Um proeminente padre-blogueiro, John Zuhlsdorf, que fez exorcismos contra a “fraude” nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, está deixando sua diocese.

A reportagem é de Christopher Lamb, publicada por The Tablet, 17-01-2021. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

O padre, que dirige o popular “Fr Z blog”, mora na Diocese de Madison, em Wisconsin, embora tenha sido ordenado pela Diocese de Velletri-Segni, perto de Roma.

A notícia da sua partida de Madison chega depois que a The Tablet relatou que o Pe. Zuhlsdorf estava realizando exorcismos diários transmitidos ao vivo contra uma possível fraude eleitoral. Em pelo menos um caso, o padre alegou que tinha a autoridade do bispo de Madison, Donald Hying, para realizar os exorcismos, o que o bispo negou.

“Depois de uma discussão entre o bispo de Madison e o Reverendo Padre John Zuhlsdorf, uma decisão mútua foi alcançada de não renovar o acordo com o bispo de Velletri-Segni referente a um padre que reside e ministra fora da sua diocese de incardinação”, disse a Diocese de Madison em um comunicado.

“O Reverendo Zuhlsdorf, que está em boa posição canônica, se mudará da Diocese de Madison para buscar outras oportunidades. O bispo de Madison agradece ao Reverendo Zuhlsdorf pelo seu apoio fiel aos seminaristas e padres da diocese, agradece-lhe pelos seus muitos anos de ministério constante servindo à diocese e lhe deseja o melhor em seus empreendimentos futuros.”

De acordo com o Direito Canônico, o Pe. Zuhlsdorf precisará agora da permissão de um bispo de outra diocese se quiser continuar seu ministério. Em uma carta de 2019, o bispo de Velletri-Segni, Vincenzo Apicella, disse que as atividades do Pe. Zuhlsdorf eram da responsabilidade da Diocese de Madison. Apicella destacou que Zuhsldorf nunca exerceu nenhum ministério sacerdotal na Diocese de Velletri-Segni e que o seu blog tinha pouca “credibilidade”.

Em uma postagem em seu blog, o Pe. Zuhlsdorf anunciou seus planos de deixar a diocese, embora tenha denunciado aquela que ele descreveu como uma crescente “cultura de cancelamento” na Igreja. Ele parece comparar seus críticos ao grupo ativista de esquerda Antifa.

“Agora existe uma Antifa católica. Eles estão sentindo sua ascendência e a estão aplicando. Veremos mais perseguição dirigida contra qualquer um que se desvie das suas demandas. A nova Guarda Vermelha católica”, escreveu ele.

O Pe. Zuhsldorf mantém um blog que oferece uma combinação de comentários litúrgicos, políticos e culinários.

Com muitos visitantes desde 2006, ele é um crítico implacável da cultura liberal e tem apoiado elementos da agenda política de Trump.

Ele não é um apoiador do Papa Francisco e, em certo momento, disse aos seus seguidores que não era pecado rezar pela morte ou pela renúncia do Romano Pontífice. Mais tarde, ele se desculpou.

Ele tem usado seu blog para criticar a The Tablet, o National Catholic Reporter e outros comentaristas dos quais ele discorda e marca algumas postagens na categoria “Onde o Pe. Z desabafa”.

Logo depois que a The Tablet noticiou seus exorcismos da eleição de 2020 – um deles foi realizado um dia antes de um grupo de apoiadores de Trump realizar os ataques no Capitólio, em Washington – o Pe. Zuhlsdorf escreveu uma série de posts sobre como “rezar pelos inimigos”.

Em um deles, ele escreveu: “Eu temo que essas pessoas estejam tão arraigadas em seus caminhos que só o sofrimento as ajudará a despertar para o perigo em que se encontram”, acrescentando: “Podemos e devemos rezar pedindo para elas, assim como para nós, uma boa morte. Uma boa morte no cronograma de Deus.” No fim dessa postagem, ele marcou os nomes de quatro críticos do seu trabalho, embora estes tenham sido removidos posteriormente.

O Pe. Zuhlsdorf foi ordenado em Roma em 1991 e mudou-se para os Estados Unidos por volta de 2006. Ele está na Diocese de Madison desde 2014. Mas o Pe. Zuhlsdorf nunca exerceu uma missão pastoral permanente com o seu rebanho – de fato, os seguidores do seu blog.

Leia mais

• O motim católico e aqueles que o apoiam. Artigo de Phyllis Zagano
• A Hostilidade desenfreada pelos críticos do Papa Francisco ao Concílio Vaticano II
• Como as lideranças católicas ajudaram a dar origem à violência no Capitólio dos EUA. Artigo de James Martin
• Decisão sobre missa latina originou nova divisão
• Cibermilícias católicas e as novas censuras. Artigo de Massimo Faggioli
• EUA. Padres e paróquias compartilham carta de Viganò a Trump
• Atualidades sobre o Padre Murray, teólogo da liberdade religiosa, para a Igreja e para o pensamento democrático. Entrevista com Stefano Ceccanti