"A santidade de Deus resplandece nos membros do seu povo. O enfoque desta obra consiste em mostrá-la presente nos membros da Congregação do Santíssimo Redentor, conhecidos popularmente como padres redentoristas. Está aí a lista. Santidade testemunhada em ato", escreve Eliseu Wisniewski, presbítero da Congregação da Missão (padres vicentinos) Província do Sul e mestre em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), ao comentar o livro Santidade Redentorista: Santos, Beatos, Veneráveis e Servos de Deus Redentoristas [1].
Capa do livro “Santidade Redentorista: Santos, Beatos, Veneráveis e Servos de Deus Redentoristas”.
“A vida de um santo é uma tradução viva do Evangelho, e assim estarei explicando o Evangelho, quando falar sobre Santo Afonso.” Estas foram palavras escritas pelo Cardeal Albino Luciani (que posteriormente se tornou o Papa João Paulo I), numa carta aos padres de Veneza, por ocasião do centenário da Proclamação de Santo Afonso de Ligório como Doutor da Igreja, no ano de 1972. Consequentemente a vida dos santos, beatos, mártires, veneráveis e servos de Deus, na esteira de santo Afonso, ensinam o significado do Evangelho tal como este foi vivido pela Congregação do Santíssimo Redentor (padres redentoristas), em diferentes épocas e períodos, e em diferentes culturas e nações.
Dar a conhecer essa plêiade de redentoristas que se deixaram santificar pela graça do Redentor é a proposta do livro: Santidade Redentorista: Santos, Beatos, Veneráveis e Servos de Deus redentoristas (Santuário, 2021, 240 p.). Este livro foi organizado pelo Pe. Luiz Carlos de Oliveira, que durante anos foi recolhendo a lista dos confrades santos e os que estão em processo de beatificação e canonização, esclarecendo que “nem todos estão sob a Postulação Geral. Seus processos correm em outras postulações. No Capítulo Geral, o postulador apresenta a situação atual de todas as causas de sua responsabilidade. É a melhor informação” (p. 15).
Seguindo a lista dos Santos, Beatos, Veneráveis e Servos Redentoristas, atualizada em agosto de 2021, a referida obra está estruturada em quatro partes:
I) Santos (p. 17-41):
1) Santo Afonso de Ligório, Itália, 1696-1787 – sua formação e decisão vocacional, a fundação da Congregação Redentorista, sua atuação pastoral e sua herança espiritual – beatificado em 1816 e canonizado em 1839 (p. 19-23);
2) São Geraldo Magela, Itália, 1726-1755 – aspectos da sua infância e juventude, sua vocação religiosa, contato com os redentoristas, sua ação missionária marcada por provações, sua morte e posteriormente o reconhecimento como o “Santo das mães” e “dos partos felizes” – beatificado em 1893 e canonizado em 1904 (p. 24-29);
3) São Clemente Maria Hofbauer, República Checa, 1751 – Áustria, 1820 – seu traços de seu nascimentos e juventude, sua atuação na Varsóvia, São Beno e Viena – beatificado em 1888 e canonizado em 1909 (p. 30-35);
4) São João Nepomuceno Neumann, República Checa, 1811 – Estados Unidos, 1860, elementos de sua história, de sua vocação missionária, o primeiro redentorista do Novo Mundo, sua atuação pastoral como bispo de Filadélfia, uma vida breve e de muitas realizações – beatificado em 1963 e canonizado em 1977 (p. 36-41).
