19 Janeiro 2023
Um em cada 7 cristãos no mundo, mais de 360 milhões, sofre um alto nível de perseguição e discriminação por causa de sua fé. Esse é o dado-chave da World Watch List 2023, o relatório anual da Open Doors que monitora a condição dos cristãos perseguidos no mundo há trinta anos. O país onde o nível de perseguição é mais alto é mais uma vez a Coreia do Norte, enquanto preocupa cada vez mais a Nigéria, o país onde são mortos 89% dos cristãos de todo o mundo.
A reportagem é de Leone Grotti, publicada por Tempi, 18-01-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
No ano passado, mostra o relatório, 5.621 cristãos foram mortos, 15 por dia, em leve diminuição em relação ao ano anterior (5.898). 2.110 igrejas ou edifícios cristãos foram atacados (metade dos quais na China), 4.542 fiéis foram presos e 5.259 sequestrados (a grande maioria na Nigéria).
A Nigéria é confirmada como o epicentro do massacre de cristãos: de fato, no país mais populoso e rico da África, 5.014 cristãos foram mortos, contra 4.650 no ano passado. São numerosas as causas que levam a uma situação tão alarmante: por um lado o terrorismo islâmico (Boko Haram e Iswap) que assola o norte do país, por outro as ações terroristas dos pastores Fulanis, que atacam as populações agrícolas cristãs, finalmente, a situação de caos e anarquia que predomina em grande parte do país, onde bandos armados sequestram grupos de cristãos para pedir resgate.
Não se deve esquecer que um dos ataques mais graves contra os cristãos em 2022 ocorreu na Nigéria, onde no dia de Pentecostes um grupo de homens armados invadiu a igreja de São Francisco, em Owo, na diocese de Ondo, matando pelo menos 40 fiéis durante a missa.
Entre os cerca de 100 países monitorados pela Open Doors, a perseguição aumenta em termos absolutos, com 76 países onde se verifica um nível alto, muito alto ou extremo de perseguição. Nos últimos 10 anos, de acordo com a pontuação atribuída pela equipe de pesquisa, o nível de violência e discriminação cresceu de 3.019 pontos em 2014 para 3.683 em 2.023.
No geral, 1 em cada 5 cristãos na África, 2 em cada 5 na Ásia e 1 em cada 15 na América Latina sofrem um nível alarmante de perseguição.
A Coreia do Norte é o país mais perigoso para ser cristão, mas nos dez primeiros também entram, em ordem de gravidade: Somália, Iêmen, Eritreia, Libia, Nigeria, Paquistão, Irã, Afeganistão e Sudão.
Em todos esses países, além da violência física, os cristãos sofrem altos níveis de discriminação no trabalho, em termos de acesso restrito a saúde e educação, sob a forma de pressões e ameaças para renunciar à própria fé, negação de ajuda em caso de calamidade e burocracia que impede a autorização para construir igrejas.
As principais causas da perseguição incluem: a violência jihadista, especialmente na África Subsaariana, o modelo chinês de desenvolvimento econômico sem direitos – "copiado" por países como Rússia, Índia e Azerbaijão – e o controle, cada vez mais digitalizado, das comunidades cristãs experimentado em grande escala na China durante a pandemia de Covid-19, a deriva autoritária de muitos países, especialmente na América Latina (Cuba, Venezuela, Nicarágua) e a pressão constante, sobretudo pela maioria muçulmana contra as comunidades cristãs do Oriente Médio.
Como observou Cristian Nani, diretor da Open Doors Italia, “além de tanto sofrimento, porém, estamos testemunhando um milagre: a renúncia à vingança, à retaliação, por parte dos cristãos. Se a resposta fosse proporcional, hoje estaríamos diante de uma catástrofe imparável”, principalmente na África.
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Um cristão em cada sete no mundo é perseguido por sua fé - Instituto Humanitas Unisinos - IHU