10 Agosto 2021
"Carregamos a esperança que mobilizou nossas ancestralidades para que vivêssemos e seguíssemos adiante com elas e com eles pela vida", diz a mensagem da Carta de encerramento do X Encontro Internacional de Mulheres Afro-Ameríndias e Caribenhas Legado, Identidade, Ancestralidade.
O encontro, organizado pelo Coletivo Ponta de Lança, ocorreu de forma virtual no dia 25-07-2021.
A carta foi encaminhada por Ivânia Vieira, jornalista, professora da Faculdade de Informação e Comunicação da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), doutora em Comunicação, articulista no jornal A Crítica de Manaus, co-fundadora do Fórum de Mulheres Afroameríndias e Caribenhas e do Movimento de Mulheres Solidárias do Amazonas (Musas).
Nós, mulheres e homens, jovens e crianças, negras e negros, quilombolas e indígenas, reunidas/os neste 25 de julho de 2021, física e remotamente, saudamos a memória de Mãe Nonata Corrêa – nossa referência contemporânea na resiliência da luta contra todas as formas de racismo, discriminação e sexismo. Reafirmamos, ao encerrar o X Encontro Internacional de Mulheres Afro-Ameríndias e Caribenhas, realizado a partir da cidade de Manaus (AM), nossa determinação em:
- Permanecermos unidas e unidos em defesa da dignidade humana do povo preto, dos povos indígenas e dos quilombolas na Amazônia, na Pan-Amazônia, na América Latina e Caribe e, junt@s a outros coletivos, enfrentarmos todas as formas de opressão no mundo;
- Conclamarmos o povo preto, os quilombolas, os povos indígenas, as mulheres, os homens, as juventudes a mantermos e revigorarmos a nossa unidade plural nas lutas contra o autoritarismo, o segregacionismo e a retirada de direitos conquistados, feita por grupos de poder e por governos, como o do Brasil;
- Alimentarmos nossas almas e nossos corações na grande marcha das mulheres pela liberdade que reivindica enfrentar e desconstruir o patriarcado, as estruturas coloniais e colonizadoras nas quais o capitalismo se alimenta e se mantém voraz destruindo pessoas e lugares;
- Repudiar o governo do presidente Jair Bolsonaro que impõe à maioria da população brasileira a cultura da violência como regra de convivência, ataca as mulheres, as pessoas LGBTQIA+; os povos indígenas, os quilombolas, as/os cientistas, professoras/es comprometidos com uma ciência que está imbrincada nas causas da população; fomentador das invasões e dos conflitos junto às comunidades tradicionais; incentivador da devastação ambiental, e entreguista das empresas públicas, estratégicas ao ecodesenvolvimento brasileiro, ao capital privado;
- Denunciar o presidente Jair Bolsonaro por atos genocidas ao retardar e criar obstáculos na adoção de medidas sanitariamente corretas no enfrentamento à pandemia da Covid-19 que arrastou o Amazonas, a partir da capital Manaus, e o Brasil à tragédia com mais de 550 mil mortos no País e aproximadamente 14 mil mortos no Amazonas até a data de hoje (25 de julho);
- Reafirmar que honraremos os milhares de mortos fazendo cotidianamente a memória do perverso laboratório em que Manaus foi transformada para beneficiar grupos empresariais e agentes governamentais nos negócios feitos a partir da pandemia da Covid-19. Faremos dessa cruel experiência uma bandeira de luta para que os responsáveis sejam punidos e se repita nunca mais;
- Somos antirracistas! E continuaremos agindo em todo lugar, erguendo a nossa bandeira contra o racismo;
- Compreendemos a Arte como instrumento de luta, resiliência e resistência ao que é feio, injusto e mau. A arte nos faz seguir em alianças ecofeministas em busca do belo, justo e bom;
- Solidarizar com todas as famílias e amigos que perderam seus entes queridos pela Covid-19 e a omissão governamental; Somos povos e coletivos animados pela caminhada secularmente feita no enfrentamento ao longo processos de escravização que ceifou a vida de milhares de pessoas. Carregamos a esperança que mobilizou nossas ancestralidades para que vivêssemos e seguíssemos adiante com elas e com eles pela VIDA;
Encerramos o nosso encontro honrando nossas/os ancestrais. Pedindo delas e deles luz, discernimento e coragem para manter amorosamente de pé a Árvore da Vida. Somos seus galhos e suas raízes afro-ameríndias e caribenhas entrelaçando esses galos e essas raízes de todos os povos, mulheres e juventudes em luta por direitos ainda negados e pela realização da justiça socioeconômica, cultural, política e ambiental.
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Carta do Encontro Internacional de Mulheres Afro-Ameríndias e Caribenhas Legado, Identidade, Ancestralidade - Instituto Humanitas Unisinos - IHU