II) Beatos (p. 43-150):
1) Beato Pedro Donders, Holanda, 1809 – Suriname, 1887 – beatificado em 1982 (p. 45-46);
2) Beato Gaspar Stanggassinger, Alemanha, 1871-1899 – beatificado em 1988 (p. 47-49);
3) Beato Januário Sanelli, Itália, 1702-1744 – beatificado em 1996 (p. 50-52);
4) Beato Francisco Xavier Seelos, Alemanha, 1819- Estados Unidos, 1867 – beatificado em 2000 (p. 53-55);
5) Beato Nicolau Chanetski, Ucrânia, 1884-1959 – beatificado em 2001 (p. 58-61);
6) Beato Basílio Velychkovski, Ucrânia, 1903 - Canadá, 1973 – beatificado em 2001 (p. 62-65);
7) Beato Zenão Kovalyk, Ucrânia, 1903-1941 – beatificado em 2001 (p. 66-69);
8) Beato Ivan Ziatyk, Ucrânia, 1899 – Rússia, 1952 – beatificado em 2001 (p. 70-72);
9) Beato Domingos Metódio Trcka, República Tcheca, 1886 - Eslováquia, 1959 – beatificado em 2001 (p. 73-74);
10) Pe. Xavier Gorosterratzu Jaunarena, Espanha, 1877-1936 – beatificado em 2013 (p. 77-80);
11) Pe. Ciríaco Olarte y Perez de Mendiguren, Espanha, 1893-1936 – beatificado em 2013 (p. 81-83);
12) Pe. Miguel Goñi Ariz, Espanha, 1902-1936 – beatificado em 2013 (p. 84-87);
13) Pe. Julian Pozo Ruiz, Espanha, 1903-1936 – beatificado em 2013 (p. 88-90);
14) Ir. Victoriano Calvo, Espanha, 1896-1936 – beatificado em 2013 (p. 91-92);
15) Pe. Pedro Romero Espejo, Espanha, 1871-1938 – beatificado em 2013 (p. 93-97);
16) Pe. Vicente Renúncio Toríbio, Espanha, 1876-1936 – martírio reconhecido em 2021 (p. 98-102);
17) Pe. Crescêncio Ortiz Blanco, Espanha, 1881-1936 – martírio reconhecido em 2021 (p. 103-107);
18) Pe. Antônio Girón González, Espanha, 1871-1936 – martírio reconhecido em 2021 (p. 108-112);
19) Pe. Angelo Martínez Miquélez, Espanha, 1907-1936 – martírio reconhecido em 2021 (p. 112-114);
20) Pe. Donato Jimênez Bibiano, Espanha, 1873-1936, - martírio reconhecido em 2021 (p. 115-121);
21) Pe. José Maria Urruchi Ortiz, Espanha, 1909-1936 (p. 122-124);
22) Ir. Gabriel Saiz Gutiérrez, Espanha, 1896-1936 - martírio reconhecido em 2021 (p. 125-126);
23) Ir. Pascual Erviti Insausti, Espanha, 1902-1936 - martírio reconhecido em 2021 (p. 127-129);
24) Ir. Nicesio Pérez Del Palomar, Espanha, 1859-1936 - martírio reconhecido em 2021 (p. 130-132);
25) Ir. Gregório Zugasti Fernández, Espanha, 1884-1936- martírio reconhecido em 2021 (p. 132-136);
26) Ir. Aniceto Lizasoain Lizaso, Espanha, 1877-1936 - martírio reconhecido em 2021 (p. 137-140);
27) Ir. Máximo (Rafael) Perea Pinedo, Espanha, 1903-1936 - martírio reconhecido em 2021 (p. 141-145);
28) Maria Celeste Crostarosa, Itália, 1696-1755 – beatificada em 2016 (p. 146-150).
Observa-se um grande número de beatos ucranianos e espanhóis. Assim, as páginas 56-57 trazem algumas informações sobre a relação da Congregação Redentorista com as Igrejas de rito Oriental e a relação de beatos ucranianos: Basílio, Nicolau, Zenão, Ivan e Metódio, beatificados por João Paulo II, em 2001. Já as páginas 75-76 apresentam alguns dados da presença dos redentoristas na Espanha, a lista de mártires redentoristas espanhóis das comunidades de Cuenca e de Madrid, e informações sobre seus processos de beatificação.
III) Veneráveis (p. 151-179):
1) Pe. José Amand Passerat, França, 1772 – Bélgica, 1858 (p. 153-155);
2) Pe. Vito Michele Di Neta, Itália, 1787-1849 (p. 156-157);
3) Pe. Alfredo Pampalon, Canadá, 1867-1896 (p. 158-161);
4) Pe. Guilherme Janauschek, Áustria, 1859-1926 (p. 162-163);
5) Pe. Pelágio Sauter, considerado o Apóstolo de Goiás, Alemanha, 1878 - Brasil, 1961 (p. 164-165);
6) Pe. Antonio Losito, Itália, 1838-1917 (p. 166-167);
7) Pe. Bernardo Lubienski, Polônia, 1846-1933 (p. 168-169);
8) Pe. Francisco Barrecheguren Montagut, Espanha, 1881-1957 (p. 170-176);
9) Conchita Barrecheguren (Maria de la Concepción Barrecheguren Garcia), Espanha, 1905-1927 (p. 176-179).
