31 Março 2021
"Excertos do editorial do Correio da Manhã, do Rio de Janeiro, assim como fizeram outros “jornalões nacionais” e muitos regionais, que chegava às bancas com um editorial exigindo mudanças, sob o título “Basta!”, publicado em 31 de março de 1964. Mas bem que cabe nos dias de hoje, ou não?"
O artigo é de Edelberto Behs, jornalista.
- Basta! Até que ponto o Presidente da República abusará da paciência da Nação? Até que ponto pretende tomar para si, por meio de decretos, leis, a função do Poder Legislativo? Até que ponto contribuirá para preservar o clima de intranquilidade e insegurança que se verifica presente na classe produtora? Até que ponto deseja levar ao desespero, por meio da inflação e do aumento do custo de vida, a classe média e a classe operária?
- Basta de farsa! Basta da guerra psicológica que o próprio governo desencadeou, com o objetivo de convulsionar o país e levar avante a sua política continuísta.
- Queremos o respeito à Constituição, queremos as reformas de base votadas pelo Congresso, queremos a intocabilidade das liberdades democráticas...
- Mas não admite que seja o próprio Executivo, por interesses inconfessáveis, que desencadeie a luta contra o Congresso, ameace a imprensa e com ela todos os meio de manifestação do pensamento, abrindo caminho à ditadura.
São excertos do editorial do Correio da Manhã, do Rio de Janeiro, assim como fizeram outros “jornalões nacionais” e muitos regionais, que chegava às bancas com um editorial exigindo mudanças, sob o título “Basta!”, publicado em 31 de março de 1964. Mas bem que cabe nos dias de hoje, ou não? Troquem o nome do presidente da República e vejam como fica:
- É admissível que o Sr. João Goulart (Sr. Jair Messias Bolsonaro) termine o seu mandato de acordo com a Constituição; este grande sacrifício de tolerá-lo até 1966 (2022) seria compensador para a democracia. Mas, para isso, o Sr. João Goulart (Sr. Jair Messias Bolsonaro) terá que desistir de sua política atual, que está perturbando uma Nação em desenvolvimento e ameaçando levá-la à guerra civil.
Tratava-se, então, das reformas de base que, se realizadas, teríamos hoje um outro Brasil, não este que se descortina no negacionismo, sem um projeto de nação, de intrigas externas com chineses ou intestinas com quem não segue o bolsonarismo. Um presidente diversionista que cria factoides para desviar a atenção de fatos graves corroendo a nação. Mas ainda bem que ele não praticou nenhuma pedalada, porque, aí sim, não teria como fugir do impedimento!!!
Um editorial de 57 anos, atualíssimo, embora com chave trocada!!!
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Basta de insegurança, de guerra psicológica e ameaças à democracia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU