12 Novembro 2020
Ela já foi uma das principais bailarinas do Ballet de NY nos anos 60. Hoje, acometida do Mal de Alzheimer, a espanhola Marta C. González, já não se comunica como antes. Mas reparem o que aconteceu quando ela ouviu a música 'Lago dos Cisnes'.
"Cada dia aprendo um pouco mais da vida. Sei, agora, que o labirinto também esta andando, avançando, evoluindo. Todo fim é exato. O que a gente tem de aprender é, a cada instante, afinar-se como uma linhazinha, para caber de passar no furo de agulha, que cada momento exige. Mas não pode ser analìticamente. Mas, como nas histórias de fadas, temos de achar e conservar o contacto com o Gênio que faz tudo isso para a gente."
João Guimarães Rosa, em carta a Antonio Azeredo da Silveira, em 21/01/1962
Um país de maricas, nosso país!
"Somos um país de Marias, de Quincas, de Antônias, de Serafins. De Maricas sim! Até de valentões, como Nhô Augusto Matraga, personagem do Rosa, que gostava de levar tudo de vencida, mas aprendeu a amansar com os baques da vida. E, enfim, a amar seu igual (alguns, lamento, são casos perdidos de desumanidade estrutural).
Somos um país da Ciência, de Santos Dumont, de Nise da Silveira, de Carlos Chagas, de Osvaldo Cruz, do Butantan, da Fiocruz. Das pesquisas nas universidades, para beneficiar a todos, com igualdade. Somos um país até de negacionistas e terraplanistas, apartados da realidade, que minguam na sua mediocridade.
Somos um país aberto ao mundo, que louva e utiliza a bússola, a impressão, o papel e mesmo a pólvora que a Civilização Chinesa legou para a Humanidade. Não aceitamos a marcha a ré da precariedade.
Queremos os avanços na Saúde, na Medicina, que nos ajudam a existir com qualidade - de qualquer origem e nacionalidade. Queremos tudo o que vem para "aliviar a canseira da existência", como disse o Galileu do Brecht, que enfrentou a nada santa Inquisição mas não perdeu a consciência.
Somos um país de gente que sabe de sua finitude, mas não aceita morrer de abandono, fome, descaso, desmatamento, antes do tempo. De gente que quer, da vida, a delícia, e não a trama sinistra da milícia.
Somos um povo mais sábio do que os autocratas toscos que pensam nos governar. Esses vão passar!
Nossos sonhos não cabem nas urnas, mas também passam por lá, rebeldes, pra aumentar os pesadelos dos que se julgam eternos.
Sim, todos vamos morrer um dia. Inclusive os truculentos e neofascistas que tentam nos roubar vacinas e alegrias.
Eles ficarão, esquecidos, no lixo da História. Nossas causas - da justiça, da igualdade, da fraternidade - nos ultrapassam: permanecerão na memória, serão nosso perene padrão de glória."
Chico Alencar
Cortina de fumaça...
Rolando nas redes...
Maricas com pólvora.... Atacaaaaaar
Foto do grupo CangaGay ( Cangaço + Gay ) de Serra Talhada PE
Juca Chaves - BRASIL JÁ VAI À GUERRA - Lançado em 1960, porém somente liberado em 1961
Entregando nosso país e estado. Ache uma mulher. Ódio de ser homem hetero, e branco mas a minha alma está com todo povo que de alguma forma é oprimido!
Pela primeira vez na vida, salvo engano, não participarei da escolha do prefeito de Belo Horizonte. Como não vou votar, e como as eleições dos EUA me consumiram totalmente, acabei não escrevendo textão sobre as municipais do Brasil. Apenas abri o espaço aqui, faz umas semanas, para que vocês conversassem sobre suas cidades, o que faço agora de novo com este post.
