A guerra é a maior contradição dos direitos humanos. Por uma constituição mundial

Soldados na guerra do Afeganistão | Foto: WO2 Fiona Stapley - Wikimedia Commons

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02 Setembro 2021


A cultura política atual agora chora, mas em 1991 e 2001, justificava as guerras dos Estados Unidos que também nos envolviam, para “exportar democracia”. Essa cultura política do sistema nunca renegou a guerra. Podemos renegá-la hoje que fracassou, porque a negamos desde Gandhi, desde 1940, quando escreve: "Vocês querem eliminar o nazismo, mas nunca conseguirão eliminá-lo adotando seus mesmos métodos" (isto é, com a guerra). "A guerra não pode ser vencida de outra forma" ("Apelo aos Ingleses para a resistência não violenta ao Nazismo", em Harijan, 7 de julho de 1940; em "Teoria e pratica della nonviolenza", Einaudi 1973, p. 250- 251).

O comentário é de Enrico Peyretti, teólogo, ativista italiano, padre casado e ex-presidente da Federação Universitária Católica Italiana (Fuci), em artigo publicado por Fine Settimana, 01-09-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.

A guerra contra a violência é uma competição imitativa: portanto, fracassa. Portanto, está derrotada desde o início. Em 1945, a vitória militar substituiu o nazismo com a ameaça de guerra nuclear para o mundo. Um orgulho italiano: o terrorismo não foi vencido com violência, mas sobretudo com a resistência da consciência popular.

A democracia dos direitos humanos ou se torna pacífica e renuncia-supera a guerra ou fracassa. A guerra é a maior contradição dos direitos humanos. A violação dos direitos humanos é inseparável, na guerra, entre uma parte e a outra: toda arma ofende toda a humanidade, mesmo quem a usa. Quem vive pela espada morre pela espada. Não há ameaça de morte que possa deter o terrorista suicida, porque a sua própria morte é o seu instrumento: a única defesa é tanto a justiça universal, que retira os motivos de reivindicações, quanto o diálogo amigável entre culturas e religiões, que desmantela a ideologia da superioridade religioso-cultural (esse pecado foi e ainda é típico do Ocidente, das Cruzadas às colônias, ao capital-imperialismo).

Hoje vivemos uma virada perigosa: tendo fracassado o império EUA, como o império URSS em 1989, está chegando o governo das armas? Não! Chegou a hora de uma constituição mundial pluralista de pleno respeito aos direitos humanos de todos, o fim do sistema que cria "os descartados" e as imensas desigualdades.

A violência econômica estrutural e a violência cultural soberba estimulam a violência rebelde e, em seguida, a resposta da violência repressiva: uma cadeia de fracassos e de dores. Mas a humanidade poderá sair dela: cabe a todos nós pensar, reencontrar e querer os caminhos da paz na justiça para todos os humanos e para toda a terra.

 

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