As ondas do envelhecimento populacional no Brasil. Artigo de José Eustáquio Diniz Alves

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05 Julho 2022

 

"O envelhecimento populacional é um processo de longo prazo. Dia após dia o percentual de idosos na população aumenta. Mas, fundamentalmente, será na segunda metade do atual século que o Brasil será definitivamente caracterizado como uma 'sociedade envelhecida'. Portanto, o futuro do Brasil será grisalho e o destino do país dependerá muito da dinâmica da população idosa e da sua relação e sinergia com os demais grupos etários", escreve José Eustáquio Diniz Alves, demógrafo e pesquisador em meio ambiente, em artigo publicado por EcoDebate, 02-07-2022.

 

Eis o artigo.

 

A transição demográfica brasileira se propaga em ondas. Primeiro caíram as taxas de mortalidade e depois as taxas de fecundidade, gerando mudanças na estrutura etária.

 

Ao longo das décadas, houve uma redução da população jovem e um aumento contínuo da população idosa. Desta forma, o envelhecimento populacional ocorre de forma inexorável, mas de maneira diferenciada entre os grupos etários.

 

O gráfico abaixo, com base nas projeções da Divisão de População da ONU (revisão 2019), mostra como tem evoluído a população brasileira a partir de quatro grupos etários entre 1950 e 2100. O grupo etário 0-19 anos tinha um montante de 27,8 milhões de crianças e adolescentes em 1950, representando 51,6% da população brasileira. Este grupo cresceu em termos absolutos até o pico de 70,4 milhões de pessoas em 1999, quando representava 40,8% da população brasileira. A partir dos anos 2000, este grupo etário de crianças e jovens começou um longo processo de decrescimento absoluto e relativo, devendo chegar a 31,7 milhões de pessoas em 2100, representando somente 17,6% da população total do país.

 

 

O grupo etário 20-39 anos tinha 15,7 milhões de pessoas em 1950, representando 29% da população total e cresceu até o pico de 68,6 milhões de pessoas em 2019, quando representava 32,5% da população. A partir de 2020 este grupo de adultos jovens iniciou uma trajetória de declínio absoluto e relativo e deve chegar em 2100 com 35,8 milhões de pessoas, representando 19,8% da população.

 

O grupo etário 40-59 anos tinha 7,9 milhões de pessoas em 1950 (14,5% da população) e deve atingir um pico em 2040, com 65,2 milhões de pessoas, representando 28,5% da população. A partir de 2041 deve diminuir até 40,8 milhões de pessoas em 2100 (22,6% da população).

 

Já o grupo de idosos de 60 anos e mais de idade tinha somente 2,6 milhões de pessoas em 1950, representado meros 5% da população total. Este grupo deve manter um crescimento contínuo até 79,2 milhões de pessoas em 2075, quando representará 37,6% da população. A partir de 2076, o grupo de idosos começará a diminuir em termos absolutos para 72,4 milhões de pessoas em 2100. Mas em termos relativos será o único grupo que continuará crescendo proporcionalmente e atingirá 40,1% da população total em 2100.

 

O Brasil era considerado um país com uma “sociedade jovem” enquanto o grupo 0-19 anos era o maior grupo etário do país, o que ocorreu até 2010. A população brasileira será considerada “adulta jovem” entre 2011 e 2033, quando o grupo etário 20-39 anos é o maior grupo etário do país. Entre 2034 e 2046 o grupo 40-59 anos será o maior grupo etário, fazendo com que a estrutura etária brasileira seja classificada como “adulta”. Mas a partir de 2047, o grupo idoso (de 60 anos e mais de idade) será o maior grupo etário entre os 4 definidos no gráfico.

 

O envelhecimento populacional é um processo de longo prazo. Dia após dia o percentual de idosos na população aumenta. Mas, fundamentalmente, será na segunda metade do atual século que o Brasil será definitivamente caracterizado como uma “sociedade envelhecida”. Portanto, o futuro do Brasil será grisalho e o destino do país dependerá muito da dinâmica da população idosa e da sua relação e sinergia com os demais grupos etários.

 

Referências

 

ALVES, JED. Demografia e Economia nos 200 anos da Independência do Brasil e cenários para o século XXI (com a colaboração de GALIZA, F), ENS, maio de 2022. Disponível aqui.

 

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