A grande notícia das municipais do Brasil é o derretimento das candidaturas bolsonaristas, pelo menos nas capitais. São Paulo presenciou de novo aquele fenômeno paulistano periódico, a despencada de Russomano. No Rio, Crivella corre o sério risco de não ir ao segundo turno e, se for, perde. Em Belo Horizonte, o candidato bolsonarista nunca passou dos 5%. Em Macapá, Porto Velho, Teresina, Maceió, Goiânia, Florianópolis, Porto Alegre, Salvador e outras, os candidatos bolsonaristas estão embolados no pelotão do fundo ou às vezes sequer são citados. Em Cuiabá e em Fortaleza, o bolsonarismo lidera.
A outra boa notícia das capitais é o encolhimento notável do petismo, que não parece ter chances em muitos lugares. Encolhimento não é desaparecimento, claro, nem este seria desejável. O petismo disputa na ponta em várias não capitais importantes, como Juiz de Fora e Guarulhos. Em todo caso, acho, sim, positivo que o eleitorado envie de novo ao petismo o recado que enviou em 2016: baixem a bola aí um pouquinho. Vocês são uma força legítima do jogo democrático, uma entre outras. Não são a medida final da Verdade e da Vida.
Acabo de ver o vídeo de Lula com Ricardo Coutinho (PSB), de João Pessoa: aquela mesma gritaria raivosa, aquela mesma concepção de política baseada na demonização de todo mundo que não se submete, aquela mesma pontificação moral velha e manjada. É desejável que encolha mais um pouco. Oxigena o debate político e diminui o poder de chantagem com que o petismo vem trabalhando há tanto tempo. É desejável, inclusive, para que surjam novas lideranças petistas, mais arejadas e menos submissas ao chefe.
Em São Paulo, me parece que há três cenários possíveis: 2˚ turno entre Covas e Boulos, 2˚ turno entre Covas e França, e vitória de Covas no 1˚ turno.
Agora, OJO. O fato de que os bolsonaristas raiz estejam na rabeira não quer dizer que, no contexto dos arranjos de Bolsonaro com o centrão, prefeitos eleitos não se aproximem do minúsculo depois. Pode acontecer. Aliás, já está acontecendo, no Rio de Janeiro, com a declaração de hoje do Eduardo Paes.
A eleição acontece em todos os municípios do Brasil, com a exceção de Beagá, onde haverá apenas uma imensa festa do GALO.
Em todo caso, a prioridade deste pleito deve ser impedir que o minúsculo tenha bons palanques municipais em 2022. São as impressões minhas depois de ler as pesquisas pela primeira vez. Bola com vocês.
Enquanto a Bolívia celebra a "cultura da vida", o vizinho bananão refestela-se na bananalidade do mal e no culto à morte.
E se conseguirmos transformar a Câmara de BH?
Vivemos um momento histórico lindo, de muita gente potente que sempre foi alijada da política chegando com o pé na porta.
A maioria das pessoas decide seu voto pra vereadora nos últimos dias. Agora é a hora de espalhar boas propostas, que vão interferir no que a cidade vai ser nos próximos 4 anos.
***
Para quem ainda estiver em dúvida, compartilho minha lista pessoal de candidatas incríveis, com as quais tenho colaborado de alguma maneira.
Cida Falabella
50.018
Vereatriz maravilhosa, tem feito um trabalho incrível na pauta da cultura, da educação e tantas outras em BH. Uma das pessoas mais sensíveis, atentas e generosas. Merece muito ser reeleita. A cidade pede bis.
Nós por nós
50.234
Um sopro de esperança na política. Candidatura coletiva de 4 moradores do Aglomerado da Serra. Pessoas que lutam desde sempre para que a vida de geral seja melhor. Conhecem os problemas de perto, fazem a luta pelo lado do povo.
Guilherme Tampieri
50222
Um amigo que conheci na luta por cidades mais justas, envolvido nas pautas da mobilidade urbana, meio ambiente, resíduos sólidos. Ciclista, sempre fez muito por BH. Tem propostas bem elaboradas e atua junto a um coletivo muito massa.