IV) Servos de Deus (p. 181-239):
1) Pe. Isidoro Fiorini, Itália, 1867-1956 (p. 183-184);
2) Ir. João Batisa Stöger, Áustria, 1810-1883 (p. 185-188);
3) Ir. Rosário Vito Domenico Adduca, Itália, 1793-1860 (p. 189191);
4) Ir. Celso Alonso Rodriguez, Espanha, 1896-1936 (p. 192-194);
5) Ir. Santiago Margusino Fernández, Espanha, 1863-1936 (p. 195-196);
6) Ir. Angelo Vesga Fernández, Espanha, 1886-1936 (p. 197-199);
7) Pe. Francisco Pitocchi, Itália, 1852-1922 (p. 200-201);
8) Pe. José Maria Leone, Itália, 1829-1907 (p. 202);
9) Pe. Emanuel Ribera, Itália, 1811-1874 (p. 203-205);
10) Pe. Vitório Loyodice, Itália, 1834 - Uruguai, 1916 (p. 206-211);
11) Pe. Vítor Coelho de Alemeida, Brasil, 1899-1987 (p. 212-213);
12) Antônio Solari (oblato redentorista), Itália, 1861 - Argentina, 1945 (p. 214-217);
13) Ir. Marcel Van, Vietnã, 1928-1959(p. 218-221);
14) Pe. Romano Bachtalowskiy, Ucrânia, 1897-1985 (p. 222-223);
15) Pe. José Palewski, Polônia, 1867-1944 (p. 224-225);
16) Pe. Casimiro Smoronski, considerado como “mártir de Auschwitz”, Polônia, 1889-1942 (p. 226-227);
17) Pe. Ján Ivan Mastiliak, Eslováquia, 1911-1989 (p. 228-230);
18) Dom Jorge Gottau, Argentina, 1917-1994 (p. 231-232);
19) Frater Mariano B. Glan, Ucrânia, 1927 - Rússia, 1952 (p. 233-234);
20) Padre Manuel Gil de Segredo, Espanha, 1908-1952 – abrindo seu processo de beatificação (p. 235-239).
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A santidade de Deus resplandece nos membros do seu povo. O enfoque desta obra consiste em mostrá-la presente nos membros da Congregação do Santíssimo Redentor, conhecidos popularmente como padres redentoristas. Está aí a lista. Santidade testemunhada em ato.
Para um leitor não familiarizado com estas categorias: santos, beatos, veneráveis, servos de Deus, processo de beatificação, processo de canonização, em uma edição futura seria interessante uma página ou nota de esclarecimento. A este respeito, Ricardo Figueiredo (2020, p. 11-12), esclarece que o processo de beatificação e o processo de canonização são passos que a Igreja dá até propor uma pessoa como exemplo para os cristãos e como intercessor. Os processos decorrem em várias fases:
1) declaração de nada obsta e abertura do processo de beatificação (a pessoa passa a chamar-se serva de Deus);
2) é feita a investigação da vida, obra e palavras da pessoa que se quer beatificar. Essa fase decorre em dois momentos: o momento diocesano, em que são recolhidos todos os materiais e são feitas todas as investigações possíveis; o momento seguinte é o romano, em que o material recolhido é entregue na Congregação da Causa dos Santos (organismo da Santa Sé para estes processos) e analisado por especialistas, para a criação de um documento a respeito das virtudes heroicas, que é votado em várias comissões até, finalmente, ser apresentado ao papa;
3) quando o papa aprova o decreto de reconhecimento das virtudes heroicas, entra-se na terceira fase do processo de beatificação: a pessoa passa a ser chamada de venerável, o que significa que a sua vida espelha efetivamente o seguimento de Jesus Cristo e a vivência em nível extraordinário da fé cristã;
4) começa o processo a respeito do reconhecimento do martírio (caso haja) ou de um milagre (caso a pessoa não tenha morrido como mártir): sendo positiva a resposta a respeito do martírio ou caso seja reconhecido um milagre, está tudo preparado para, por aprovação do Santo Padre, aquela pessoa ser declarada beata.
5) depois da beatificação (celebração em que são declarados os novos beatos), segue-se a abertura do processo de canonização, em que é necessário o reconhecimento de um milagre (para os mártires) ou de um segundo milagre (para os outros).
6) reconhecido esse milagre, com a aprovação do papa, a pessoa pode ser declarada santa e o seu culto é permitido em toda a Igreja.
As palavras de Dom Orlando Brandes, Arcebispo de Aparecida qualificam este trabalho organizado pelo Pe. Luiz Carlos de Oliveira: “uma obra que não versa sobre a teoria da santidade, mas que retrata e testemunha isto em ato. São pessoas comuns que se tornaram especiais e intercessoras para nós porque acreditaram em Deus e buscaram viver de acordo com o coração do Redentor. Na verdade, este livro nos inspira a acreditarmos que, se foi possível para eles, pode ser também para nós. Os santos, mártires, beatos, veneráveis etc. não formam uma elite, são os que souberam responder ao convite de Deus para viver os valores evangélicos, especialmente a caridade, pois dificilmente alguém alcança a santidade sem experimentar e distribuir o amor, sem vencer a tentação da autorreferencialidade e sem reconhecer em seu próximo o rosto do Criador” (p. 10).
[1] OLIVEIRA, Luiz Carlos de (Org.). Santidade Redentorista: Santos, Beatos, Veneráveis e Servos de Deus Redentoristas. São Paulo: Santuário, 2021, 240 p. ISBN9786555271324.