29 Março 2021
Um bispo católico da Suíça defendeu o fato de ter dado a Sagrada Comunhão a dois representantes da Igreja Protestante e a um político protestante em sua missa de posse.
A reportagem é da Catholic News Agency (CNA), 26-03-2021. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Respondendo ao pedido de comentário da CNA, o escritório do bispo Joseph Bonnemain fez uma breve declaração no dia 22 de março, indicando o cânone 844 §4 do Código de Direito Canônico da Igreja.
“A implementação dessas normas com respeito às pessoas individuais concretas durante uma celebração pública leva em consideração as circunstâncias existentes e a atitude pessoal do indivíduo. A mídia, dadas as considerações de privacidade, não é o lugar para comentar sobre tal assunto”, disse o comunicado.
O caso foi divulgado pela primeira vez pela agência de notícias dos bispos suíços, Kath.ch, que relatou que, “na presença do cardeal Kurt Koch do Vaticano, Joseph Bonnemain deu a Sagrada Comunhão a três importantes personalidades reformadas [protestantes suíços]: a presidente da Igreja Reformada Protestante Suíça, Rita Famos; o presidente do conselho da Igreja de Zurique, Michel Müller; e o conselheiro do governo de Zurique, Mario Fehr”.
Bonnemain, um membro do Opus Dei de 72 anos, nascido em Barcelona, é bem versado em Direito Canônico. Ele atuou anteriormente como vigário judicial e cônego do capítulo da catedral da diocese.
O Pe. James Bradley, professor assistente de Direito Canônico na Universidade Católica dos Estados Unidos, disse à CNA que “o cânone 844 §4 diz respeito à administração lícita dos sacramentos da penitência, da Santíssima Eucaristia e da unção dos enfermos aos não batizados católicos, exceto os ortodoxos e seus equivalentes”.
“Existem cinco condições para que seja um ato lícito”, disse ele por e-mail.
“O primeiro é o perigo de morte ou de alguma grande necessidade. Os outros quatro são exigidos conjuntamente: a pessoa que procura o sacramento deve ser incapaz de se aproximar do seu próprio ministro; o indivíduo deve manifestar a fé católica no sacramento solicitado; a pessoa deve solicitar o sacramento por iniciativa própria; e a pessoa deve estar devidamente disposta.”
Depois de notícias internacionais críticas às ações do bispo, a Kath.ch defendeu Bonnemain, argumentando que um antecessor havia feito o mesmo, referindo-se ao famoso caso do cardeal Joseph Ratzinger que deu a Comunhão ao Ir. Roger Schutz de Taizé no funeral do Papa João Paulo II em 2005.
Como informou a CNA Deutsch, a Diocese de Chur, que também inclui a cidade de Zurique, tem uma história de ferozes batalhas internas. O novo bispo disse que sua prioridade era curar as divisões.
O Papa Francisco anunciou que havia escolhido Bonnemain para liderar a diocese em fevereiro, encerrando um impasse sobre a nomeação na histórica diocese do leste da Suíça, que tradicionalmente realiza eleições episcopais.
O cardeal Koch, que presidiu a ordenação episcopal de Bonnemain no dia 19 de março, é presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos.
Ele disse à CNA que, ao contrário do que a mídia suíça noticiou, ele “não tinha conhecimento” do ato, pois não estava envolvido na distribuição da Sagrada Comunhão e estava “profundamente em oração” naquele momento.
O purpurado suíço expressou recentemente sérias dúvidas sobre uma proposta para uma “coparticipação na ceia eucarística” entre católicos e protestantes na vizinha Alemanha.
Apesar das objeções de Koch e da Congregação para a Doutrina da Fé, católicos e protestantes anunciaram no dia 16 de março que iriam seguir em frente com a intercomunhão em um próximo evento ecumênico.
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Bispo católico suíço defende o fato de ter dado a Comunhão a representantes protestantes - Instituto Humanitas Unisinos - IHU