25 Agosto 2021
Via Paulo Suess
Ontem deixei passar uma data importante para o Brasil: o suicídio de Getúlio Vargas, em 1954, gesto extremo que adiou por dez anos o golpe militar. A carta-testamento, reproduzida aí embaixo, deveria ser lida nas escolas todos os anos. Talvez seja o documento mais grandioso a história brasileira.
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Mais uma vez as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam; e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes.
Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci.
Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo.
A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a Justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios.
Quis criar a liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobras, mal começa esta a funcionar a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculizada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre, não querem que o povo seja independente.
Assumi o governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores do trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se nosso principal produto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia a ponto de sermos obrigados a ceder.
Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo e renunciando a mim mesmo, para defender o povo que agora se queda desamparado.
Nada mais vos posso dar a não ser o meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida.
Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. Quando vos vilipendiarem, sentireis no meu pensamento a força para a reação.
Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao ódio respondo com perdão. E aos que pensam que me derrotam respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo, de quem fui escravo, não mais será escravo de ninguém.
Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue terá o preço do seu resgate.
Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo.
Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história.
Getúlio Vargas
"E o nosso mundo, Clarice?
Não este, pelas circunstâncias obrigatoriamente político, polêmico, contundente. Mas aquele mundo que nos fala Tchecov: onde repousaremos, onde nos descontrairemos? Ai, Clarice, a nossa geração não o verá. Quando eu tinha quinze anos pensava alucinadamente que minha geração desfaria o nó. Nossa geração falhou, numa melancolia de ‘canção sem palavra’, tão comum no século XIX. O amor no século XX é a justiça social. E Cristo que nos entenda." - Fernanda Montenegro.
Carta da atriz Fernanda Montenegro a escritora Clarice Lispector
Via Cesar Benjamin
Todo apoio ao STF e aos seus ministros quando combatem os genocidas corruptos do governo do fascista Bolsonaro!
"A ministra Cármen Lúcia, do STF (Supremo Tribunal Federal), decidiu manter as quebras dos sigilos telefônico, fiscal, bancário e telemático do deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara, determinadas pela CPI da Covid.
O parlamentar havia entrado com um mandado de segurança no Supremo para tentar anular as quebras, o que Cármen Lúcia negou. Para a tomada de decisão, a ministra considerou que interesses particulares não podem se sobrepor a "razões de relevante interesse público", e medidas como as quebras de sigilos são legítimas desde que respeitem os direitos individuais.
Ela reforçou, no entanto, que o acesso aos dados deve ser restrito para evitar vazamentos de informações." Leia aqui.
Está mais do que anunciado: as manifestações de 7 de setembro pró-Bolsonaro serão essencialmente uma aglomeração de militares.
Mas só de gente da reserva?
"Temos de guardar silêncio por dois motivos: por amor a Deus e por amor à fala".
Thomas Merton - Signo de Jonas, 301
"Quanto mais ignorante é um povo tanto mais fácil é a um governo absoluto exercer sobre ele o seu ilimitado poder. É partindo deste princípio, tão contrário à marcha progressiva da civilização, que a maior parte dos homens se opõe a que se facilite à mulher os meios de cultivar o seu espírito. Porém, é este um erro que foi e será sempre funesto à prosperidade das nações, como à ventura doméstica do homem."
- Nísia Floresta, no livro "Opúsculo humanitário" (1853). São Paulo: Cortez; Brasília, DF: INEP, 1989.
Sempre, em todas as encruzilhadas, é o movimento indígena quem tem as saídas mais desassombradas, lúcidas, contundentes no que colocam para o país.
Tem sido assim no Brasil em especial depois da ascensão mais recente do movimento indígena, desde a luta pelos direitos que ficaram inscritos na Constituição de 1988. E foi assim nos anos lulistas e é assim hoje. Cito a matéria do Instituto Socioambiental - ISA (link abaixo), de onde retiro também a foto de autoria de Kamikiá Kisedje:
"Neste momento, mais de 5 mil indígenas, de 117 povos e de todas as regiões do Brasil, estão reunidos ao lado da Esplanada dos Ministérios, atrás do Teatro Nacional, em Brasília, em defesa de seus direitos, principalmente do direito à terra.
