19 Março 2021
100% dos leitos de UTI no Hospital Regional estão ocupados e o número de novos casos atingiu 187 em 24h; Carta enviada por 47 organizações da sociedade civil que fazem parte da campanha “Respira Xingu” pede que prefeitura decrete lockdown imediato.
A reportagem foi publicada pelo Instituto Socioambiental - ISA, 18-03-2021.
Não há mais vagas de UTI no Hospital Regional Público da Transamazônica, referência para tratamento da Covid-19 em Altamira e outros nove municípios no sudoeste do Pará. Com 100% dos leitos ocupados, organizações da sociedade civil denunciam o colapso do sistema de saúde e exigem que a prefeitura decrete lockdown para conter o avanço da doença. “O momento é de uma Emergência dentro da Emergência! (...) Nesse momento, salvar vidas e manter o comércio e outros espaços não essenciais abertos são atos incompatíveis”, denunciam em carta enviada para a prefeitura municipal de Altamira, MPF, MPE e Defensoria Pública da União. [Leia na íntegra]
O número de novos casos supera 187 em 24h e já são 404 mortes e 20,7 mil casos da Covid-19 confirmados na região, que além de atender nove municípios é referência para indígenas e ribeirinhos de 11 Terras Indígenas e sete Unidades de Conservação. Os dados são do Grupo de Monitoramento epidemiológico da Covid-19 da região do Xingu da Faculdade de Medicina da UFPA em Altamira. Segundo o monitoramento, a taxa de letalidade de pacientes entubados nas UTIs está entre 80% e 90%.
O apelo foi feito pela campanha “Respira Xingu”, iniciativa de 47 organizações da sociedade civil lançada no início de fevereiro para enfrentar a segunda onda de Covid-19. “Não ficaremos parados enquanto vemos o horror se instalar. Não podemos seguir o exemplo de outras cidades onde, infelizmente, a doença tem matado por falta de oxigênio na rede hospitalar”, diz o manifesto [leia na íntegra].
Na carta, pedem que o prefeito de Altamira, Claudomiro Gomes (PSB) tenha “coragem e assuma seu papel como gestor municipal para salvar vidas (...) A sociedade saberá reconhecer o seu gesto”.
Os movimentos denunciam a falta de leitos, profissionais, medicamentos e equipamentos para o enfrentamento da Covid-19. “Vivemos uma 1ª onda de contaminação do Covid-19 em 2020 e esperava-se uma curva de aprendizado maior. Na prática percebemos que pouco evoluímos para enfrentar essa 2ª onda que veio muito mais forte e de uma vez em todo o território nacional”. Para agravar o quadro, a taxa de vacinação na região, 0,7%, é menor do que a média do estado do Pará, o estado brasileiro com a menor porcentagem de população vacinada (2,8%).
A região ainda enfrenta os impactos da hidrelétrica de Belo Monte, projeto marcado por um desastroso número de impactos socioambientais. “Os Royalties de Belo Monte e outros recursos devem ser utilizados com prioridade e agilidade para lidar com essa crise”, diz a carta.
Além de receber doações e promover ações de conscientização, a campanha “Respira Xingu” busca pressionar o poder público para implementar medidas efetivas de contenção do vírus. [Acesse o site e saiba como ajudar].
Nesta terça-feira o prefeito de Altamira recebeu representantes da campanha “Respira Xingu” para participar de reunião com a secretaria municipal de saúde, a 10ª regional da Secretaria Estadual, empresários, Guarda Municipal e outras organizações da região.
Claudomiro reconheceu a emergência e se comprometeu com uma série de medidas restritivas para combater a escalada de casos na cidade. Decreto deve ser publicado hoje (17) com medidas mais restritivas, como toque de recolher, fechamento de bares, igrejas e restaurantes, proibição de venda de bebidas alcoólicas e instalação de barreiras nas entradas dos municípios.
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Covid-19: sistema de saúde em Altamira entra em colapso - Instituto Humanitas Unisinos - IHU