01 Abril 2021
Manifestações de apoio ao golpe militar de 1964 e em defesa do presidente Jair Bolsonaro fracassaram. Na Esplanada dos Ministérios em Brasília não reuniu mais de cem pessoas, acompanhadas de dois trios elétricos.
A reportagem é de Guilherme Mendes, publicada por Congresso em Foco, 31-03-2021.
Youtubers apoiadores do presidente Jair Bolsonaro pediram que todos os patriotas estivessem em Brasília nesta semana. Vídeos de ônibus com bolsonaristas se dirigindo à capital tinham alguns milhares de visualizações. Pessoas estariam vindo aos montes ao centro federal do poder para pedir intervenção militar com o presidente no poder, fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e outros atos antidemocráticos.
Então, nesta quarta-feira (31), dia em que o golpe militar completa 57 anos, o grupo de bolsonaristas na Esplanada dos Ministério não reuniu mais de cem pessoas, acompanhadas de dois trios elétricos.
O Congresso em Foco esteve em diversos pontos da capital federal nesta quarta para acompanhar as manifestações de apoio ao golpe militar de 1964 e em defesa do presidente Jair Bolsonaro. Não encontrou nenhum ajuntamento representativo de pessoas.
A Praça dos Três Poderes não estava bloqueada, mas também não havia um único apoiador do presidente, seja em frente ao Palácio do Planalto (onde normalmente se concentram), seja em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), onde um único segurança acompanhava o perímetro.
Outro ponto sem nenhuma manifestação foi o Quartel General do Exército, a oito quilômetros do Planalto. Lá, na grandiosa praça em frente ao Comando Militar do Planalto, não havia uma única placa ou manifestante. Foi ali, a poucos metros das residências destinadas aos generais das forças armadas que, em abril do ano passado, Bolsonaro discursou no alto de um carro. "Acabou a época da patifaria", disse à época. "Não queremos negociar nada!"
No único ponto onde os bolsonaristas se concentraram na capital, menos de 100 pessoas acompanhavam discursos de influenciadores da esfera do presidente. Mesmo as frases dos dois trios elétricos, lado a lado, eram incoerentes. Um estendia a faixa com os dizeres "Democracia sim, ditadura não!" e "Tratamento Precoce Já!" e permanecia quieto; a outra, com um grande cartaz "Fora Doria", em menção ao governador de São Paulo, concentrava as atenções. No chão, uma faixa dizia "Intervenção Militar Já!".
Os manifestantes tinham pautas variadas: uma pessoa sugeriu que os manifestantes assinassem uma carta e a enviassem para o presidente e o novo ministro da Defesa, Walter Braga Netto. O texto pedia um autogolpe militar para que Bolsonaro se mantivesse no poder, assim como a prisão e julgamento de ministros do STF. Não fica claro, no entanto, quais crimes os ministros teriam cometido, ou quem os julgaria.
O grupo defendeu também a aprovação do Projeto de Lei 1074/2021, que daria a Bolsonaro o poder de decretar a chamada "Mobilização Nacional". A proposta, de autoria do deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO), acabou não sendo levada a sério pela Câmara.
A manifestação, que seguiu neste ritmo por toda a tarde, não mobilizou mais do que alguns carros que buzinavam no Eixo Monumental. Em tamanho, rivalizou com uma manifestação diametralmente oposta, um quilômetro e meio acima.
Na manifestação organizada por movimentos contrários ao governo, e com apoio do PT e do PCO, apenas um pequeno trio elétrico decorado com faixas fazia seu silencioso protesto. "Impeachment Já!", pedia uma faixa, e "As ruas contra a ditadura de ontem e de hoje", era possível ler em outra.
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Manifestações pró-golpe de 1964 fracassam em Brasília - Instituto Humanitas Unisinos - IHU