Presidente do Chile propõe reforma da previdência para aumentar até 45% valor da aposentadoria

Gabriel Boric | Foto: Reprodução Twitter

Mais Lidos

  • “A América Latina é a região que está promovendo a agenda de gênero da maneira mais sofisticada”. Entrevista com Bibiana Aído, diretora-geral da ONU Mulheres

    LER MAIS
  • A COP30 confirmou o que já sabíamos: só os pobres querem e podem salvar o planeta. Artigo de Jelson Oliveira

    LER MAIS
  • A formação seminarística forma bons padres? Artigo de Elcio A. Cordeiro

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

04 Novembro 2022

Unificar sistema de pensões e acabar com financeirização da previdência são as principais medidas da reforma de Boric.

A reportagem é de Michele de Mello, publicada por Brasil de Fato, 03-11-2022;

O presidente do Chile, Gabriel Boric, apresentou uma proposta de reforma da previdência para criar um sistema misto com contribuições dos trabalhadores, empregadores e do Estado. "Esta reforma é central na nossa tarefa de entregar certezas e garantir seguridade social a todos os compatriotas", disse em transmissão televisiva na noite de quarta (3). Com a medida, o governo promete aumentar em 32% o valor das aposentadorias para os homens e 45% para as mulheres.

Hoje as aposentadorias são oferecidas através das Administradoras de Fundos de Pensão (AFP), entidades privadas que recolhem as contribuições dos trabalhadores em contas individuais e investem na bolsa de valores. No entanto, a maior parte dos rendimentos fica para a AFP. O modelo foi implementado em 1981, como parte da agenda neoliberal do ditador Augusto Pinochet.

De acordo com o presidente Boric, há 2 milhões de aposentados no Chile e cerca de 72% das pensões pagas são inferiores ao salário mínimo, fixado em US$ 410 (cerca de R$ 2.095).

"Com essa reforma, as AFPs irão acabar. Existirão novos gestores de investimentos privados com o objetivo exclusivo de investir em fundos previdenciários e existirá uma alternativa pública, o que permitirá promover a competição entre novos atores", defendeu Boric.

A nova proposta prevê manter a alíquota atual de 10,5% de contribuição dos trabalhadores para suas contas individuais, e realizar um aumento gradual de seis pontos percentuais na alíquota em seis anos. O valor seria cobrado dos empregadores e destinado a um fundo comum de seguridade social, que também contará com aportes do Estado para assegurar o valor mínimo da aposentadoria em 250 mil pesos chilenos (cerca de R$ 1.350).

O mandatário assegurou que mesmo com a extinção das AFPs e criação de um fundo único previdenciário, não há risco de que as pensões acumuladas pelos trabalhadores em suas contas individuais sejam expropriadas pelo Estado. O novo formato estabelece o princípio de solidariedade entre gerações, direcionando parte do valor arrecadado a partir da aprovação da reforma para quem ainda deverá se aposentar - similar ao modelo brasileiro.

No entanto, Boric salientou que o projeto de reforma da previdência só poderá ser aplicado se também for aprovada a reforma tributária, que busca aumentar a arrecadação do Estado.

A proposta prevê ainda um bônus extra, equivalente a 24 meses de arrecadação, com um alíquota de 6% sobre a média salarial de cada pessoa, para oferecer um pagamento único às mulheres que se tornam mães biológicas ou adotivas. Também propõe um bônus para cuidadores de idosos.

O presidente pediu celeridade do Congresso para discutir o projeto, afirmando que é uma reforma postergada há muitos anos no Chile. Pelo menos desde 2016 o povo chileno ocupa as ruas para lutar pela mudança do sistema previdenciário, através do movimento "Não mais AFP".

Leia mais