15 Julho 2021
“Arthur Lira e Augusto Aras encarceraram a separação de Poderes. A proposta moderna de, em nome da liberdade, fatiar o poder estatal e sujeitá-lo a freios e contrapesos foi traduzida pela Constituição num emaranhado de mecanismos que tentam conter a delinquência política e a delinquência presidencial por crimes comuns e crimes de responsabilidade. A Câmara dos Deputados, incumbida de iniciar processo de impeachment, e a Procuradoria-Geral da República, com dever de investigar evidências de crimes comuns, estão trancadas pelo momento. A dupla de carcereiros diz ter o monopólio das chaves e submeteram a democracia ao regime de lockdown. Não o sanitário, mas o institucional. A manobra jurídica tem sido tolerada pelos Poderes Legislativo e Judiciário. E mal compreendida por nós” - Conrado Hübner Mendes, professor de direito constitucional da USP, doutor em direito e ciência política – Folha de S. Paulo, 15-07-2021.
“Um guia dos perplexos em direito constitucional e política brasiliense precisa dar respostas a essa angústia. Arthur Lira e Augusto Aras confiam deter poder monocrático absoluto e irrecorrível” - Conrado Hübner Mendes, professor de direito constitucional da USP, doutor em direito e ciência política – Folha de S. Paulo, 15-07-2021.
“A internação repentina de Jair Bolsonaro, apesar dos sinais externos de deterioração física dos últimos dias, fez ressurgir uma das personas prediletas do entorno do presidente: a do mártir político” - Igor Gielow, jornalista – Folha de S. Paulo, 15-07-2021.
“Poucas horas depois que a sirene tocou no Planalto acerca da gravidade do caso do presidente, nesta quarta (14), coube novamente às redes sociais de Bolsonaro, gerenciadas pelo filho Carlos, lembrar o país do sacrifício do líder. O texto com uma foto descamisada do presidente diz que as agruras que sofre são consequências da 'da tentativa de assassinato promovida por antigo filiado ao PSOL, braço esquerdo do PT, para impedir a vitória de milhões de brasileiros que queriam mudanças para o Brasil'"- Igor Gielow, jornalista – Folha de S. Paulo, 15-07-2021.
“A família Bolsonaro, no entanto, teve tempo de politizar ou, mais que isso, partidarizar a doença do presidente. Exposto semidesnudo sob apetrechos médicos, Bolsonaro ou seu porta-voz midiático-social ainda era capaz de atribuir a doença ao PT. Nessa lição de anatomia ideológica, o martírio do acossado pelo 'sistema' que 'não deixa o homem trabalhar' se transformava no padecimento do homem comum seminu e largado, uma versão grotesca de são Sebastião flechado pelo cateter” – Vinicius Torres Freire, jornalista – Folha de S. Paulo, 15-07-2021.
"Conheço a peça. O capitão Bolsonaro está à beira de um ataque de nervos. (...) O capitão Bolsonaro vai enfrentar a Justiça. E arrisco dizer que vai ser preso pelos crimes que já cometeu e ainda vai cometer até final do mandato" – Paulo Marinho (PSDB), empresário, chegando a afirmar que Bolsonaro vai ser preso caso não se reeleja – Folha de S. Paulo, 15-07-2021.
"O capitão vai tentar dar um golpe com as milícias, que é o grupo que o acompanha desde o início da sua vida política. Gracas a Deus, esse grupo não tem tamanho para mudar a história da democracia brasileira. Ele acha que tem. Mas não tem" – Paulo Marinho, empresário - que conviveu diariamente com Bolsonaro entre julho de 2017 e outubro de 2018 – dizendo não ter dúvidas de que o presidente tentará virar a mesa ante a ameaça de uma derrota em 2022 – Folha de S. Paulo, 15-07-2021.
“Ao mesmo tempo em que a humanidade produz pessoas como essas [Bolsonaro, Lukashenko e Orbán], também já produziu Cervantes, Shakespeare, Chopin. Então, alguma esperança acho que nós podemos ter” - Sergei Loznitsa, cineasta que traz nova luz ao episódio no documentário 'Babi Yar. Context' apresentado em Cannes, lembrando lideranças como Jair Bolsonaro, o bielorrusso Alexandr Lukashenko e o húngaro Viktor Orbán como “tiranos contemporâneos” que muito do que fazem não deixa tanto a desejar aos que praticaram as atrocidades do passado – Folha de S. Paulo, 15-07-2021.
“É impossível entender seu assombroso (dado o tamanho da onda disruptiva que o elegeu em 2018) derretimento sem levar em conta o profundo impacto psicológico do fracasso no combate à pandemia. O presidente não tem capacidade intelectual nem o instinto político para entender exatamente o que está acontecendo, o que o impede também de enxergar como suas reações desequilibradas (política e psicologicamente) pioram em vez de atenuar um quadro político-eleitoral que lhe é hoje francamente desfavorável e, com alta probabilidade, também irreversível” – William Waack, jornalista – O Estado de S. Paulo, 15-07-2021.
