06 Junho 2022
Tudo o que não se regenera degenera, e isso também vale para a fraternidade.
O comentário é do cardeal italiano Gianfranco Ravasi, prefeito do Pontifício Conselho para a Cultura, em artigo publicado por Il Sole 24 Ore, 05-06-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
A sua existência centenária abarcou todo o século XX e se debruçou sobre o novo milênio sempre com um olhar atento: Edgar Morin foi, de fato, muito mais do que um sociólogo, como demonstra também este aforismo que extraímos do seu ensaio sobre Fraternidade, por quê? (2020), tema que permeou toda a encíclica do Papa Francisco intitulada justamente Fratelli tutti (2020). Pois bem, mesmo na natureza - como se ensina com as energias renováveis - a regeneração é essencial para nossa sobrevivência. Essa lei física é válida também para o espírito, a partir da fraternidade para prosseguir para todas as outras relações humanas e que na fé cristã é um dom do Espírito de Deus que é o protagonista da solenidade de Pentecostes de hoje.
Basta, de fato, que se deixe cair uma gota de ódio ou se infiltre a mucilagem da indiferença entre irmãos ou irmãs, que o vínculo se trinca, os sentimentos se corrompem e se inicie a descida pela ladeira da degeneração que conduz do amor à indiferença e até ao desprezo.
É terrível aquele aviso que já no século VII a.C. o poeta grego Hesíodo encastoava nas Obras e nos dias: "Quando você lidar com seu irmão, seja amável, mas tente sempre ter uma testemunha". A suspeita como norma e custódia da relação pessoal é o princípio da dissolução e da transformação de um abraço em um aperto de morte, do dueto entre duas vozes que dialogam num duelo entre duas lâminas que se cruzam.
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#fraternidade. Artigo de Gianfranco Ravasi - Instituto Humanitas Unisinos - IHU