Mulheres Negras Sim
50.027
Candidatura das mais importantes, de duas mulheres negras de origem popular envolvidas em diversas lutas há anos. Tainá e Lauana são demais, muita admiração pela luta delas e pela importante atuação na gabinetona.
Bella Gonçalves
50.500
Vereadora pelas Muitas / Gabinetona, faz um trabalho super importante pelas diversas pautas do direito à cidade: moradia, meio ambiente, agroecologia, águas urbanas, melhoria dos territórios periféricos e tantas outras.
Dú Pente
50.639
Jovem negro da região do Barreiro, engajado há muito nos direitos das juventudes e dos moradores das periferias. Amigo querido, com quem aprendo muito, e que tem feito uma caminhada super foda, cada vez mais conectada com diversos movis mundo afora.
Dario de Moura
50.4e20
Filósofo engenheiro, tem atuado na luta pela descriminalização das drogas e contra a hipocrisia mortal que reina na política atual de drogas em nosso país. Candidatura que vem crescendo e aparecendo, com uma turma muito massa construindo junto.
***
Essa lista é pessoal e intransferível. São pessoas queridas com quem tenho colaborado de alguma maneira.
Que cada um escolha uma ou várias dessas ou de outras candidaturas e espalhe a palavra. Quem quiser mais opções no cardápio, pode também visitar o site das Muitas, que tem outras pessoas incríveis.
Votando em algumas delas ou simplesmente na legenda 50, contribuímos para que mais delas sejam eleitas.
Outra política já está sendo possível.
Reuters: ′′O site de solicitação de Trump carrega uma manchete de banner que diz 'FUNDO OFICIAL DE ELEÇÃO DEFENSA′ e ′CONTRIBUTO AGORA.' Deslocar-se-ia para baixo na página levaria um doador para a impressão fina, o que mostra que as doações são divididas entre 'Salve América," que recebe 60% do dinheiro, e o RNC, que recebe os outros 40 %. Nenhum dos fundos flui para o fundo oficial do comitê de ′recontagem′ de Trump até que a partilha Save America de Trump atinja o limite de contribuição legal de $ 5,000, segundo as divulgações. Isso significa que, antes de um dólar entrar no fundo de recontagem, a Save America receberia $ 5,000 e o RNC cerca de $ 3,300. Doações para o comitê de recontagem estão legalmente limitadas a $ 2,800. Se um doador Trump tivesse dado $ 500 , por exemplo, $ 300 iriam para Trump ' s Save America PAC, $ 200 fariam para o RNC - e nada iria para o seu fundo de defesa eleitoral."
Para esclarecer quem ainda está confuso:
Não existe, lendo esta página, creio, ninguém que acredite na lorota de Trump, de que sua derrota foi "roubada". Mas ainda há pessoas que não sabem que NÃO FOI APERTADO. Goleada, landslide mesmo, não foi. Mas apertado também não foi.
No voto popular, foi a maior diferença de um candidato sobre o outro em todo o século XXI, com a exceção dos 7 milhões e tanto que Obama enfiou em McCain em 2008. Biden lidera com bem mais de CINCO MILHÕES de votos sobre Trump.
"Ah, mas o que conta é o Colégio Eleitoral".
Sim, mô fio, não ensine o Pai Nosso ao vigário. Lá também não foi apertado. Para vencer, Trump teria que reverter pelo menos QUATRO desses seis estados, nos quais ele perde pelas seguintes margens:
148.445 - Michigan
51.447 – Pensilvânia.
36.870 – Nevada
20.804 - Wisconsin
14.057 – Geórgia
12.828 - Arizona
*****
É fato que, em eleições americanas, como em qualquer eleição por voto não eletrônico-automático, ajustam-se votos problemáticos, com incongruência de assinatura etc. Mas isso sempre muda os números de forma minúscula. É tutaméia.
A vitória de Biden-Harris é contudente; não é goleada, mas é categórica. Reitero isso porque há gente, mesmo bem informada, que, por causa da confusão criada pelo supremacista branco, perdeu a dimensão disso -- e é nessa confusão que o racista-misógino aposta.