“Forma-se em elites dirigentes empresariais envolvidas no jogo político uma curiosa noção segundo a qual Bolsonaro é o único fator que explica o sucesso de Lula nas pesquisas de intenção de voto. Portanto, para evitar uma vitória de Lula, o caminho evidente seria tirar Bolsonaro do páreo eleitoral, eventualmente através de impeachment. Por enquanto esse caminho parece distante por uma série de motivos, entre os quais predomina a ausência de uma 'massa crítica política' no Legislativo. (...) No atual contexto (admita-se, bastante volátil) parece que só Bolsonaro leva ele mesmo à guilhotina, especialmente se partir para um tudo ou nada golpista” – William Waack, jornalista – O Estado de S. Paulo, 15-07-2021.
“O relatório do deputado Celso Sabino, da reforma do Imposto de Renda, provocou um estado de felicidade e alívio para grandes empresas, bancos e setores mais afetados pela proposta inicial. (...) O relatório dá uma virada de quase 180 graus em relação ao que o presidente Jair Bolsonaro protocolou no Congresso. Se o original caminhava mais na direção de uma distribuição de renda mais progressiva, ao taxar os super-ricos, o parecer pode resultar em maior regressividade” – Adriana Fernandes, jornalista – O Estado de S. Paulo, 15-07-2021.
“Guedes disse que está tranquilo com a perda de R$ 30 bilhões porque vai compensar com arrecadação futura que virá do crescimento. Mas esqueceu de contar que quase metade da arrecadação do IR é dividida por determinação da Constituição com Estados e municípios, que não foram ouvidos e estão agora reclamando. Essa não será uma briga fácil. Eles se perguntam por que o ministro não fez a “bondade” para as empresas desonerando a CSLL, que não é dividida com os governos regionais” – Adriana Fernandes, jornalista – O Estado de S. Paulo, 15-07-2021.
“Se for ter queda na arrecadação, o governo pode ter de escolher entre afrouxar metas ou reduzir despesas. A opção de redução de despesas parece bem difícil no atual cenário de vésperas de eleições. O que assusta é a reforma se tornar um trem descarrilado, sem controle, com todo mundo querendo pular da janela com a sua bondade na mão para pagar menos imposto. Esse cenário pode já estar acontecendo. E o fim dessa história tem chances de ser desastroso” – Adriana Fernandes, jornalista – O Estado de S. Paulo, 15-07-2021.
"Algumas marcas são exclusivas nossas aqui no Rio. Desde novembro de 2019, quando a loja foi aberta, a gente não parou em nenhum momento, o atendimento continuou a domicílio quando o shopping foi fechado. Com a reabertura, o público foi voltando gradativamente. A gente tem um tratamento muito individualizado, sabemos quem são nossos clientes por nome, sobrenome, conhecemos os filhos. (...) Tanta exclusividade, claro, tem seu preço. Um perfume de 75ml sai entre R$ 1.800,00 e R$ 4.300,00. Meu público não está podendo viajar e, aqui, consegue comprar produtos até mais baratos do que pagaria lá fora, além de poder parcelar" - Thereza Lago, dona da perfumaria Luxe, cuja loja vende perfumes que podem ser personalizados, formando uma fragrância única para cada cliente – Portal Uol, 14-07-2021.
"Nos finais de semana fica meio tumultuado de cheio. Aqui só vem pessoal de classe alta, pra eles já voltou ao normal, eles não estão nem aí. Tem briga para botar mais gente na mesa. (...) Já houve uma recontratação de parte das pessoas, tá crescendo. Tem clientes que olham o cardápio e perguntam o preço, mas a maioria não pergunta nada. A gente busca entender o tipo de coisa que o cliente gosta e sugere, eles só vão aceitando, não esquentam com o valor da conta. Esse é o público que mais vem" - garçom de um restaurante japonês de alto padrão contando, também sob condição de anonimato, que o movimento onde trabalha voltou às boas, inclusive com clientes brigando para ter mais gente do que o permitido na mesa no momento — 7 pessoas por vez – Portal Uol, 14-07-2021.
“Em junho, um levantamento do banco Credit Suisse mostrou que 1% da população brasileira concentra 49,6% da renda do país e, com a pandemia, o número cresceu 2,7%. O consumo de luxo acompanha a tendência e segue indiferente à desigualdade. Na saída dos estabelecimentos, é fácil distinguir quem ali passeia de quem ali trabalha. Enquanto motoristas — particulares e de aplicativos — pegam ou deixam os clientes ali, um ponto de ônibus cheio mostra a espera dos trabalhadores do estabelecimento pela condução” – Portal Uol, 14-07-2021.
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Versão grotesca de São Sebastião flechado pelo cateter - Frases do dia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU