13 Janeiro 2022
"Livros, reflexões, artigos sobre o Sínodo se multiplicam: é uma boa notícia, porque precisamos construir o pensamento para chegar a uma ação verdadeira que não pode mais ser adiada".
O comentário é de Sergio Di Benedetto, professor de literatura italiana da Universidade da Suíça Italiana, em Lugano, em artigo publicado por Vino Nuovo, 12-01-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
Quem quiser entrar numa das livrarias de inspiração religiosa (que, infelizmente, são cada vez menos numerosas), encontraria uma abundância de títulos sobre o tema do Sínodo. Recentemente contei mais de quinze, numa livraria provincial, fruto de várias assinaturas: do teólogo popular ao especialista, da consagrada ao leigo. Os vieses também são diferentes: do bíblico ao teológico, do experiencial e 'analógico' (insistindo na relação entre Igreja sinodal e democracia). Há, portanto, uma vasta gama de materiais sobre o tema do Sínodo, sinal de que, pelo menos no plano do pensamento, da reflexão, do confronto crítico, algo está se movendo, sempre na esteira do Vaticano II e de suas profundas intuições. Também não faltam os vários comentários, curtos e longos, sobre as palavras do Papa.
Sem dúvida, razões de natureza comercial estão na base dessa proliferação: o Sínodo, a visão sinodal da Igreja e da paróquia, a sinodalidade como motivo de 'atualização' das estruturas (e do pensamento) são temas de grande atualidade, temas que de alguma forma tocam nosso ser cristão hoje. Uma página a mais, lida, discutida, sugerida é sempre bem-vinda, pois ajuda a manter o fogo aceso, a manter a atenção, embora - sabe-se - a população de leitores em nosso país seja bastante pequena, ainda mais de livros de viés cristão. Uma página a mais ajuda a ler os sinais dos tempos, a nutrir a meditação e a oração, a viver imersos no mundo de hoje sem fugas e sem simplificações, a inspirar iniciativas adequadas ao nosso hoje.
O caminho sinodal, que tanta dificuldade tem para partir no cotidiano, precisa de pensamento, precisa de ideias e visões, precisa de raízes bíblicas e teológicas, de confronto e de diálogo. Portanto, há necessidade de seiva nas mentes, para que possa então animar a ação. Aqui está o ponto sensível, como já enfatizamos várias vezes, pois o Sínodo e sua organização correm o risco de se tornar um fenômeno de especialistas, de responsáveis e coordenadores, de comunicadores e de pastores, deixando de interceptar o povo de Deus, mais próximo à Igreja, e aqueles distantes, que também teriam muito a dizer. É uma urgência, a do pensamento, típica do nosso mundo pós-moderno, onde dominam as emoções, os instintos, a pós-verdade, os disparates metodológicos, em detrimento de uma abordagem racional pacata, séria, fundamentada.
Da mesma forma, as comunidades cristãs devem tornar-se 'oficinas de pensamento', para poder dar alma e, ao mesmo tempo, fornecer verdadeira concretude ao itinerário sinodal que estamos vivendo, mesmo que pouquíssimos, talvez, o tenham percebido. Novas ideias são necessárias para se tornar habitantes de nossas comunidades; coragem e criatividade são necessárias para fazer do Sínodo um método, evitando o perigo da oportunidade perdida e a armadilha da autorreferencialidade, que os cristãos muitas vezes não conseguiram evitar.
Precisamos do pensamento, para depois chegar à ação: aquela ação que não podemos mais adiar, sem anacronismos e saudades que trazem medo, fechamentos, esterilidade. Precisamos, tanto como do ar, de pensadores corajosos, homens e mulheres de profecia, que não confirmam o existente, mas nos encorajam a olhar além. E também é preciso reler algum clássico, alguma mente sábia do passado, que entendeu o que estava acontecendo e soube sugerir novos caminhos. Toda fecundidade pressupõe uma saída: "Eis que o semeador saiu a semear".
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Sínodo, do pensamento à ação. Artigo de Sergio Di Benedetto - Instituto Humanitas Unisinos - IHU