30 Agosto 2021
“O presidente Jair Bolsonaro quer botar o povo na rua no Sete de Setembro com a fake news de que é “impedido de governar” pelo Supremo e o Congresso, materializando seu sonho infantil e doentio de estar em guerra: “Tenho três alternativas: estar preso, ser morto ou a vitória”. Ninguém ameaça matar Bolsonaro, ele é que tem obsessão em fuzis e sua tropa é que ataca os outros. Logo, o presidente precisa, urgentemente, de um médico” – Eliane Cantanhêde, jornalista – O Estado de S. Paulo, 29-08-2021.
“O pretexto para falar de fuzis, prisão e morte é a guerra ao comunismo. Que comunismo? É só a mistificação contra quem defende Amazônia, educação pública, nossa música, nosso cinema, nosso teatro, os povos originários, a boa diplomacia, a saúde e a vida. Como o País é livre, cada um escolhe seu rumo: a favor da vida, da ciência, dos direitos, dos valores e das riquezas nacionais ou contra as instituições, as eleições, a democracia e a Amazônia. A maioria defende feijão. A minoria histérica, fuzil” – Eliane Cantanhêde, jornalista – O Estado de S. Paulo, 29-08-2021.
"Temos um presidente que não deseja nem provoca rupturas, mas tudo tem um limite em nossa vida. Não podemos continuar convivendo com isso" – Jair Bolsonaro, presidente do Brasil, durante evento na Assembleia de Deus – Folha de S. Paulo, 29-08-2021.
"Nenhum homem aqui na terra vai me amedrontar". "Vivo? Dependo de Deus. Uma vitória, ao lado de vocês" – Jair Bolsonaro, aos apoiadores no culto da Assembleia de Deus, afirmando que não há chance de ser preso.
“Quem nega altos riscos na ação de bolsonaristas no 7 de Setembro —um coro que cresce a cada dia— está a serviço de Bolsonaro ou comete uma leviandade. Não há sinais, de descontrole ou de contenção, merecedores de confiança. Em contrapartida, sabe-se que o bolsonarismo é perigoso em si mesmo, sempre potencialmente criminoso nos meios e nos fins. E Bolsonaro, ele sim, emite sinais claros de sentimentos opressivos, de cerco e medo: o ataque frontal ao Supremo, a incessante corrida a aglomerações excitáveis de Norte a Sul, o agravamento de suas falas —e a convocação às "manifestações do 7 de Setembro do povo" – Janio de Freitas, jornalista – Folha de S. Paulo, 29-08-2021.
“Muitos governadores estão com preocupação extrema. A situação é de tal maneira desarticulada, que aos governadores não bolsonaristas falta até a segurança de que devam mobilizar suas PMs. Em vários estados, como Ceará, pode ser melhor a polícia invalidada no quartel do que nas ruas com seu bolsonarismo. Uma síntese da situação: o baderneiro agressivo é menos ameaçador do que polícias” – Janio de Freitas, jornalista – Folha de S. Paulo, 29-08-2021.
“Não esqueça: "Tem que todo mundo comprar fuzil, pô". Aquela história de direito de defesa era para começar. Fica às claras, arma de combate. E convocação à guerra civil não justifica impeachment” – Janio de Freitas, jornalista – Folha de S. Paulo, 29-08-2021.
“A pororoca do 7 de Setembro bolsonarista talvez sirva para Jair Bolsonaro mostrar que uma tentativa de impeachment ou de torná-lo inelegível de outro modo teriam custos, como tumultos nas ruas ou motins militares; de resto, quer manter viva a chama infernal de sua seita. Isto é, a depender do tamanho das manifestações, Bolsonaro poderia em tese tentar garantir o empate em um jogo que, na verdade, já vinha empatado: mesmo agora, ninguém com poder quer derrubá-lo” – Vinicius Torres Freire, jornalista – Folha de S. Paulo, 29-09-2021.
Dadas a falta de dinheiro público, a perspectiva de crescimento baixo, a incerteza política até 2023 (pelo menos) e a economia cronicamente disfuncional, não haverá investimento bastante para evitar a degradação de infraestrutura e da oferta geral de bens e serviços; a destruição ambiental e o desastre ainda maior da educação também são empecilho para dias melhores. Mas a miopia bárbara e contraproducente tem sido a regra na última quase década. É um obstáculo para a reconstrução e a desbozificação do país. Em suma, Bolsonaro tem meios de empatar o jogo, de evitar a queda; o bolsonarismo pode ir muito além” – Vinicius Torres Freire, jornalista – Folha de S. Paulo, 29-09-2021.
