20 Junho 2022
O bispo de Worcester, dom Robert J. McManus, informou à Nativity School, de Worcester, Massachusetts, administrada por jesuítas, que está não é mais identificada como uma escola católica após meses de discussões públicas e privadas sobre as bandeiras do Black Lives Matter e orgulho LGBTQIA+ hasteadas na frente da escola.
O bispo publicou um decreto formal em 16 de junho removendo o apoio à escola administrada pelos jesuítas.
A reportagem é de Maria LeDoux e Margaret M. Russell, publicada por Catholic News Service, 17-06-2022. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Bandeiras do orgulho LGBTQIA+ e Black Lives Matter hasteadas na entrada da escola jesuíta Nativity School, em Worcester, Massachusetts, EUA. Foto: Nativity School of Worcester
Em uma carta de 15 de junho à comunidade escolar, o presidente da Nativity School, Thomas McKenney, disse que a escola vai recorrer da decisão “pelos canais apropriados” e continuará exibindo as bandeiras. Ele disse que a escola afirma que as bandeiras “não são um endosso de qualquer organização ou ideologia”, mas que “tremulam em apoio a pessoas marginalizadas”.
Em 10 de junho, dom McManus assinou um decreto declarando que estava cumprindo suas responsabilidades pastorais e, de acordo com o direito canônico, declarou que a Nativity está proibida “de se identificar como uma escola ‘católica’” ou usar “o título ‘católica’ para descreva a si mesmo”, com efeito imediato.
Ele também disse: “Missa e sacramentos não podem mais ser celebrados nas instalações da Nativity School ou promovidas pela Nativity School em qualquer edifício da Igreja ou capela dentro da Diocese de Worcester”.
A escola também não poderá “realizar qualquer arrecadação de fundos envolvendo instituições diocesanas na Diocese de Worcester e não pode ser listada ou anunciada no diretório diocesano”.
Finalmente, o nome do bispo emérito de Worcester, dom Daniel P. Reilly, deve ser removido da lista do conselho de administração da escola.
A Nativity é uma escola secundária jesuíta, privada, independente e gratuita, fundada em 2003. Não é uma escola diocesana. A escola hasteou as bandeiras do Black Lives Matter e do arco-íris do orgulho LGBTQIA+ no seu prédio e as mantém desde o início de 2021.
Em março, dom McManus foi informado da presença das bandeiras e, de acordo com funcionários da escola, pediu que as bandeiras fossem removidas.
O bispo emitiu uma declaração pública e depois uma carta sobre as bandeiras, depois que a mídia noticiou conversas privadas com a escola.
Em uma declaração de 3 de abril, ele disse: “A Igreja Católica se une à nossa nação no ensino de que todas as vidas são iguais diante de Deus e da lei e que todas as vidas exigem nosso respeito, independentemente de raça, gênero ou etnia”.
Ele disse que a bandeira Black Lives Matter “às vezes foi cooptada por algumas facções que também provocam uma desconfiança generalizada na polícia e daqueles encarregados de fazer cumprir nossas leis”, e a bandeira do orgulho LGBTQIA+ é “muitas vezes usada para contrastar com o consistente ensino católico de que o sacramento do matrimônio é entre um homem e uma mulher”.
Ele instou à Nativity School a reconsiderar as imagens e os símbolos usados em prol da formação espiritual e moral dos jovens.
A carta do presidente da escola sobre o assunto dizia: “A Nativity começou a hastear as bandeiras do orgulho LGBTQIA+ e do Black Lives Matter seguindo o apelo de nossos alunos (a maioria dos quais são pessoas de cor) para expressar apoio para tornar nossas comunidades mais justas e inclusivas”.
Em 5 de maio, dom McManus emitiu uma carta aberta à comunidade sobre as bandeiras da escola, intitulada “Por que os símbolos são importantes”. Ele mais uma vez afirmou a posição da Igreja Católica de amar uns aos outros, independentemente de “qualquer diferencial que se possa citar”.
Ele acrescentou: “Acreditamos que todos nós somos amados por Deus e redimidos por (Cristo). (…) somos guardiões de nossos corpos, mas não os donos para fazermos o que quisermos com eles. Como toda vida humana é sagrada, a Igreja está 100% sustentando a frase ‘vidas negras importam’ (‘black lives matter’)”.
No entanto, “um movimento específico com uma agenda mais ampla cooptou a frase e promove uma agenda de 13 princípios para as escolas… esses princípios incluem, em suas próprias palavras, ser ‘pró queer’ e ‘pró trans’”, escreveu ele.
O movimento Black Lives Matter é contraditório ao ensino social católico sobre o papel da família na sociedade, disse ele.
Afirmando que uma instituição não pode ser dirigida por princípios contraditórios, dom McManus perguntou à Nativity na carta aberta: “Qual identidade você escolhe?”.
Reconhecendo que existem muitas instituições não católicas que realizam um importante serviço humanitário, o bispo disse que “ser católico significa se engajar, mas não negar nossa identidade católica” definida “por 2 mil anos de reflexões teológicas e tradição”.
“Embora todos compartilhemos o desejo de que todos os nossos alunos, em particular nossos alunos negros e pardos do centro da cidade, se sintam seguros e bem-vindos, devemos respeitar o axioma moral de que 'os fins não justificam os meios'”, disse dom McManus.
Antes da publicação do decreto, o bispo escreveu na carta pública: “É minha fervorosa oração que a Nativity decida exibir apenas bandeiras que complementem a cruz de Cristo que lhes diga por que são amados. Bandeiras com as palavras ‘acabe com o racismo’ e ‘somos todos filhos de Deus’ seriam muito mais apropriadas para uma escola católica”.
De acordo com o comunicado da Nativity School, dom McManus alertou a escola em meados de maio que, se as bandeiras não fossem removidas, “a Nativity ‘será proibida de se identificar como uma escola católica’”.
Apesar das comunicações entre o bispo e a Nativity School, as bandeiras Black Lives Matter e do orgulho LGBTQIA+ ainda estão tremulando na frente da escola. A resposta da escola em 15 de junho foi que “após deliberação significativa e discernimento de sua diretoria, equipe de liderança, corpo docente e parceiros, a Nativity continuará a exibir as bandeiras em questão para dar testemunho visível da solidariedade da escola com nossos alunos, famílias e suas comunidades”.
No decreto, dom McManus observou que, como autoridade e superintendente das escolas católicas, é “dever sagrado” e “responsabilidade inerente” de um bispo diocesano determinar se uma escola está ou não agindo de maneira harmoniosa com os ensinamentos da Igreja Católica, enquanto participa da missão evangelizadora da Igreja.
Ele disse que emitiu o decreto formal de acordo com a lei canônica.
McKenney, da Nativity, respondeu: “Em colaboração com a Província Leste dos EUA da Companhia de Jesus, a Nativity procurará apelar da decisão da diocese de remover nossa identidade católica através dos canais apropriados fornecidos pela Igreja em circunstâncias como essa”.
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EUA. Depois de conflito por bandeiras LGBTQIA+ e do movimento negro, bispo de Worcester diz que escola jesuíta não é mais católica - Instituto Humanitas Unisinos - IHU