10 Mai 2021
Dia das Mães no #Brasil.
Mother's Day in #Brazil.
Além da trágica dimensão humana, a operação policial no Jacarezinho tem uma dimensão política. A polícia do Rio de Janeiro deixou claro que não reconhece a existência de leis nem de outras instituições no país, nem mesmo o STF. Faz o que quer com as armas que possui.
No mesmo dia, Bolsonaro havia declarado: “Se não houver voto impresso, não haverá eleições em 2022”.
Juntem as pontas.
Falta gravíssima e a PRF aplaude, fim dos tempos
É assim que o compungido presidente lamenta 400 mil mortes. É um monstro de insensibilidade. Psicopata é gentil, se aplicado a ele. RR
A Mãe do Brasil é Indígena - Myrian Krexu (na voz de Maria Bethania)
E essas propagandas de dia das mães na TV, que porre! Só os estereótipos de sempre. Ninguém fala, por exemplo, em mãe que estimula os filhos a serem independentes e a pensarem por si próprios, que não enche o saco desnecessariamente, não se envolve em seus relacionamentos, não os obriga a comerem a que não gostam e escuta a opinião deles desde pequenos.
No dia de hoje, homenageio todas as mães com essa foto bastante simbólica pelo momento atual em que estamos passando. Feliz dia daquela que invariavelmente te defende em quaisquer circunstâncias.
Todo dia, é dia das Mães.
O jornalista pernambucano Breno Pires, do Estadão, e uma equipe que trabalhou com ele desferiram um petardo no governo do minúsculo e em seus cúmplices.
A reportagem desvenda um esquema de roubo de dinheiro público que consiste em transformar orçamento de ministério em verba irregularmente controlada por parlamentares -- irregularmente porque não se trata da tradicional emenda a que todos e todas parlamentares têm direito por estar no Congresso, mas de compra e venda de apoio com dinheiro roubado do povo, de grana à qual só têm acesso os que votam com o governo. Em cifras muito maiores que as do mensalão petista de 2005.
A compra de tratores superfaturados é o destaque de esquema. Trata-se de corrupção naquele sentido bolsonarista clássico, o desvio de dinheiro público para a formação e aliciamento de gangues paraestatais e/ou milicianas. Agora amplamente documentado em nível federal.
Acesse aqui a parte 1 e a parte 2 da robusta reportagem do Breno Pires.
Se eu tivesse que isolar um traço da sociedade brasileira que me provoca asco e nojo, seria a difamação póstuma das vítimas de chacinas policiais. Não falha nunca.
É uma cretinice regularmente exercitada no Brasil, como sabemos, por delegados, policiais civis, policiais militares, radialistas dependentes do sangue alheio, âncoras de programas policiais televisivos, tiozões de churrasco, e todo um naco da sociedade brasileira que acompanha essa coalizão da morte, em cuja constituição o racismo não está ausente. Não é um naco majoritário, mas é bastante significativo.
É coisa que provoca genuína preguiça e vontade de desistir. Você sabe, eu sei, todo mundo sabe que a pessoa foi executada simplesmente porque estava lá, porque mora lá, porque é da cor e da classe social que é. E o fulano que nunca viu a vítima na vida vai encontrar ou inventar algum pecado que justifique a execução sumária, em geral algum "crime" --oh, céus! tão horrendo como -- consumir maconha, crack ou cocaína no país do Rivotril.
O Brasil sempre chacinou e sempre teve seus difamadores de cadáveres. A diferença é que agora eles ocupam a presidência e a vice-presidência da república. Vai tudo com minúscula mesmo. Filhos da puta, assassinos.
O biólogo chileno Humberto Maturana nos deixou, depois de uma vida longa e muito produtiva. Sou leitor dele desde a década de 1980, quando me ensinou "o que o olho da rã diz ao cérebro da rã". Descanse em paz.
"Toda dor pode ser suportada se sobre ela puder ser contada uma história”.
Hannah Arendt
Tudo tão vivo, tudo tão intenso... O antropólogo nos diz que as montanhas pensam, o índio Krenak sublinha que sente o pulsar dos rios em seu corpo, bem como o mestre Dogen fala do caminhar das montanhas. É a beleza dessa teia vital de interconexões, delicadezas e transbordamentos. Como temos que avançar nesta perspectiva. Ainda estamos longe, muito longe...
