25 Outubro 2021
O líder religioso participou da inauguração do Centro de Produção Agroecológica da comunidade Valdair Roque (PR).
A reportagem é de Douglas Matos, publicada por Brasil de Fato, 23-10-2021.
Dom Bruno Elizeu, Bispo da Diocese de Campo Mourão, no Paraná, participou, junto com outras autoridades religiosas e representantes do poder público, da inauguração de dois espaços comunitários do acampamento Valdair Roque, localizado em Quinta do Sol, também no Paraná: a capela Santa Catarina e o Centro de Produção Agroecológica Pinheiro Machado.
Na ocasião, o líder religioso afirmou que “o Movimento Sem Terra [MST] oferece uma possibilidade de solucionar a fome. Se as pessoas Sem Terra que querem, que têm vocação para trabalhar a Terra, tivessem um pedacinho para poder trabalhar, com certeza teria alimento em abundância nas cidades”.
O bispo também parabenizou o movimento pela produção de alimentos. “Quero parabenizar a iniciativa pela forma ordeira, pelo testemunho que dão, pela forma como é organizado. É um povo de fé, temente a Deus, que tem como único objetivo criar sua família aqui na terra, porque tem vocação para trabalhar na terra, e produzir alimento para sua família e o excedente partilhar com os demais.”
Na ocasião, Dom Bruno celebrou a missa inaugural, na capela Santa Catarina, ao lado do padre José Carlos Krause, da paróquia do município, e do padre Dirceu Luiz Fumagalli.
O outro espaço, o Centro de Produção Agroecológica Pinheiro Machado, foi inaugurado no mesmo local em que, no dia 2 junho do ano passado, homens armados destruíram lavouras na região. Segundo os moradores, o ataque foi uma forma de pressionar o despejo das moradias.
“Aqui para nós é um símbolo de resistência contra as milícias, esse modelo de agricultura que expulsou nosso homem do campo e que nessa nossa luta de retomar a terra, a gente continue enfrentando, libertar essa terra toda das garras do latifúndio. Que isso aqui seja um espaço onde brote leite e mel para saciar a fome do nosso povo”, garantiu Martina Utemberg, direção estadual do MST, durante o ato de inauguração do Centro. O nome do centro é uma homenagem ao professor Luiz Carlos Pinheiro Machado, que veio a falecer no mesmo dia em que a lavoura havia sido destruída.
Desde o início da pandemia, a comunidade já doou cerca de cinco toneladas de alimentos para famílias em situação de vulnerabilidade social. A ação faz parte da campanha nacional do MST em solidariedade a quem enfrenta a fome neste período de pandemia e de crise econômica. No Paraná, mais de 790 toneladas de alimentos já foram doadas por famílias do MST desde abril de 2020.
Hoje, a comunicação é formada por cerca de 70 famílias que ocupam a antiga Fazenda Santa Catarina, de propriedade da Usina Sabarálcool, que acumula 964 ações trabalhistas somente na Comarca de Campo Mourão.
No evento desta sexta-feira também participaram prefeitos de outras cidades da região, representantes de sindicatos e entidades e dos deputados estaduais José Lemos (PT) e Arilson Chiorato (PT).
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“O MST oferece uma possibilidade de solucionar a fome”, diz Dom Bruno Elizeu, bispo do Paraná - Instituto Humanitas Unisinos - IHU