22 Novembro 2021
Encerrada a Conferência das Partes sobre o Clima da ONU (COP26) que aconteceu em Glasgow, na Escócia, o governo brasileiro liberou nesta quinta-feira (18) os dados de desmatamento da Amazônia referentes aos meses de agosto de 2020 a julho de 2021, que compreende o calendário do desmatamento. No período, a Amazônia perdeu 13.235 quilômetros quadrados de florestas.
A reportagem é de Aldrey Riechel, publicada por Portal Amazônia, 18-11-2021.
Comparado ao mesmo período do ano passado, quando o desmatamento atingiu 10.851 km², a taxa representa um aumento de 22%, a maior desde 2006. Os dados são do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), que consolida os alertas de degradação divulgados mensalmente pelo Deter, ambos do Instituto de Pesquisa Espacial (INPE).
O secretário-executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini, comentou os dados: “o resultado é fruto de um esforço persistente, planejado e contínuo de destruição das políticas de proteção ambiental no regime de Jair Bolsonaro. É o triunfo de um projeto cruel que leva a maior floresta tropical do mundo a desaparecer diante dos nossos olhos e torna o Brasil de Bolsonaro uma ameaça climática global”, disse.
Cada vez mais a preocupação com a degradação ambiental vem pautando reuniões e acordos comerciais. A União Europeia anunciou ontem (17) regras que buscam restringir a importação de commodities agrícolas, como o café, soja, carne bovina, madeira, entre outros, que sejam provenientes de áreas desmatadas. O anúncio deve impactar o mercado brasileiro e a Sociedade Rural Brasileira anunciou nesta sexta-feira “indignação com a proposta”.
Em nota, afirmaram que apoiam o ministro do meio ambiente, Joaquim Leite, que “prometeu questionar a proposta da UE sob o argumento de desrespeito a soberania nacional dos países e por estar desalinhada ao Acordo de Paris”.
O diretor da Amigos da Terra – Amazônia Brasileira, Mauro Armelin, comentou que “no dia do anúncio da maior taxa de desmatamento dos últimos 15 anos a SRB diz que o ministério do meio ambiente irá protestar com ela contra as medidas de combate ao desmatamento da União Europeia. Timing perfeito!”.
As novas regras ainda precisam ser aprovadas pelo Parlamento Europeu e ministros de países membros e se aprovada não dinstinguirá desmatamento ilegal de desmatamento legal.
Tradicionalmente, os dados de desmatamento da Amazônia são divulgados antes ou durante as conferências do clima, no entanto, este ano, só foram disponibilizados cinco dias após o encerramento oficial do evento. O governo alegou que os dados não estavam prontos, mas o Sindicato Nacional dos Servidores Públicos Federais na Área de Ciência e Tecnologia do Setor Aeroespacial (SindCT) afirmou em carta aberta que a afirmação era “pura mentira”.
“No dia 10 de novembro, quando fez seu pronunciamento [durante a COP26], o Ministro do MMA, Joaquim Leite, já deveria estar de posse da taxa anual de desmatamento. Não falou porque não quis; ou, para também não levar “porrada””, afirma o documento.
O documento oficial do INPE foi divulgado com data de 27 de outubro.
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Desmatamento da Amazônia aumentou 22% em 2021 ultrapassando 13 mil km² - Instituto Humanitas Unisinos - IHU