“A oposição começa a convocar nas redes sociais um panelaço nacional para as 19h do dia 7. "Em homenagem a 7% de inflação, 7% taxa de juros, 7 reais a gasolina, 70 reais o kg da carne, 7 reais kWh bandeira vermelha VAMOS FAZER 7 minutos de panelaço 7 da noite 7 de setembro", afirma postagem compartilhada com a hashtag #ForaBolsonaro” – Julia Chaib Marianna Holanda Mateus Vargas – Folha de S. Paulo, 29-08-2021.
“Para Ottoni e Tiago Cabral, também da IDados, a taxa de participação deve seguir em alta nos próximos meses, no contexto da retomada do setor de serviços e de redução das incertezas com a pandemia. Os cálculos da consultoria apontam que o desemprego médio esperado para este ano é de 14,3%, superior ao observado em 2020 (13,5%). Para 2022, a expectativa é de uma desocupação ainda alta, atingindo 11,8% no quarto trimestre — acima dos 11% registrados antes da pandemia, no quarto trimestre de 2019” – Douglas Gavras, jornalista – Folha de S. Paulo, 29-08-2021.
“A expectativa de crescimento para o ano que vem já caiu para baixo de 2% em análises recentes de diferentes instituições. O FMI (Fundo Monetário Internacional), por exemplo, já fala em 1,9%; o Itaú, em 1,5%; a MB Associados, em 1,4%. Para 2023, a previsão de alta do PIB é de 2,5%, ainda segundo o Focus” – Douglas Gavras, jornalista – Folha de S. Paulo, 29-08-2021.
“Foi por pouco que Sérgio Batista Silva, 52, não fugiu das estatísticas de desemprego. Desempregado desde maio, o vigia acordou cedo, tomou um café da manhã modesto e saiu de casa antes do amanhecer. Quando chegou na porta da empresa, onde estavam oferecendo vagas para segurança, já não tinham mais senhas para entrevistas de emprego. "Descobri que tinha gente na fila desde o dia anterior. As 50 senhas não deram nem para metade da fila." Ele agora conta com o bilhete para viagens gratuitas, que o Metrô de São Paulo oferece para desempregados, para poder continuar saindo em busca de um novo emprego. "Tenho uma filha e um neto. Topo tudo, menos desistir" – Folha de S. Paulo, 28-09-2021.
"A gente não sabe como vai ser o dia de amanhã. A única certeza é que alguns setores não vão voltar ao que já foram", diz o especialista em petróleo Edson Pimentel, 46. Há duas décadas ligado a um setor que foi um dos mais afetados na recessão de 2015 e 2016, ele passou por todas as turbulências do mercado de trabalho dos últimos anos” – Folha de S. Paulo, 28-09-2021.
"Quando saí da faculdade, há 20 anos, recebi quatro ofertas de emprego. O trabalho me permitiu morar nos Estados Unidos, na Argentina e no Nordeste, parecia que tudo ia ficar bem", conta. Até que veio a primeira crise, há cinco anos, que fez ele perder a função e virar motorista de Uber. Com o diploma de engenharia na gaveta, Pimentel chegou a ser gerente em uma rede de supermercados e agora usa as economias e os investimentos que fez para montar uma consultoria na área de petróleo, com a esperança de que as coisas melhorem. "É aquela 'esperança de classe média', que acredita no país, ao mesmo tempo que não descarta pegar os filhos e ir morar no exterior. Sinto que tudo que estudei nesses anos está sendo jogado fora" – Folha de S. Paulo, 28-09-2021.
“É um momento dramático. As expectativas econômicas estão começando a mudar nas últimas três semanas, e 2022 parece um ano mais difícil hoje do que parecia um mês atrás. Não sei se é [um quadro] tão incomum, porque o Brasil tem lidado com vulnerabilidades macroeconômicas e incertezas do manejo fiscal, de forma crônica, nos últimos cinco a dez anos” – Christopher Garman, cientista político e diretor para as Américas na Eurasia Group, uma das principais consultorias de análises de risco do mundo – Folha de S. Paulo, 29-08-2021.
“Acho que vivemos um momento crônico em que a percepção de quebra institucional vai sempre estar maior do que ela de fato é. No fundo, um quadro institucional tão robusto é que gera tanto ruído assim. Em países onde as instituições não são tão fortes, não se gera ruído, e isso é ruim. Significa que um lado está dominando o outro” – Christopher Garman, cientista político e diretor para as Américas na Eurasia Group, uma das principais consultorias de análises de risco do mundo – Folha de S. Paulo, 29-08-2021.
