Polônia: o caos

O Mosteiro Jasna Góra em Częstochowa, na Polônia, em período de pandemia. | Foto: Vatican News

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05 Novembro 2020

A República cobre uma área de 312.695 km2 e tem uma população de 38.131.390 habitantes. Os católicos praticantes são mais de 45%: um percentual muito elevado, considerando o clima de secularização que continua a se espalhar pela Europa.

A reportagem é de Francesco Strazzari, publicada por Settimana News, 04-11-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.

O partido PiS (Direito e Justiça, conservador) é maioria na Assembleia Nacional com 237 cadeiras. O PO: Coalizione Civica (plataforma cívica, liberal) é o segundo, com pelo menos cem cadeiras a menos. Seguem outros partidos menores.

O confronto com a União Europeia sobre o respeito pelo Estado de Direito continua em tons ásperos. Em outubro de 2018, o Tribunal de Justiça da UE rejeitou algumas medidas que interferiam na carreira dos juízes do Supremo Tribunal polonês, obrigando o governo a voltar sobre seus passos. Percurso extremamente árduo.

Nas eleições europeias de maio de 2019, o partido governista PiS venceu com 45% dos votos, enquanto uma coalizão pró-europeia obteve 38%.

O que está acontecendo de tão problemático? A resposta chega de maneira bem franca ao SettimanaNews por um observador atento: “O concubinato entre a Igreja na Polônia e a política já não se sustenta mais. A sociedade está dividida em duas. Tudo se baseia nas emoções e não nos argumentos”.

As manifestações estão se espalhando em todo o país. Em Varsóvia, uma grande manifestação de mulheres, jovens, opositores do atual governo PiS sacudiu a cidade.

Ninguém sabe de onde começou a onda de raiva que envolveu maciçamente a própria Igreja. A centelha foi, no entanto, a sentença do Tribunal Constitucional sobre a incompatibilidade do aborto eugênico com a Constituição do país. Um problema levantado há algum tempo, mas os políticos não queriam abordá-lo. Agora, precisamente por motivos políticos, tudo foi destravado, semeando ódio e divisão. Uma coisa é evidente: o sistema judiciário atual na Polônia não é independente e é fortemente influenciado pelo partido no poder.

Assim que a sentença foi proferida, o presidente do episcopado, Stanislaw Gadecki, arcebispo de Poznam, parabenizou imediatamente os juízes do Tribunal Constitucional. Muitos o interpretaram como apoio incondicional da Igreja à política do atual governo conservador, habilmente manipulado pelo poderoso Kaczynski.

Os bispos estão desorientados, também porque as revoltas estão ocorrendo em muitos lugares do país. E é preciso dizer que slogans e cartazes são "vulgares". O slogan de efeito repetido pela maioria e que aparece nas faixas é o conhecido: "F..." E outros semelhantes.

Acidentes ocorreram dentro e fora das igrejas. Na Catedral de Poznam, residência do arcebispo Gadecki que, como presidente dos bispos, não usufrui de boa reputação, um grupo de manifestantes entrou durante a missa com gritos e faixas. Várias igrejas foram pichadas com slogans a favor do aborto. Registraram-se episódios de violência.

O líder do partido no poder, Kaczynski, pediu aos jovens ativistas do partido PiS que defendessem os prédios da igreja. Alguns bispos estão agora timidamente se distanciando dos apelos do partido. E ainda há a pandemia para se inserir nessa caótica situação.

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