Então, por favor, que se entenda. O processo está tenso e confuso, mas a vitória Biden-Harris não foi apertada, foi ampla, com boa margem no voto total e no Colégio Indireto.
É preciso que se diga isso e que se circule a informação correta.
Hoje, quinta feira, 12/11/2020, mais uma aula no meu curso sobre Grande Sertão: Veredas. Tem sido uma experiência linda, retomar esse livro em curso pela terceira vez, e agora via on-line. E ter ao lado uma turma maravilhosa, que sabe acolher, partilhar, participar com intensidade, criando um clima fantástico para a reflexão. Estamos já na página 347 da 22ª edição do livro, que é marcado por uma narrativa que vai e vem, sempre rodeando o tema central que envolve a presença ou não no demo, a presença misteriosa e aconchegante das rezas sertanejas. Como diz Riobaldo, "o perfume do nome da Virgem perdura muito: às vezes dá saldos para uma vida inteira".
O momento da narrativa é denso, quando os jagunços se preparam para atravessar o Liso do Sussuarão, agora sob a direção do Urutu Branco, novo nome do Riobaldo depois do pacto com o demo. O personagem se interroga muito nesses momentos: "A minha alma tem de ser de Deus: senão como é que ela podia ser minha". Na travessia, as lembranças bonitas de Otacília, que está distante mas sempre presente; a companhia de Diadorim, com seu "cheiro" de amizade e carinho.
Atordoado por inquietações interiores, Riobaldo se vê tentado a querer matar alguém, mas sempre é acudido no momento certo, se livrando da tentação, com a chegada de alguém, como Diadorim, que interrompe o gesto louco. Riobaldo tem diante de si, a molestar sua alma, o "vapor do mal", estava prestes a viver uma travessia muito difícil, que ninguém tinha conseguido realizar antes. E o projeto era capturar esse mal encarnado que era Hermógenes, o pactário. O tema da aula gira em torno da travessia desse "vão" de desespero, desse "raso perverso". Riobaldo sabe como ninguém, que o sertão "não é malino nem caridoso (...) ele tira ou dá, ou agrada ou amarga".
Hoje, 14:00, no google meet. Passarei um pouco antes o link para a entrada dos interessados.
· IHU Redes Socias ·
Bem, que adversários da Igreja tenham usado na Polônia acusações falsas para desacreditar a hierarquia é muito possível. Aqui no Brasil os funcionários e a polícia da ditadura usaram fartamente o recurso calunioso, inclusive com fotos montadas, boatos, etc. Agora, a pergunta: João Paulo 2 não estava mais na Polônia socialista, não era um desavisado clérigo, mas ocupava a cadeira de São Pedro. Tinha todos os meios para seguir e apurar o que era feito no mundo católico. Aliás, a burocracia eclesiástica é das mais eficientes do planeta. Basta recordar que todos os governos do mundo confiam nas informações da sua diplomacia. Se o pontífice desejasse, faria uma correta investigação sigilosa sobre o comportamento de hierarcas e sacerdotes nos EUA, na Irlanda, no Canadá, na Austrália, no Chile, no Brasil e em outros países. Não o fez. A desculpa das campanhas de desmoralização empreendida na Polônia comunista não vale. Como sempre digo, sou católico e devo obediência às decisões da Santa Sé. Mas sou um ente pensante. Uma coisa é obedecer, outra é arrancar o cérebro para mentir com hierarcas que erram. "Deus não precisa da minha mentira", diz Santo Agostinho Deus non eget meo mendacio. E assim, sinto muito, mas se estiver diante de um altar com a figura de João Paulo 2, passarei adiante como se não a visse. E jamais lhe darei o título de santo. Já o bom João XXIII terá minha prece de agradecimento e louvor. Como Dom Romero, e outros. Roberto Romano
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Breves do Facebook - Instituto Humanitas Unisinos - IHU