“Um mês atrás, eu daria 10% de probabilidade para a chance de um candidato de terceira via chegar ao segundo turno. Achava muito difícil perante o ex-presidente Lula, com uma base consolidada na esquerda, e um presidente [Bolsonaro] com perspectivas de se recuperar. Aí é muito difícil haver um espaço. Hoje eu colocaria a probabilidade em 20%” – Christopher Garman, cientista político e diretor para as Américas na Eurasia Group, uma das principais consultorias de análises de risco do mundo – Folha de S. Paulo, 29-08-2021.
“Acho que, se ele (Lula) for eleito, não vai ser totalmente irresponsável, de populismo da esquerda, radical. O ex-presidente Lula tem um DNA pragmático. Sempre foi pragmático, como liderança sindical e no governo” – Christopher Garman, cientista político e diretor para as Américas na Eurasia Group, uma das principais consultorias de análises de risco do mundo – Folha de S. Paulo, 29-08-2021.
“É muito difícil impichar um presidente com uma taxa de ótimo/bom na casa de 23%, 25%. Ele tem uma base orgânica na sociedade. E deputados vão ficar com receio de impichar um presidente que ainda possui uma taxa de apoio considerável. Estamos a praticamente um ano da eleição e o presidente está bem mais forte do que os dois últimos presidentes que sofreram impeachment [Fernando Collor e Dilma Rousseff]” – Christopher Garman, cientista político e diretor para as Américas na Eurasia Group, uma das principais consultorias de análises de risco do mundo – Folha de S. Paulo, 29-08-2021.
“Já está bastante claro que o governo não tem proposta sequer para as reformas tributária e administrativa. Quase não há mais perspectiva de que alguma coisa relevante aconteça. Estamos com um cenário de inflação preocupante, que tem obrigado o Banco Central a conduzir um aperto da política monetária. Isso vai frear o nível de atividade no ano que vem. Por fim, há uma ameaça cada vez mais concreta de uma guinada populista fiscal por parte do governo Jair Bolsonaro, à medida que ele fica acuado e que os hormônios eleitorais começam a funcionar de maneira mais exacerbada” – Eduardo Giannetti, economista – O Estado de S. Paulo, 29-08-2021.
“Na época da campanha, eu dizia que os economistas podem ser mais ingênuos sobre a política do que os políticos são ingênuos sobre a economia. E isso o tempo está confirmando” – Eduardo Giannetti, economista – O Estado de S. Paulo, 29-08-2021.
“Já não vejo nenhum sentido na continuidade dele (Paulo Guedes) há um bom tempo. Ele já se desmoralizou por completo e vai se desmoralizar ainda mais se continuar” – Eduardo Giannetti, economista – O Estado de S. Paulo, 29-08-2021.
“O que se montou no Brasil foi quase um estelionato eleitoral, e pode se chamar assim sem exagero. É lamentável que boa parte do empresariado, em nome de evitar Lula a qualquer preço, mais uma vez tenha embarcado em uma aventura que está custando muito caro para o Brasil e que põe em risco a nossa democracia. Não é a primeira vez que vejo esse enredo de que, contra Lula, vale qualquer coisa. Vimos isso na eleição do Collor também” – Eduardo Giannetti, economista – O Estado de S. Paulo, 29-08-2021.
“Não há nenhuma perspectiva de o País ter um crescimento satisfatório no ano que vem. O nível de investimento continua no piso histórico. A capacidade de investimento do setor público está comprometida. Não criamos um ambiente de negócios institucional para infraestrutura. Com essa incerteza política e econômica, nenhum empresário vai querer comprometer recursos em investimento de longo prazo. Então, a gente está caminhando para, depois de uma pequena recuperação cíclica (em 2021), um ano de crescimento baixo, que talvez mal alcance 2%” – Eduardo Giannetti, economista – O Estado de S. Paulo, 29-08-2021.
“O presidente já declarou que não aceita outro resultado que não seja sua vitória eleitoral. Ele questiona a legitimidade do sistema eleitoral de antemão, sem nenhuma evidência e não muito diferente do que Trump tentou fazer nos EUA quando, ao ser derrotado, entrou com aquele discurso de que a eleição tinha sido fraudada, sem nenhuma base ou evidência. Isso levou à invasão do Capitólio, e o que se desenha por aqui é um enredo não muito diferente. Espero que tenha o mesmo desfecho de lá” – Eduardo Giannetti, economista – O Estado de S. Paulo, 29-08-2021.
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As três alternativas, segundo Bolsonaro: Preso, ser morto ou a vitória – Frases do dia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU