01 Setembro 2021
Massimiliano Strappetti é o enfermeiro que convenceu o Papa a fazer a cirurgia ao cólon. Ele o elogia: "Ele salvou minha vida". E quanto às indiscrições sobre sua possível renúncia responde: “Quando o Papa está doente, aparece um furacão de conclave” - “Um enfermeiro salvou-me a vida. Um homem com muita experiência”. Depois de dias de informações de bastidores sobre suas reais condições de saúde, após a cirurgia ao cólon em 4 de julho, o Papa Francisco, em entrevista à emissora espanhola Radio Cobe, ironizou: "Estou salvo".
A reportagem é de Virginia Piccolillo, publicada por Corriere della Sera, 31-08-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
Mas depois, mais seriamente, quis ressaltar os efeitos de uma intuição que o levou a se submeter a uma cirurgia para a estenose diverticular sintomática do cólon. Uma sugestão baseada na análise dos sintomas que foi decisiva para induzir o Papa a fazer aquela cirurgia, realizada com sucesso na Policlínica Agostino Gemelli em Roma, pelo cirurgião Sergio Alfieri, na qual foi decidido na última hora, na sala de cirurgia, a mudança de técnica: passando da laparoscópica, com pequenos orifícios, à tradicional com o corte.
“É a segunda vez na minha vida que um enfermeiro salva a minha vida: a primeira foi no ano de 1957”, acrescentou o Papa, aludindo a quando, aos 21 anos, teve a retirada de uma parte do pulmão direito e uma seminarista italiana, enfermeira na Argentina, se opôs à medicação prescrita.
A atuar como anjo da guarda do Papa antes, e depois daquela intervenção, foi Massimiliano Strappetti. Gentil, apaixonado pelo seu trabalho, muito reservado, nos corredores do Vaticano muitos o reconheceram como o enfermeiro elogiado pelo Papa. Justamente ele havia aparecido ao lado do Pontífice na primeira aparição pública, no Angelus de 11 de julho, junto com os “pequenos amigos” de Jorge Mario Bergoglio: os pacientes da enfermaria de oncologia pediátrica do Gemelli.
Cinquenta e dois anos, pai e marido amoroso, descrito por quem o conhece como generoso e dedicado aos outros, mesmo fora do seu trabalho. Um empenho com o voluntariado que o leva a cuidar dos últimos, tão caros ao Papa Francisco. Aqueles que são chamados de "moradores de rua".
Em serviço na guarda médica do Vaticano, Strappetti chegou depois de uma carreira profissional no hospital Gemelli. Durante anos, ele trabalhou em terapia intensiva: um setor crucial e muito delicado no qual a diferença entre a vida e a morte pode ser feita por um simples descuido ou uma intuição feliz. Ele foi então chamado ao Vaticano e prestou assistência ao Papa Woytila e ao Papa Ratzinger.
Tímido, discreto, Strappetti não faz menção nas redes sociais daqueles dias que deixaram com a respiração suspensa, não só os católicos. Em seu perfil no Facebook, fotos de familiares e alguns símbolos da Lazio, como a Águia ou o velho técnico Petkovic. Entre as últimas postagens, as palavras: “As vacinas não te fazem pegar a Covid”, e a foto de um recém-nascido confiado aos militares, por cima do arame farpado, por uma mãe afegã: “Foto símbolo de uma imensa dor e da maldade humana”.
O Papa, que planejou uma viagem de quatro dias a Budapeste, na audiência da última sexta-feira, 12 de setembro, se desculpou por não poder falar em pé: “Ainda estou no período pós-operatório e tenho que ficar sentado”. Na entrevista à rádio Cope, porém, o pontífice cortou logo às especulações sobre sua possível renúncia dizendo: "Quando um Papa está doente, levanta-se um vento ou um furacão de Conclave".
A íntegra da entrevista do Papa Francisco, em espanhol, pode ser ouvida aqui.
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O empenho na enfermaria e pelos sem-teto: o enfermeiro anjo que salvou o Papa - Instituto Humanitas Unisinos - IHU