E aqui outro poema de Caeiro para sinalizar a densidade da questão:
"Se às vezes digo que as flores sorriem
E se eu disser que os rios cantam,
Não é porque eu julgue que há sorrisos nas flores
E cantos no correr dos rios...
É porque assim faço mais sentir aos homens falsos
A existência verdadeiramente real das flores e dos rios"
Tá certo Caeiro, você tem razão... Estamos ainda distantes da ocular verdadeira. Queremos, ansiamos captar o "mistério das coisas"; queremos entender a metafísica que as envolve. Que metafísica qual nada!!!
"Metafísica? Que metafísica têm aquelas árvores?
A de serem verdes e copadas e de terem ramos
E a de dar fruto na sua hora, o que não nos faz pensar,
A nós, que não sabemos dar por elas.
Mas que melhor metafísica que a delas,
Que é a de não saber para que vivem
Nem saber que o não sabem"
Alberto Caeiro
Relembrando... maio de 2018:
"As estrelas não são senão estrelas"
Conversando hoje com meu filho antropólogo, que está lá nas bandas de Laranjal do Jari (Amapá), tocamos em questões semelhantes, falamos em particular do modo como Alberto Caeiro trata do tema, com seu jeito ao mesmo tempo provocante e zen. É o poeta que quer sentir o paladar da terra, que busca ver a coisas na sua essência, o que exige, na verdade, um “desaprendizado”. Saber ver é pode deixar-se tocar pela bambuidade do bambu. Nesse sentido, “as estrelas não são senão estrelas” e as flores “senão flores”. É por aí que vai sua reflexão: nesse caminho de captação da existência real das flores, dos rios, dos campos, dos montes... Tudo isso para chegar, enfim, ao poema que embalou a nossa conversa, do qual retiro um trecho:
“Mas se Deus é as flores e as árvores
E os montes e sol e o luar,
Então acredito nele,
Então acredito nele a toda a hora,
E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.
Mas se Deus é as árvores e as flores
E os montes e o luar e o sol,
Para que lhe chamo eu Deus?
Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar;
Porque, se ele se fez, para eu o ver,
Sol e luar e flores e árvores e montes,
Se ele me aparece como sendo árvores e montes
E luar e sol e flores,
É que ele quer que eu o conheça
Como árvores e montes e flores e luar e sol.
E por isso eu obedeço-lhe,
(Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?),
Obedeço-lhe a viver, espontaneamente,
Como quem abre os olhos e vê,
E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes,
E amo-o sem pensar nele,
E penso-o vendo e ouvindo,
E ando com ele a toda a hora”.
(Alberto Caeiro – O guardador de rebanhos)
O advogado abolicionista Luiz Gama acionou a Justiça para tentar libertar 217 escravizados que pertenciam a um comendador da cidade de Santos, no litoral paulista. O processo, encontrado recentemente por um historiador brasileiro radicado na Alemanha, pode ser a maior ação coletiva de libertação de cativos da história das Américas. Leia aqui.
O general Eduardo Pazuello contratou o advogado carioca Zoser Plata Bondim Hardman de Araújo, que foi seu assessor no Ministério da Saúde, para preparar sua estratégia no enfrentamento da CPI da Covid.
Zoser Hardman, como é conhecido, tem vasta experiência como defensor de milicianos no Rio de Janeiro, entre eles o PM Daniel Santos Benitez Lopez, condenado por envolvimento no assassinato da juíza Patrícia Acioli, ocorrido em 2011 e o ex-vereador Cristiano Girão, condenado por ligação com a milícia e que já foi apontado como mandante da morte da vereadora Marielle Franco, ocorrido em 2018.
A estratégia a ser provavelmente adotada pelo general, segundo o noticiário, será pedir habeas-corpus para garantir o direito de se manter calado diante dos senadores da comissão.
Pode até funcionar, mas essa manobra não vai ocultar o fato mais relevante. A imprensa hegemônica se concentra no acompanhamento da CPI, mas, subjacente à análise das responsabilidades pelo desastre sanitário, está evidente a contaminação do governo pelo crime organizado.
A leitura de um livro recém-lançado pela Editora Unesp, "Máfia, poder e antimáfia", do jurista Wálter Fanganiello Maierovitch, ilumina fortemente esse fenômeno: a tolerância com os grupos criminosos chefiados por policiais no Rio leva o crime organizado para dentro do Estado.
Respaldado por um dos mais sólidos currículos no estudo de organizações criminosas em todo o mundo, Maierovitch descreve didaticamente como se processa esse envenenamento.
O fato de o ex-ministro, general da ativa do Exército brasileiro, ter abrigado em sua pasta um cidadão com tantas relações no submundo do crime, ainda que como advogado, não deveria passar despercebido pelo escrutínio dos jornalistas, porque evidencia como as milícias se infiltraram no núcleo do poder federal.
Não é absurdo supor que, por contato imediato de sua farda com tais elementos, Pazuello também transmite essa nódoa ao Exército brasileiro.
Essa circunstância coloca sobre os membros da CPI no Senado uma responsabilidade ainda maior: não se trata apenas de apontar os culpados que, por negação ou omissão, patrocinaram as mais de 420 mil mortes da pandemia; trata-se principalmente de obstruir o projeto criminoso de poder que ameaça a República.
O Sistema necrófilo (faltam alguns ...)
Kotscho inspirado diz tudo o que tem que ser dito
Réquiem para um governo de sacripantas, parvos, malandrões e nulidades
Ricardo Kotscho
Colunista do UOL
03/05/2021 16h54
Enfim, caíram todas as máscaras e revelou-se por inteiro a soberba mediocridade de um governo formado na base da mentira e da hipocrisia, em nome do combate à corrupção (dos outros) e da defesa do "livre mercado" (só para eles).
De onde saiu tanto lixo humano para montar um time de mentecaptos e bandoleiros civis e militares que tomaram o país de assalto dispostos a não deixar pedra sobre pedra?
Em torno de um capitão defenestrado pelo Exército por indisciplina, parlamentar do baixo clero por três décadas, incapaz de dirigir uma bodega na Barra da Tijuca, uniram-se o grande capital e o lumpesinato da classe média ressentida, a escória que voltou às ruas neste final de semana enrolada em bandeiras verde-amarelas como se fosse um exército de ocupação.
Como se fosse pouco, querem agora fechar o Supremo e o Congresso para entronizar o "Mito" como imperador absoluto, com plenos poderes para concluir o processo de destruição das instituições e implantar uma ditadura sem disfarces.
No princípio, havia dois "superministros" para avalizar o governo do capitão, lembram-se?
Primeiro, veio o Posto Ipiranga, codinome do megalomaníaco economista pinochetista Paulo Guedes, um especulador da Bolsa, que chamou Sergio Moro, juiz provinciano deslumbrado com as glórias midiáticas da Lava Jato, para cuidar da Justiça e Segurança Pública.
Guedes assumiu com ares de primeiro-ministro e até hoje acha que, se ele sair, o governo acaba, mas com o tempo foi murchando, sem entregar nada do que prometeu, vendo seu ministério se desfazer.
Moro sonhava com uma cadeira no STF, depois achou que poderia se candidatar a presidente da República, bateu de frente com o capitão e hoje ganha a vida como consultor de uma empresa americana.
Dá até pena ver o choro de viúvas de Guedes e Moro na mídia, como se fossem freiras que, de repente, se viram no meio de um lupanar e descobriram quem eram seus ídolos.
Só se enganou com eles quem quis, porque sempre foram umas bestas fundamentais, que se achavam os reis da cocada preta, no meio de um bando de mediocridades do anti-ministério: anti-educação, anti-meio ambiente, anti-saúde, anti-direitos humanos, anti tudo.
O capitão, o economista e o juiz são os três personagens mais patéticos deste enredo de horror que nos desgoverna em meio a uma terrível pandemia.
Este governo pode acabar antes de ter começado, preocupado agora apenas em se safar da CPI do Genocídio.
A marca que a todos une é a absoluta incompetência para estar nos cargos que ocupam, a inapetência para o trabalho e a realidade paralela em que vivem, acreditando nas próprias mentiras.
São todos uns enganadores, e eles sabem disso, já nem disfarçam mais. Mas o gado gosta deles assim mesmo, tanto que sai às ruas em seus carrões para defendê-los com unhas e dentes, muitos dentes arreganhados.
Basta ver as imagens dos manifestantes em defesa do governo: parecem todos saídos do mesmo ninho, olhos arregalados, gritando contra o "comunismo" e que o Brasil nunca será uma Venezuela. Pois já é, lamento informar. O que faltaria ainda?
Só falta oficializar as milícias verde-amarelas e as muitas máfias que se organizaram em torno desse poder, que já foi circo, depois virou hospício e agora é um grande velório a céu aberto.
Era uma vez um país chamado Brasil, que tinha um grande futuro. Viramos isso aí.
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