de Páscoa, ao compartilharem “uma mensagem de esperança com a força ressuscitadora do Senhor Jesus”.
Os bispos expressaram a esperança de que a fé em Cristo possa “abrir o horizonte para vivermos os 50 dias da Páscoa, um tempo de plenitude em que damos testemunho do amor de Jesus Cristo ressuscitado que nos salvou e redimiu”.
Os líderes eclesiais assinalam que seu país centro-americano vive “uma verdadeira emergência devido à violência e à criminalidade que, sem precedentes, afeta a todos (e por isso) devemos volta nosso olhar para o Senhor Ressuscitado e implorar sua presença no meio de nós para que restabeleça a paz na Costa Rica”.
Os desafios são enormes, razão pela qual “somente por meio de uma grande reconciliação nacional que inclua um diálogo sincero e efetivo, que envolva todos os setores, muitos dos quais estão hoje opostos entre si por razões políticas ou ideológicas, poderão ser construídos verdadeiros caminhos para a paz e a concórdia”, disseram os bispos.
Citando a mensagem Urbi et Orbi do Papa Francisco na Páscoa, os bispos apelaram à necessidade de crer “na vitória do amor, para esperar na reconciliação”, dizendo que a força do Ressuscitado é necessária “para que cessem a violência, o ódio e o egoísmo, e possamos com as nossas ações dar testemunho de sua paz, por meio de atitudes de amor e solidariedade”.
Esta não é a primeira vez que os bispos abordam a questão da violência. Em fevereiro, durante a assembleia plenária da conferência episcopal, os bispos lançaram “um forte apelo a todas as autoridades da nação” para pôr fim a essa tragédia e iniciar “um diálogo sério e concreto” para combater a violência.
Sua última mensagem veio depois que o número de homicídios na Costa Rica atingiu um nível histórico com 657 mortes em 2022, com uma taxa de 12,6 por 100.000 habitantes. A taxa de homicídios da Costa Rica em 2021 foi de 11,5 por 100.000 habitantes, enquanto a taxa de homicídios de El Salvador em 2021 foi de 17,6 por 100.000 habitantes e de Honduras de 38,6 por 100.000 habitantes, de longe a mais alta da região.
Os números de 2023 já ultrapassaram em 30% os homicídios ocorridos no primeiro trimestre de 2022. Janeiro terminou com 73 assassinatos, um número nunca antes visto no país. Houve um clamor nacional quando, em 28 de fevereiro, um menino de oito anos de idade foi morto por uma bala perdida enquanto dormia na capital, San Jose. Centenas de pessoas sem ligação com a família do menino compareceram ao funeral, carregando balões brancos.
A Costa Rica, muitas vezes referida como o país “mais feliz” da América Central, enfrenta uma forte violência. Desde 2015, a taxa de homicídios excedeu significativamente o limite epidêmico de homicídios de 10 por 100.000 habitantes indicado pela Organização Mundial da Saúde.
Segundo o InSight Crime, nos últimos anos o país foi atingido por uma onda de homicídios em decorrência do crescimento do crime organizado nacional e transnacional. De acordo com o Programa Estado de la Nación, uma organização que promove o desenvolvimento humano na Costa Rica e na América Central, aproximadamente 89% das vítimas de homicídio eram homens, sendo os revólveres a arma mais usada.
A Costa Rica, uma nação de cinco milhões de pessoas, depende fortemente do turismo, e o governo e as empresas estão cientes de que a publicidade negativa de um único incidente envolvendo um turista pode custar milhões de dólares em receitas perdidas.
Em março, a embaixada dos Estados Unidos na Costa Rica emitiu um novo alerta de segurança para a Costa Rica devido aos “níveis crescentes de criminalidade, particularmente crimes violentos, na Costa Rica e especificamente em San Jose [a capital]”.
“Fique atento ao seu entorno. Saia da área se não se sentir seguro. Mantenha-se discreto em público e evite sair sozinho, especialmente depois de escurecer. Evite joias em excesso, eletrônicos, e carregar e exibir grandes somas de dinheiro”, avisa o documento.
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Bispos da Costa Rica declaram a criminalidade uma “emergência real” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU