Arte dos Jesuítas na Ibero-América

Neva central da Igreja dos jesuítas em Quito, Equador. A construção iniciou em 1605 e ficou pronta 160 anos depois | Foto: Diego Delso - Wikimedia Commons

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01 Abril 2021

 

"A obra Arte dos Jesuítas na Ibero-América publicada pela editora Loyola é valiosa em inúmeros aspectos, e apresenta uma variedade de temáticas impressionante, através também de um conjunto de preciosas fotografias, no campo da pintura, escultura, arquitetura e urbanismo", escreve Renata Maria de Almeida Martins, professora de História da Arte e da Arquitetura na FAU-USP, em artigo publicado por A Terra é Redonda, 31-03-2021. 

 

Eis o artigo.

O campo de estudo das manifestações artísticas, arquitetônicas, dos sistemas territoriais, da arqueologia, do patrimônio material e imaterial, envolvendo a atuação da Companhia de Jesus nas Américas, é um dos mais tradicionais da historiografia nacional e internacional.

Nas últimas décadas, renovada à luz das Histórias Conectadas e da História Global, a grande “varanda jesuítica” – citando a bela igreja dos Grilos, da Companhia de Jesus na cidade do Porto – abre-se definitivamente para um melhor conhecimento da realidade latino-americana e de suas variadas culturas ancestrais, aprofundando temas como a agência indígena, africana e mestiça nas obras nascidas nas plurais oficinas dos jesuítas, em pesquisas, quase sempre, divulgadas em línguas estrangeiras.

Sendo assim, a belíssima iniciativa de Percival Tirapeli, reconhecido professor, artista, historiador das artes, da arquitetura e das cidades, na organização da obra Arte dos Jesuítas na Ibero-América – dedicada à querida companheira de vida e de viagens, Laura –; e fruto, como ele mesmo declara, de sentimento e pesquisa, e eu acrescento, paixão e aprofundamento, revela à área acadêmica e ao público interessado, um percurso muito atento a estas relações, desde os anos 80 ao pós-doutorado em Lisboa em 2008, até a elaboração de textos recentes sobre pinturas em Tepotzotlán no México.

A obra publicada pela editora Loyola é valiosa em inúmeros aspectos, e apresenta uma variedade de temáticas impressionante, através também de um conjunto de preciosas fotografias, no campo da pintura, escultura, arquitetura e urbanismo.

Nesta se encontram os modelos portugueses e espanhóis extremamente variados que serão reinterpretados nas Américas; a cenografia e a arquitetura efêmeras, fundamentais para a discussão da transculturação de tipologias artísticas e urbanas do Barroco no continente americano; os conjuntos jesuíticos mais relevantes na América Espanhola, como as Misiones de Chiquitos na Bolívia ou a Manzana e as Estancias Jesuíticas de Córdoba na Argentina; e também na América Portuguesa – de São Paulo, passando pela Bahia, até a Amazônia –, incluindo as Missões da Região Guaranítica da antiga Província Jesuítica do Paraguai; para citar só alguns dos mais importantes e belos exemplos abordados pelo Prof. Percival.

O livro, então, anuncia novos ares, importantes num contexto em que necessitamos de esperança e de solidariedade, de olhar para as raízes e para as culturas ancestrais do nosso continente Abya-Yala, não extintas pelo duro processo de colonização; vivas sempre, e que seguem produzindo arte e arquitetura de grande qualidade na contemporaneidade: Aymará, Quechua, Mixteca, Mexica, Guarani, Baniwa, Tukano, tupinambá; culturas afro-indígenas, afro-brasileiras, mestiças, caiçaras, ribeirinhas, e tantas outras.

O livro de Percival justamente indica que precisamos nos conhecer, como bem alertou, ainda nos anos 1980, um dos mais importantes estudiosos da História da Arte, da Arquitetura e do Urbanismo na Ibero-América, Ramón Gutiérrez.

A obra será, a partir de sua divulgação, uma contribuição significativa aos nossos esforços para a inserção de temas latino-americanos nas faculdades brasileiras, que dialogarão e conectarão, por exemplo, Andes, Região Guaranítica e Amazônia; Córdoba, Bacia do Prata e São Paulo; Chiquitos, a Bahia e o Grão-Pará.

 

Referência

Percival Tirapeli. Arte dos Jesuítas na Ibero-América: Arquitetura, escultura, pintura. São Paulo, edições Loyola, 2021, 352 págs.

 

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