Trata-se da maior mobilização do gênero já realizada na história. Os manifestantes participam do Acampamento Luta pela Vida (ALV), organizado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). Ao longo de toda semana, serão promovidos debates, protestos, atos, atividades culturais e reuniões com representantes dos três poderes para discutir a situação dos povos e terras indígenas no país.
[...}.
A Apib exigiu que viesse a Brasília só quem está totalmente imunizado contra a Covid-19. No acampamento, equipes de saúde estão testando os manifestantes e reforçando as orientações para o uso de máscaras, limpeza constante das mãos e manutenção do distanciamento social. Máscaras estão sendo distribuídas gratuitamente."
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O STF vai apreciar a esdrúxula tese do "marco temporal", o que é um nome bonitinho e presumivelmente técnico de um instrumento genocida, de limpeza étnica.
Segundo essa interpretação, indígenas só teriam hoje direito a terras que já ocupassem em 1988, data da CF. Ora, se a CF foi o COMEÇO da recuperação das terras indígenas que lhes haviam sido roubadas, segue por definição que ela não pode ser um marco adânico, inaugural. Ela é justamente o contrário: o primeiro mecanismo que permite a demarcação de terras que pertencem ancestralmente aos índios mas que eles já haviam perdido.
O "marco temporal" é uma deslavada negação de TODO o espírito da CF-1988.
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Citações e foto retiradas da matéria do ISA. Convido a que leiam a matéria completa aqui:
Via Faustino Teixeira
João Guimarães Rosa,
Nada e a nossa condição
(Primeiras Estórias)
Global Editora, 2019
Para onde irão milhares de afegãos?
Há quinze anos, no dia 27 de agosto de 2006, Dom Luciano Mendes de Almeida subiu ao Céu depois de uma vida de amor gratuito a serviço do outro.
Dom Luciano foi um padre jesuíta, bispo e, para quem o conheceu, também um santo.
HOJE, às 19h30, queremos recordar esse grande amigo e irmão, cujo testemunho está gravado na história da Fraternidade do SERMIG e de tantas pessoas.
Convidamos você a assistir conosco uma belíssima entrevista de Dom Luciano no histórico programa da REDEVIDA “Prazer em conhecê-lo”, entrevista que – como diz o jornalista na abertura – “é um retrato do entrevistado, uma fotografia de alma dele”.
Não perca!
19H30 | No canal do Youtube
24/08/1968 até 06/09/1968 – Segunda Conferência Geral do Episcopado Latinoamericano e Caribenho – CELAM acontecida na cidade de Medellin na Colômbia em 1968. Foi precedido de um Congresso Eucaristico e da presença do papa Paulo VI. Estiveram presentes 137 bispos e 112 delegados, peritos e observadores em um total de 249 pessoas. Resultou em um documento profético para toda a Igreja do Continente latino-americano. Foram assumidas as CEBs e a Teologia da Libertação. É um documento aprovado pelos bispos sem censura das instâncias vaticanas. Texto permanece atual em seus 16 tópicos. Diz a introdução – “A hora atual não deixou de ser a hora da «palavra», mas já se tornou, com dramática urgência, a hora da ação”. Momento de inventar com imaginação criadora a ação que cabe realizar e que, principalmente, terá que ser levada a cabo com a audácia do Espírito e o equilíbrio de Deus. A Assembléia foi convidada “a tomar decisões e a estabelecer projetos, somente com a condição de que estivéssemos dispostos a executá-los como compromisso pessoal nosso, mesmo à custa de sacrifícios”. Primeiro grande momento de uma Igreja adulta no continente. No momento está vivo um único bispo do total de 138 bispos participantes, o brasileiro, cardeal Freire Falcão.
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