O suave e o fraco segundo o Tao

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12 Janeiro 2022

 

"Embora o Taoísmo não queira dar lições de moral, tenha como modelo ações que não agem, palavras que beiram o silêncio, ainda assim dá algumas sugestões. E não é diferente, se cavar a fundo, daquela de outras sabedorias: ser como crianças recém-nascidas, governar sem dominar, não falar sobre o que não se sabe", escreve Gabriella Caramore, em artigo publicado por Jesus, revista italiana, edição de janeiro de 2022. A tradução é de Luisa Rabolini.

 

Eis o artigo.

 

“Quando nasce, um homem é suave e fraco; Quando morre, um homem é rígido e forte.

Quando nasce, uma planta é suave e fraca; Quando morre, uma planta é murcha e seca.

Por isto: Rigidez e força são companheiros da morte; Suavidade e fraqueza são companheiros da vida.

Por isto: Se as armas são fortes não serão vitoriosas; Se as árvores são fortes serão abatidas.

Força e grandeza fazem diminuir; Suavidade e fraqueza fazem crescer”.

 

Gosto de começar o ano com um dos últimos capítulos (76) do Tao Te Ching (O Livro do Caminho e da Virtude) que, segundo uma antiga lenda chinesa, foi composto por volta do final do século VI antes da nossa era, pelo velho sábio Lao Tzu. Tendo decidido deixar sua terra e ir morrer longe, antes de cruzar a fronteira foi parado por soldado, que lhe pediu que deixasse pelo menos algo escrito como presente, que pudesse servir para ensinar sabedoria a quem permanecia neste mundo. Lao Tzu não pôde deixar de escrever um livro de cinco mil caracteres, dividido em duas partes, em que explica o que são "caminho" e "virtude". Terminada a obra, que certamente contrariava sua convicção da evanescência de toda sabedoria, desapareceu, e nada mais se soube sobre ele.

 

Para além da lenda, fica o rastro de uma sabedoria que não quer ser sábia, uma virtude que não quer ser virtuosa, uma via que não quer ser “mestra” para ninguém. Por que lê-lo então?

 

Pela beleza de seus versos, em primeiro lugar. Porque embora o Taoísmo não queira dar lições de moral, tenha como modelo ações que não agem, palavras que beiram o silêncio, ainda assim dá algumas sugestões. E não é diferente, se cavar a fundo, daquela de outras sabedorias: ser como crianças recém-nascidas, governar sem dominar, não falar sobre o que não se sabe. Aproxima-se ao conhecimento crítico do século XX e nos ajuda a reencontrar vestígios de sabedoria antiga sob a superfície uniforme da homologação atual de povos e culturas. “O céu é eterno e a terra duradoura:

O céu e terra são eternos e duradouros / Por não viverem para si mesmos

Isto lhes faz durarem eternamente"(7).

 

 

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